Presidente do Juventus avalia temporada como péssima em campo e boa fora dele

Foto Eduardo Montecino/OCP

Por: Lucas Pavin

20/09/2017 - 10:09 - Atualizada em: 20/09/2017 - 17:14

Um ano péssimo dentro de campo e positivo fora dele. Foi desta forma que o presidente do Juventus, Sergio Luiz Meldola, avaliou a temporada do clube que fechou sua participação na Série B do Campeonato Catarinense no último fim de semana. Em entrevista ao jornal O Correio do Povo na manhã de terça-feira (19), lamentou a decepcionante penúltima colocação do Tricolor no Estadual, mas exaltou o trabalho realizado pela atual gestão que terminou a competição sem acumular dívidas, um ponto que assombra o clube há décadas.

A falta de recursos suficientes para montagem de um elenco mais experiente foi o principal motivo elencado por Meldola para equipe mudar o objetivo dentro do torneio, deixando o acesso de lado para brigar contra o rebaixamento até as rodadas derradeiras. Apesar dos investimentos modestos no time, a diretoria cumpriu uma das metas estipuladas em janeiro de fechar a Série B sem novos dividendos para já começar o planejamento para 2018.

“Tínhamos o objetivo de subir, mas tivemos problemas na captação de recursos e fizemos um time conforme o nosso orçamento. Montamos um elenco barato e com boas peças, mas não conseguimos os resultados dentro de campo e tivemos uma campanha muito ruim. Porém, terminamos o campeonato com as contas em dia, sem nenhuma dívida com os jogadores, o que é primordial na nossa gestão”, disse.

Além disso, o presidente juventino abriu o jogo sobre as dívidas da agremiação que giram em torno de R$ 3,2 milhões, acumuladas desde a década de 90. Segundo ele, as más administrações anteriores acabaram prejudicando a imagem do Moleque Travesso, que vem sendo resgatada com o passar do tempo, mas requer um trabalho de médio a longo prazo que já está sendo executado pela nova cúpula.

“Quando assumimos o clube em maio do ano passado muitas empresas nem queriam receber o Juventus. Mas com um trabalho muito sério e de pés no chão estamos mudando isso para que o clube volte a ter credibilidade junto a comunidade. A dívida é grande, mas estamos trabalhando arduamente para diminuir e zerar esse déficit daqui alguns anos. Terminar o segundo ano consecutivo sem nenhum passivo já é um grande passo e um ponto muito importante para nós”, destacou Meldola

Confira os principais trechos da entrevista

O que faltou para o acesso?

“O principal foi a falta de dinheiro. O Concórdia (um dos semifinalistas), por exemplo, tem uma folha mensal de R$ 70 mil a 80 mil e o nosso foi de R$ 15 mil. Então era muito difícil chegar. Mesmo assim, tínhamos esperança de brigar pelo acesso ou melhor do que foi com os nossos jogadores, mas pecamos na parte tática e técnica. A diretoria também errou em alguns pontos por ser nova e estar aprendendo algumas coisas. Quando começamos a montar o time no mês de maio trabalhamos em cima de um limite no caixa. Mas tiramos lições de muitas coisas e vamos nos fortificar ainda mais para poder subir no ano que vem.”

Pontos negativos e positivos da diretoria

“Acredito que poderíamos ser mais corajosos para trazer mais torcedores ao estádio. Erramos em fazer um time mais modesto, não que os jogadores sejam ruins, mas faltou muita experiência no grupo. Por outro lado não poderíamos arriscar de endividar o clube ainda mais e isso foi um acerto. Alguns atletas se destacaram, mas muito jogaram pela primeira vez um campeonato como profissional. No próximo ano queremos, pelo menos, pegar mais jogadores acima de 21 anos, já que muitos em 2017 tinham 17, 18 e 19. Lógico que nomes como Max, Paulinho e Dida fazem a diferença, mas temos que criar um corpo dentro do Juventus e estamos trabalhando para isso. A nossa diretoria é nova e vai aprendendo com os erros, mas sempre tentando fazer o melhor pelo Juventus. Com certeza tiramos muitas lições para levar para o ano que vem, quando pretendemos errar o mínimo possível e ter um 2018 muito melhor.”

Projetos até dezembro

“Estamos trabalhando desde o início do ano para apresentar algumas novidades que vão aparecer nos próximos meses como a mudança do estatuto, que estava muito antigo e totalmente fora do padrão de outros clubes brasileiros, além de implantar uma base própria do Juventus. Queremos montar equipes Sub-15, Sub-17 e Sub-20 e daremos mais detalhes daqui pra frente. No momento, estamos buscando patrocínios para esse projeto que pode render grandes frutos ao clube”

Dívidas

“Estamos negociando as dívidas. De 2011 para cá só de trabalhistas foram quase R$ 1,5 milhões e tem mais de outras décadas, como a parte de INSS, fundo de garantia e tudo mais, que gira em torno de R$ 1,7 milhões. Para um clube do nosso porte é uma dívida muito grande, mas essa diretoria vem trabalhando para diminuir esse déficit e ter a CND (Certidões Negativas de Débitos) na mão para poder realizar projetos sociais, ter apoio e voltar a crescer. Muita gente fala que o Juventus fez mal a diversas pessoas, mas foram outras administrações que erraram e estamos batalhando para rever toda essa situação. É o segundo campeonato que estamos saindo sem aumentar o passivo. Precisamos da credibilidade da comunidade, empresários, jornalistas e todos que gostam do Juventus, porque estamos fazendo um trabalho sério e de médio a longo prazo.”

2018

“Aprendemos bastante com os erros de 2017 e prometemos voltar mais fortes para 2018. A diretoria se reuniu com 11 membros na noite de segunda-feira (18) para já começar a projetar o ano que vem. Não queremos ganhar dinheiro com o clube e sim promover um espetáculo. Jaraguá do Sul merece um clube profissional representando a cidade e esse clube é o Juventus por toda sua história e tradição. Temos que agradecer muito aos nossos patrocinadores que confiaram no nosso trabalho esta temporada e acreditamos que a projeção de melhora econômica do país reflita no Juventus, com a chegada de novos apoiadores em 2018. Vamos criar alternativas para que as empresas tenham segurança em investir no clube, nos tornando ainda mais fortes para a disputa da Série B. A atual temporada foi melhor estruturada do que ano passado, principalmente na parte administrativa, mas ano que vem esperamos muito mais.”