O aumento das passagens de ônibus em Joinville passa a valer nesta segunda-feira (9). Tanto a passagem antecipada quanto a comprada no embarque terão acréscimo de R$0,10 no valor da tarifa. Os usuários do transporte coletivo passarão a pagar R$4,50 na compra antecipada e R$4,90 na compra embarcada.
Os novos valores vêm depois de decisão judicial que impediu o reajuste da tarifa em valor inferior ao cálculo técnico das empresas que prestam o serviço de transporte público na cidade. Segundo a decisão, os valores das passagens não poderiam ser definidos em negociações abaixo dos cálculos técnicos das empresas concessionárias.
O cálculo da tarifa, de acordo com as empresas, leva em conta todos os custos que envolvem o sistema. Desde o preço dos ônibus, do combustível, da manutenção até o custo da mão de obra. Outro aspecto é a quantidade de passageiros – que têm diminuído consideravelmente na cidade.
O aumento fora de época veio porque o reajuste aplicado no início deste ano não seguiu a planilha de custos. De acordo com Alcides Bertoli, gerente operacional da Passebus, os novos valores de R$4,50 e R$4,90 ainda são referentes à planilha de custos de 2018, que formou o preço das passagens para 2019.
“Esse preço já tinha sido apontado anteriormente. O que acontece é que foi reajustado em um valor inferior, e a gente imaginava que poderia trabalhar para reduzir os custos a ponto de suprir esse valor, mas isso não aconteceu”, explica Alcides Bertoli.
O gerente da Passebus explica que, para manter o valor abaixo da planilha, seria necessário diminuir o tamanho do sistema, o que não é possível.
“A cidade está mais lenta, tem muito mais carros andando na cidade, o que me obriga a ter mais ônibus”, explica. “Há cinco anos, a média de velocidade no trânsito era de 23Km/h. Hoje, é de 16Km/h”, afirma Alcides Bertoli.
Queda no número de passageiros
Segundo a Passebus, o número de passageiros no transporte coletivo em Joinville tem diminuído consideravelmente nos últimos anos. Desde 2012, o sistema já registrou perda de 24% de passageiros. O número caiu de 36 milhões de passageiros anuais para 30 milhões.
“Essa diminuição de passageiros tem alguns fatores. O principal é a mobilidade, porque se você fica muito tempo parado no trânsito, é natural que opte pelo carro em vez do ônibus, pela questão da individualidade e do conforto”, opina o gerente operacional da Passebus, Alcides Bertoli.
A adesão aos aplicativos de transporte, como Uber e 99, acentuou a queda no número de usuários do transporte coletivo, que vem caindo há anos, aponta Bertoli.
Além do conforto e da segurança desses serviços, eles oferecem a possibilidade de fazer caminhos alternativos, “fugindo” um pouco do trânsito, algo que o ônibus não pode oferecer, já que tem o trajeto e as paradas preestabelecidas.
Usuários insatisfeitos
Com uma das passagens embarcadas mais caras de Santa Catarina – Joinville só está atrás de Jaraguá do Sul, onde o custo é de R$5 -, o transporte coletivo da cidade é alvo de constantes reclamações dos usuários do sistema. Entre as maiores queixas estão a lotação dos veículos, a falta de conforto e o custo da passagem.
“Os usuários têm razão de reclamar”, admite o gerente operacional da Passebus, Alcides Bertoli. “Melhoramos a qualidade dos ônibus, todos os novos veículos têm ar-condicionado, mas ainda é insuficiente”, aponta.
Para o gerente, o principal aspecto a ser melhorado é a velocidade no trânsito, que está cada vez mais lenta. “Estamos trabalhando em conjunto com o Poder Público na questão da mobilidade. Corredores de ônibus já foram melhorados e isso ajuda”, avalia Bertoli.
Outra reclamação frequente dos usuários nos terminais é que a frota de ônibus nos horários de pico é insuficiente. Bertoli admite que nos períodos de maior movimento é difícil cumprir os horários do transporte, mas argumenta que colocar mais ônibus não resolveria o problema.
“Colocar mais ônibus não resolve, porque ele vai continuar na rua, parado no trânsito. Mesmo que todos os usuários estivessem sentados, o que geraria mais conforto, isso encareceria todo o sistema e a passagem ficaria mais cara”, aponta Bertoli.
Para o coordenador, o que efetivamente resolveria esse problema seria uma melhor condição de trafegabilidade, ou seja, poder andar mais rápido na cidade, com o trânsito fluindo.
A Prefeitura já anunciou que tem estudado alternativas para impactar positivamente na mobilidade da cidade. Uma delas é o uso da ferramenta do Waze For Cities, utilizada com o objetivo de promover melhorias no trânsito.
Em Joinville, uma das alternativas encontradas foi a implantação do corredor de ônibus na rua 9 de março, que reduziu o trajeto do transporte coletivo de 30 minutos para 7 minutos.
A Prefeitura tem uma listagem de outros oito entroncamentos, desde a avenida Santos Dumont até a Zona Sul, que visam combater os gargalos no trânsito.
Receba as notícias do OCP no seu aplicativo de mensagens favorito:
Telegram
Facebook Messenger