Após anos de queda, comércio está esperançoso pela páscoa

Por: Pedro Leal

10/03/2018 - 14:03 - Atualizada em: 11/03/2018 - 14:25

A páscoa está se aproximando, e com isso o comércio de chocolates se aquece para as vendas do período festivo. Depois do período de retração nos últimos anos, ainda há uma expectativa cautelosa para o período. No ano passado, as vendas de páscoa brasileiras caíram 38% em volume, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). Desde 2015, as vendas caíram mais de 50%.

A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) não tem ainda projeções para as vendas pascoais, mas com o reaquecimento do mercado, as perspectivas são otimistas. “Assim como a expectativa de vendas para 2018 é maior do que nos últimos anos, na Páscoa não deve ser diferente e a venda de chocolate também deverá aumentar”, conta o presidente da entidade, Gabriel Seifert. A procura tem sido mais intensa pelos chocolates, mas segundo o empresário, há uma mudança no padrão de consumo para a época.”Temos também movimento no resto do comércio e é comum o chocolate ser substituído por outros presentes”, explica.

Na rede Giassi, a previsão é de um aumento de 15 a 18% nas vendas para o período de páscoa. “Estamos bem abastecidos e temos boas expectativas para a páscoa, levando em conta que este ano a páscoa caiu em uma data não tão favorável”, conta o subgerente da unidade Jaraguá do Sul, Paulo Roberto Scheidt. Ano passado, a páscoa caiu no dia 16 de abril. Agora, com a páscoa no dia 1º, antes do dia do pagamento, há uma tendência a compras mais cautelosas.

“A economia está melhorando e as vendas estão crescendo. Mesmo com esse fator, a projeção é melhor do que a de 2017, ainda estamos no começo do período, com otimismo”, ressalta. Segundo o subgerente, além dos ovos, há uma procura considerável por outros presentes pascais, como as columbas pascais, kits prontos e caixas de bombons. “O consumidor está se afastando um pouco dos ovos, que ainda são o principal”, explica.

Preços intimidam, mas chocolate é obrigatório

Segundo Venésio Hornburg, gerente do supermercado Frontal, como a páscoa caiu no dia 1º de abril,a procura ainda é tímida. “As pessoas ainda estão sobrecarregadas com as despesas de volta as aulas e os gastos do mês, vão acabar deixando tudo para a última hora”, conta. De acordo com o gerente, o consumidor tem aguardado as promoções de páscoa – quando não os descontos pós-páscoa – para comprar o chocolate, em parte devido aos preços elevados.

De acordo com Hornburg, com os preços praticados pelas fabricantes, acaba saindo mais em conta para o consumidor optar por comprar barras ou bombons. “Um ovo de 450g chega perto dos R$ 50, enquanto comprar o mesmo em barras custa cerca de R$ 15”, explica. Na opinião do varejista, são esses preços que acabam levando clientes a esperarem para a última hora – quando os distribuidores abaixam os preços em promoções. “O comércio estragou o cliente”, comenta.

Apesar da alta dos preços, o chocolate ainda é obrigatório para a data, acredita a aposentada Luzia Reinert. Escolhendo presentes para os netos, ela ressalta que os pais deles não querem que se dê muito chocolate para as crianças. “Eles não querem que eu dê algo muito grande, mas não dá para não dar presente”, diz. Para ela, os preços estão bons, mesmo tendo subido nos últimos anos. “A páscoa é chocolate, não tem jeito”, conta.

Além das grandes redes, há a opção artesanal

Equipe da Luzia Chocolate Artesanal prepara delícia exclusivas | Foto Eduardo Montecino/OCP

Para quem se intimida com os preços elevados nos supermercados e lojas de departamento, ou deseja um produto mais “caseiro” e humanizado, há sempre a opção de chocolates artesanais, como os confeccionados por Luzia Xavier da Rosa, da Luzia Chocolate Artesanal. Segundo a confeiteira, o período é um dos mais aguardados do ano para o setor. “É uma época melhor até do que as vendas de Natal, com um aquecimento significativo nas vendas”, explica.

De acordo com a chocolatier, a procura pelos chocolates artesanais ainda está lenta, mas já está se aquecendo. “O que temos aqui não se encontra em nenhum outro lugar, trabalhamos com chocolate belga por um preço que não se acha no mercado daqui”, conta, retrabalhando o chocolate importado e difícil de encontrar.

Mesmo com o chocolate importado, os preços são mais amigáveis do que os de marca: um ovo de 200g na loja custa R$ 15,00, com os de 300g sendo vendidos por R$ 23,00 e os de 440g por R$ 35,00.

A procura maior tem sido por ovos, mas outros tipos de chocolate, como cestas, corações e coelhos também tem tido procura significativa. A loja também trabalha com chocolates diet e sem lactose por encomenda. “Temos ovos de personagem, fazemos ovos por encomenda, trabalhamos com peças lindas que não se encontra em outro lugar, com preços excelentes”, comenta, orgulhosa.