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Caminhada em nome da fé leva sete mil fiéis para o Rio Molha em Jaraguá do Sul

Por: Luiz Carlos Prates

15/04/2017 - 07:04 - Atualizada em: 15/04/2017 - 16:23

Por: Heloísa Jahn

Sem barulho de carros e motos, apenas o som dos passos e vozes que rezavam na mesma sintonia. Acordar cedo em pleno feriado não é e nunca foi um lamento para os fiéis que anualmente participam da via-sacra na barra do Rio Molha. Com disposição e o coração aberto para agradecer, eles madrugaram e nesta sexta-feira (14), às 5 horas, encararam a subida de cerca de 3,5 quilômetros relembrando os últimos passos de Jesus.
Entre pregações, reflexões e orações coletivas e individuais, as cerca de sete mil pessoas — segundo estimativa dos organizadores — se colocaram no lugar de Cristo. Durante a caminhada, os participantes passaram pelas 15 estações — que trazem imagens da subida no calvário, das quedas, da crucificação e da ressurreição do filho de Deus. O ponto final era a Comunidade Nossa Senhora do Rosário.

Quem acompanhou todo o trajeto e estava à frente do grande grupo, foi o casal Ederson Tomaselli e Vanessa Piangers. Moradores do bairro Rio Molha, os dois trataram de acordar cedo para não perder a procissão, assim como fizeram em anos anteriores. “É um momento que tiramos para esvaziar a mente e um dia de muita reflexão. Além do agradecimento por tudo que temos”, enfatiza o ferramenteiro.
Aliás, essa é uma tradição e um ensinamento que eles pretendem passar para os filhos, que ainda são muito pequenos para participar do longo trajeto. “Hoje em dia as pessoas esquecem do verdadeiro significado da Páscoa e do que esse dia representa. Acho importante resgatarmos isso”, completa a costureira.

Subida morro santa molha - em (3)

Além da própria fé, os participantes estavam munidos de velas, rosários, bíblias e livros de liturgia. Para o mestre de obras Júlio César Brites, isso representa a luz que deve ser passada para outras pessoas. “Esse é o momento de refletirmos, olhar para nós mesmos e observar onde estamos errando. Gosto também desses momentos para poder ouvir e levar essas reflexões (propostas ao longo da via-sacra) para outras pessoas que não puderam estar aqui”, enfatiza.

O pároco da igreja matriz São Sebastião, Diomar Romaniv, reitera a importância desse momento. “É uma manifestação de fé que mostra a dimensão religiosa do povo, mas ao mesmo momento é um exercício penitencial, de caminhar e rezar, recordando de tantas pessoas que sofrem”, enfatiza. Ele também conta que durante a caminhada foram feitas orações pela Campanha da Fraternidade 2017, que neste ano convoca os católicos a proteger os biomas do país. “O bonito também é ver pessoas de diferentes paróquias e até mesmo de outras cidades que vem para cá para participar dessa tradicional via-sacra. E isso não só de madrugada, mas ao longo de todo o dia”, completa.

Momento de agradecer, sem restrições

Mesmo ainda se recuperando de um machucado, a zeladora Gertrudes Mueller não deixou de comparecer à via-sacra. Munida de velas e emocionada, ela tratou de cumprir uma promessa e dizer um “muito obrigada”. “O mais importante de tudo é ter saúde, paz e amor e esse é o momento de agradecer a Deus pelas bênçãos recebidas”, afirma.

Além de marcar um período importante para a Igreja Católica e contar com participantes de comunidades de toda a cidade, a data é compartilhada com afeição por fiéis de outras igrejas. Mesmo sendo membro da Igreja Luterana, a auxiliar de produção Andréia Fischer não deixa de participar da procissão. “Quase sempre participo porque gosto de viver esse momento que é de compartilhar, de sentir na pele o que Jesus Cristo passou por todos nós. Uma pena é hoje termos pessoas tão egoístas que não se dão conta disso”, afirma. Para ela, é importante se colocar no lugar do outro e sempre agradecer pela vida.

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.