Aparentemente eles são inofensivos e estão ao alcance das mãos em praticamente todos os estabelecimentos comerciais. Restaurantes, lanchonetes, padarias ou cafés.
Os canudinhos plásticos por vezes passam despercebidos tamanha a naturalidade com que os encaramos. Mas, para as espécies marítimas eles não passam despercebidos e muito menos são inofensivos.
De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), todos os anos cerca de 8 milhões de toneladas de lixo plástico vão parar nos oceanos e os canudos representam 4% desse total. Esse lixo prejudica mais de 600 espécies e 15% estão em extinção.

Foto Eduardo Montecino/OCP News
Com esse cenário nada inofensivo dos canudinhos, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro saiu na frente no país e aprovou, na última semana, uma lei que proíbe o uso de canudos plásticos em bares, restaurantes e quiosques da cidade.
A implementação depende agora da sanção do prefeito Marcelo Crivella. Em Santa Catarina, Florianópolis começa a discussão de lei semelhante.
Pouca discussão em Jaraguá do Sul
Segundo o presidente da Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul, Anderson Kassner, ainda não há nenhum projeto tramitando neste sentido no municípios, mas ele ressalta a importância de discutir e analisar ações que tenham como objetivo a preservação do meio ambiente.
Na prática, a utilização de canudinhos plásticos é, para o caixa Guilherme Santana, um luxo. Segundo ele, que já trabalhou em diversos comércios no município, as pessoas que ainda utilizam o canudinho o fazem por comodismo e “costume”.
“Não é uma necessidade, já trabalhei em outros restaurantes e muita gente não usa. Se não tiver na mesa e o garçom não oferecer, as pessoas não usam”, ressalta.
Segundo ele, na padaria em que trabalha no Centro da cidade, são cerca de 40 canudinhos utilizados diariamente e esse número poderia ser ainda menor.

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Para ele, pode parecer pouco e um detalhe, mas a eliminação do uso pode fazer uma grande diferença. “É completamente desnecessário, estamos poluindo cada vez mais, se não tiver, não vai influenciar”, avalia.
Para ele, falta conhecimento da população a respeito da quantidade de canudos que acabam virando lixo e o quanto isso impacta no meio ambiente.
Por serem feitos de plásticos polipropileno e poliestireno, os canudinhos não são biodegradáveis e podem levar mais de 450 anos para a completa decomposição.

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Assim como Guilherme, Jaciel Matheus Chiari, proprietário de uma pastelaria no Centro, também concorda com a proibição, embora disponibilize canudinhos no seu estabelecimento.
“Eu sou favorável a proibição e acredito que assim o cliente acaba por aderir também. Tudo que é melhor para a nossa cidade, por que não realizar? Assim, acabamos sendo forçados a pensar em alternativas”, ressalta.
Na pastelaria, são cerca de 300 canudinhos utilizados todos os dias. Para Chiari, hoje o maior impedimento para substituir os tradicionais canudinhos de plásticos é o custo de produtos reutilizáveis.

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“Para mim hoje, além do valor ser superior, a oferta de produtos alternativos também seria um impeditivo”, afirma. Para ele, caso a proibição “pegue” no país, o custo pode diminuir e a oferta aumentar por opções alternativas, como os canudinhos de papel, silicone, vidro, metal, bambu e palha.
Para Angela Barichello, proprietária de um restaurante no Centro da cidade, o custo também acaba se tornando um obstáculo para a substituição, embora o estabelecimento já tenha realizado uma campanha “modesta” para conscientizar os clientes a não usar os canudinhos.
“Tentamos fazer um tempo atrás uma campanha modesta, com cartazes e estimulando os clientes a não usar. Até paramos de levar o canudinho com as bebidas e, embora eles tenham elogiado a iniciativa, não pararam de pedir”, conta.
Fujama aposta em educação ambiental nas escolas
O município está um pouco distante do oceano, mas para Christian Raboch Lempek, chefe de educação ambiental da Fujama, a discussão em torno do lixo plástico é fundamental em longo prazo.
Para ele, que é completamente favorável a proibição e vê com bons olhos os projetos apresentados em outros municípios brasileiros, é necessário investir em educação ambiental nas escolas para conscientizar as crianças, adolescentes e jovens sobre o impacto que um “simples” canudinho pode ter sobre a vida marinha.
“É um material poluente que ao cair no mar demora muito tempo para degradar. Ele consegue entrar em vias aéreas e no estômago dos animais. No estômago ele dá a sensação de saciedade fazendo com que os animais, inclusive, morram de fome”, explica.
Ressaltando a importância de procurar opções alternativas, como o canudinho de papel degradável, Lempek conta que as palestras realizadas pela Fujama abrangem todos os resíduos, explicando aos alunos que o que é descartado aqui pode parar no oceano e o impacto acaba refletindo muito anos depois com a não degradação deste material.

Foto Eduardo Montecino/OCP News
Além disso, o chefe de educação ambiental chama atenção ainda para a matéria-prima do plástico: petróleo.
“O plástico é feito de petróleo e é sempre bom lembrar que, além de todo o impacto ambiental causado pelo plástico, o petróleo é um recurso natural limitado”, finaliza.
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