Até o momento, cerca de 4 milhões de pessoas foram infectadas pelo coronavírus no planeta. Destas, mais de 1,5 milhão já podem ser consideradas recuperadas da Covid-19, doença que se espalhou por mais de 180 países e foi declarada uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março.
Muitos países vêm registrando um número alto de novos casos todos os dias, o que faz com que o total de casos confirmados da doença ainda seja mais que o dobro da quantidade de recuperados. O Brasil é um dos países nessa situação, com mais de 188 mil casos confirmados e cerca de 79 mil recuperados.
Mas quando alguém pode ser considerado recuperado de Covid-19?
Contagem de recuperados
O Ministério da Saúde informa que, no Brasil, o número de recuperados considera dois critérios. De um lado, entram na conta pacientes com infecções mais graves que foram internados e passam por novos testes para identificar se o vírus continua ativo no organismo. Do outro, estão os pacientes com casos leves, que entram na conta de recuperados quando não apresentam mais os sintomas após 14 dias do início da infecção.
As autoridades sanitárias do país consideram que ainda estão em acompanhamento todos os casos notificados pelas secretarias estaduais de Saúde nos últimos 14 dias que não evoluíram para óbito. Além disso, há os pacientes hospitalizados por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) que foram internados nos últimos 14 dias e não tiveram registro de alta ou óbito no Sistema de Vigilância Epidemiológica de Gripe (SIVEP Gripe).
Sintomas pós-alta
Para grande parte das pessoas recuperadas, os sintomas da Covid-19 ficarão no passado. Mas, para uma parcela delas, ainda será preciso acompanhamento profissional. É o que explica a pneumologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Patrícia Canto. “Pacientes que tiveram poucos sintomas, com um quadro parecido com um resfriado ou uma gripe, se recuperam bem e não costumam ter nenhum problema depois desses 14 dias”, explica.
“Os pacientes com quadro mais moderado não saem dos 14 dias e voltam ao normal. Eles têm recebido alta e procurado os serviços de saúde novamente, ainda em recuperação”. A médica diz que os casos moderados são aqueles em que houve internação sem a necessidade de leitos de UTI. “O que eu tenho visto são pacientes ainda muito cansados, com relatos de falta de ar, principalmente os que já tinham asma ou alguma doença pulmonar”.
As consequências mais sérias têm sido observadas em pacientes que desenvolvem os quadros graves da doença. Nesse caso, as complicações muitas vezes vão além do pulmão durante a internação, com insuficiência renal e problemas de coagulação. “Esses vão ter um período muito mais longo de recuperação”, conta Patrícia.
Como o tempo de internação em UTI pode chegar a semanas, a necessidade de fisioterapia respiratória e motora tem sido frequente, sobretudo para pacientes idosos. O ataque do coronavírus a outros órgãos, em alguns casos, leva os pacientes graves à UTI antes mesmo da necessidade de ventilação mecânica, e a recuperação dessas partes do corpo vai demandar acompanhamento especializado após a alta.
Monitoramento
A pneumologista aconselha que os pacientes recuperados, que continuem apresentando sintomas como cansaço, busquem o serviço de saúde para acompanhamento. O retorno às atividades deve ser cuidadoso, e a prática de exercícios físicos, por exemplo, deve ser retomada gradualmente, caso não haja mais sintomas respiratórios.
“Se o Messi torce o pé e fica quatro semanas sem jogar, quando ele volta, não vai jogar os dois tempos. Ele entra nos dez minutos finais de um jogo já ganho. É por aí”, compara ela, que pede que o distanciamento social e os cuidados de higiene continuem, porque não há garantias de que pacientes já infectados possam ser considerados imunes à doença. “Permaneça na sua casa”, ressalta.
Com o crescimento do número de recuperados, a médica acredita que o acompanhamento desse grupo vai gerar uma nova pressão por serviços de saúde. “A gente vê que muitos desses recuperados são pessoas ainda com algumas sequelas e sintomas, ainda que a gente não possa ter certeza de por quanto tempo elas terão esses sintomas. Veremos um aumento da demanda”, conclui.
*Com informações da Agência Brasil
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