Coordenador da Estácio de Sá fala sobre processo de implantação do curso de medicina

Por: OCP News Jaraguá do Sul

31/05/2017 - 07:05

Foto e texto Natália Trentini

Entre fevereiro e março do ano que vem, a Estácio de Sá pretende iniciar a formação de 50 novos médicos na sede de Jaraguá do Sul. A estrutura terá pelo menos quatro laboratórios, um deles com equipamentos tecnológicos capazes de simular diferentes quadros clínicos em tempo real. As obras para que esse cenário seja possível já começaram, aponta o gestor nacional e coordenador geral do curso de medicina da Estácio de Sá, Silvio Pessanha Neto.

O cronograma apertado prevê a transformação de uma área de 5,4 mil metros quadrados, onde funcionava a antiga Gráfica Avenida, às margens da BR-280, na Tifa Monos, imediações do bairro Nereu Ramos, até setembro, para que em outubro o Ministério da Educação (MEC) realize a vistoria necessária para que a universidade abra as portas.

A Estácio de Sá já começou a receber interessados em integrar o corpo docente, que deverá incluir pelo menos 15 professores no início de 2018. A instituição também estuda a melhor forma de selecionar os alunos, processo que pode ocorrer por meio de um vestibular de medicina próprio ou sistema que considera a nota obtida no Enem.

Além da formação acadêmica, a instituição deve se integrar ao sistema de saúde pública do município para atender as exigências do edital do programa federal Mais Médicos. “Estamos falando de uma instituição que vai trazer um grande diferencial para desenvolver a saúde do município. Trazer mais especialistas e ampliar essa rede para benefícios da população”, destaca Pessanha Neto.

https://www.youtube.com/watch?v=IQjrAfbPdG4

Confira a entrevista na íntegra:

Já está sendo planejado o lançamento do vestibular para o curso?
A gente finaliza a parte física e toda a contratação de corpo docente e administrativo. Notificamos o MEC que estamos prontos para a visita, que é essa de outubro. Só depois que o MEC emite uma portaria dizendo que estamos aptos é que podemos abrir o vestibular. Então, na verdade, a previsão do vestibular não depende de nós. A partir daí, o MEC tem até três meses para emitir a portaria. A gente imagina que até dezembro consiga divulgar, fazer provavelmente no final de janeiro, início de fevereiro, para começar as aulas no fim de fevereiro ou início de março.

Quantos profissionais serão contratados?
Com o curso maturado a gente tem a previsão de contratar entre 80 a 90 professores. Fora os preceptores que vão atuar dentro dos hospitais orientando os alunos. Para o primeiro ano a gente projeta a contratação de cerca de 15 profissionais, mais ou menos, fora o corpo administrativo, há uma grande potencialidade de contratações que vão para além do corpo docente.

A intenção é buscar profissionais aqui?
A ideia é em todos os locais em que a gente está implantando o curso aproveitar profissionais da própria região. A gente começou uma pesquisa de interesse, que é um survey, é um formulário que a gente tem divulgado através da Secretaria Municipal de Saúde e também dos hospitais. Gostaríamos que fossem profissionais da região, do entorno e do Estado.

Qual a estrutura para início das atividades do curso?
O primeiro ano conta com laboratórios como de anatomia, além de professores para esses laboratórios precisamos de técnicos especializados, tem laboratório de microscopia onde ocorrem uma série de disciplinas, e tem também laboratório multidisciplinar onde tem aulas de microbiologia, imunologia, bioquímica. Um laboratório de imagenologia, de análise de exames complementares. São laboratórios básicos. E temos um laboratório, que a Estácio é referência, que é um laboratório de alta tecnologia, de habilidades e simulação, com robôs que simulam pacientes reais. O aluno pode usar medicamentos, fazer intervenções que esse robô responde como um paciente. Isso é o que tem de mais moderno em medicina no mundo e a Estácio, no Brasil, é pioneira e referência nisso. É um grande diferencial.

Quais os requisitos do edital do Mais Médicos que terão que ser cumpridos pela Estácio de Sá para abertura do curso?
O Mais Médicos trouxe duas grandes diferenças. Uma diferença é que a instituição de ensino superior que se propõe a instalar o curso, para além da graduação, tem que ter um compromisso com a pós-graduação. Ou seja, desde o primeiro ano nós temos que gerenciar, oferecer programas de residência médica, que é o que leva um médico a se especializar. São dois a três anos de especialização. A Estácio, além de abrir o curso médico, desde março de 2018 também atuará oferecendo, subsidiando e garantindo a gestão acadêmica de cinco programas de residência médica: em cirurgia geral, clínica médica, ginecologia obstetrícia, pediatria e medicina da família e comunidade. Nem teremos egressos ainda e estaremos oferecendo para médicos da região que desejem se especializar.

Como os que existem nos hospitais?
Nós temos uma vantagem em Jaraguá, nós vamos abrir hoje novos cursos em quatro municípios, e aqui já temos programas de residência estruturados. O que a Estácio vai fazer é dar suporte ao programa e ampliar.

O outro requisito…
Outro compromisso pelo Mais Médicos é que a gente ofereça um quantitativo de bolsas de 100% para um aluno que deseje cursar medicina e não tenha condição financeira, já que é uma escola privada, o edital exige que a gente ofereça um percentual dessas vagas para bolsa. Uma outra questão são as contrapartidas para o município, com base na receita, a universidade vai repassar para o município dinheiro para investir em equipamentos de saúde. O município poderá investir em três coisas: reforma de unidades de saúde, compra de equipamentos de saúde ou então contratação e capacitação de recurso humano. O percentual é 5% da receita bruta mensal.

A estrutura física que vocês estão trazendo é grande. A intenção é focar em outros cursos na área de saúde?
Isso já está planejado. Só o primeiro ano será medicina, e na sequência a gente irá ampliar para todos os cursos da área da saúde, aqueles que o município entender que é uma necessidade, fisioterapia, nutrição, enfermagem, os cursos técnicos necessários. E em uma terceira fase será analisada a possibilidade de abrir outros cursos que não sejam da área.

Como vocês avaliam o sistema de saúde de Jaraguá do Sul em comparação com as outras cidades em que existem os cursos da Estácio?
Fica claro para nós que Jaraguá conta com uma grande vantagem por ter um sistema de saúde bem estruturado, ter um número grande de equipes de Saúde da Família (ESF) e ter por equipamentos privados, como o Hospital Jaraguá e São José. A gente tem encontrado facilidade de implantar o curso aqui na cidade e um grande apoio dos gestores dos hospitais, municipais e do Estado. O diferencial é a estrutura de saúde do município que é avançada comparada aos demais municípios.