Por Ana Paula Gonçalves
Ao se aposentar, muitas pessoas se sentem frustradas por não encontrarem uma atividade que mantenha o corpo e a mente sãos. Isoladas e sem propósito, podem acabar em depressão ou desenvolver outras doenças, considerando-se velhas demais para buscar nova ocupação que traga alegria, momentos de lazer e até nova fonte de renda. Para muitas mulheres do bairro Amizade, em Jaraguá do Sul, essa não é a realidade. Elas encontraram no artesanato mais do que um passatempo.
Fundado em 1995, o clube de mães do bairro tem 25 integrantes que buscam se manter ativas e realizadas por meio do trabalho que escolheram como hobby ou profissão, e que ainda ajuda no orçamento familiar. Reunidas todas as quartas-feiras nas dependências do salão da Sociedade Desportiva Recreativa Amizade, elas confraternizam e ensinam técnicas variadas umas às outras, sempre com um propósito maior: a qualidade de vida. “O grupo nos mantêm ocupadas, trocando experiências, convivendo, ensinando e aprendendo técnicas. Aqui, cada uma contribui com alguma coisa. Para nós, isso é vida”, descreve Edite Petry, de 63 anos, uma das fundadoras do clube.

Alida Borchers, de 73 anos, diz que o clube vai além da prática do artesanato, que inclui técnicas como crochê, pintura, bordado e costura. “É a confraternização, a amizade. Lá se vão 22 anos juntas e sempre nos dando muito bem. Uma ajuda a outra com os trabalhos, não somos concorrentes”, enfatiza.
A atual coordenadora, Ires Hildebrandt Del Mestre, 53, destaca que muitas integrantes do clube são atuantes na comunidade e voluntárias em diversos outros serviços. “O nosso grupo é um dos que apresenta um trabalho artesanal mais diferenciado e variado. Nós procuramos nos reciclar e aprender novas técnicas, mas também estamos engajadas em outros meios e atividades voluntárias”, diz.
Os trabalhos manuais são comercializados em casa, na sede da Associação dos Clubes de Mães, localizada no Centro de Jaraguá do Sul, e em feiras. O grupo também promove o lazer entre as integrantes, como a tarde de bingo, uma vez ao mês. “É um momento de diversão, onde cada uma traz um brinde para ofertar”, conta.
Participantes usam técnicas variadas nos trabalhos que produzem e comercializam | Foto Eduardo Montecino
Ires revela que muitas mulheres venceram a depressão com a ajuda do clube. “Quem está aqui conosco não fica pensando em doenças e problemas. Além disso, compartilhamos experiências umas com as outras. Quando alguém aborda um tema de interesse, quem se interessa já vai se inserindo na conversa. Funciona como uma terapia”, relata.