Aos 111 anos, Colégio Evangélico Jaraguá vai passar por grande restauração

Restauro iniciou em 2017 e previsão é que seja concluído em março de 2019 | Foto: Edu Montecino/OCP News

Por: Elissandro Sutil

03/10/2018 - 05:10

Parte da história de muitos jaraguaenses e do próprio município está impressa em cada pedacinho da construção que já deixou o centenário para trás.

Aos 111 anos, a Escola Jaraguá ou Colégio Evangélico Jaraguá  ajudou a construir o município e, não é à toa que hoje, muitos avós e pais que passam pelo pátio da Comunidade Luterana Apóstolo Pedro, voltam os olhos e a atenção ao prédio que continua imponente.

Para que essa memória esteja presente entra as futuras gerações, o projeto de restauro do prédio inaugurado em 1907, finalmente, saiu do papel.

Os desenhos e discussão do projeto iniciaram ainda em 2014, mas foi em meados de junho do ano passado que as obras iniciaram na escola, conta a secretária executiva da Comunidade Luterana Apóstolo Pedro, Lorena Schaffer Rowe. A previsão para conclusão é para daqui a seis meses, em março de 2019.

Ela explica que a aprovação do projeto se arrastou devido às exigências feitas com relação a preservação da estrutura original do prédio.

Além disso, por ter particularidades em sua arquitetura, encontrar uma equipe de trabalho qualificada para o restauro não foi tarefa simples, afirma Lorena.

“Não é um tipo de trabalho com muita oferta de mão de obra”, comenta.

Com investimento aproximado de R$ 500 mil, a restauração do prédio  só foi possível graças às doações da comunidade luterana e de empresários jaraguaenses, que estão arcando com mais de R$ 460 mil.

Segundo Lorena, pouco mais de R$ 30 mil, utilizados para a drenagem e isolamento, são oriundos de projeto junto a Prefeitura. O restante do valor foi levantado pelas doações.

“A ligação que as pessoas tem com o local com certeza acabou motivando as doações. Os pais circulam por aqui e contam para os filhos: ‘ah, eu estudei aqui’. Então tem uma história de quem estudou ali e eles acham interessante restaurar porque lembram com carinho da história que começou ali”, analisa.

“Os empresários respeitam a história e querem ajudar a fazer isso bonito de novo e, não precisariam investir dinheiro nisso, mas eles querem preservar porque é parte da história de Jaraguá”, completa.

Escola Jaraguá foi inaugurada em 28 de julho de 1907 | Foto: Acervo Arquivo Histórico de Jaraguá do Sul

Depois de recuperar o telhado, as obras de restauro agora estão na fase da pintura, conta Lorena. “Os trabalhos agora estão na limpeza das paredes e nos próximos dias começa a parte da pintura externa”, explica.

O restaurador Paulo Matile trabalha com cuidado para remover as camadas de tinta que se acumularam ao longo dos anos para depois refazer a pintura conforme a coloração original.

A previsão é de que as obras encerrem em março e, ao invés das três salas de aula que ocupavam o prédio, ele será utilizado para atender a comunidade, com auditório, sala de ensaio de canto e administração.

Importância de preservar a identidade do município

São mais de 110 anos e em cada canto, em cada centímetro do piso de madeira, há fragmentos da história de moradores e da história de Jaraguá do Sul. Para a historiadora Silvia Kita, a preservação de uma edificação como essa é fundamental para que as pessoas possam visualizá-lo não apenas como um prédio, mas como um fato histórico do município.

Ela ressalta que os espaços arquitetônicos preservados são também locais para rememorar eventos e trazer a memória dos fatos que aconteceram em uma determinada época.

“Muitas vezes a gente precisa desse visualizar. O patrimônio cultural brasileiro é formado por diversas facetas e são diversos suportes para essa memória. É através de tudo isso que se constrói um relato histórico”, explica.

Para Silvia Kitta, é fundamental preservar edificações e seus projetos construtivos | Foto: Acervo Arquivo Histórico de Jaraguá do Sul

Além disso, Silvia enfatiza a importância de preservar a arquitetura. “É importante por essa visualização da edificação e da forma construtiva dela, dos detalhes que tinha na época, os processos construtivos que eram diferentes, o material, o olhar diferenciado”, diz.

Silvia chama a atenção ainda para o peso que o prédio tem para o município e como não preservá-lo poderia representar uma perda de identidade.

“Ele faz parte de um contexto histórico da cidade e tirar isso é como tirar parte dessa história. A demolição de uma edificação faz com que você perca essa identidade”, finaliza.

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