No ano passado, Jaraguá do Sul viu o casal Iara e Ronaldo Fructuozo anunciar a aposentadoria após mais de duas décadas de serviços prestados a natação. Agora, mais um profissional interrompe uma trajetória de sucesso no esporte da cidade.
Símbolo de uma era vencedora e histórica do voleibol jaraguaense, Luiz Carlos Rodrigues da Silva, mais conhecido como ‘Kadylac’, encerrou o casamento de 17 anos vinculados ao projeto Evoluir para seguir carreira no Flamengo, do Rio de Janeiro.
A decisão não foi das mais simples, é claro, afinal de contas, tudo que Kadylac construiu na modalidade veio através do município ao Norte catarinense. Por aqui, criou um legado.
Ajudou a transformar Jaraguá em uma das potências do estado e com reconhecimento a nível nacional, conquistando mais de 30 títulos, formando grandes talentos ao profissional e acumulando feitos pessoais como ser convocado para seleção brasileira.
Porém, o ciclo vitorioso chega ao fim. A proposta financeiramente mais vantajosa, mas principalmente contemplada com a oportunidade de tornar o clube mais populoso do Brasil em uma referência, tanto na base como no adulto, pesou na decisão.
No rubro-negro carioca, o profissional de 38 anos será técnico de duas equipes femininas e vai acompanhar o masculino infanto e juvenil até o fim de 2019.
A partir do ano que vem, inicia o projeto para formação do adulto masculino, visando participação na Superliga, como já acontece no feminino.
“Espero conseguir colocar em prática tudo que desenvolvi em Jaraguá do Sul e tornar o Flamengo uma referência no esporte de base e com uma equipe adulta competitiva. É um desafio grande, mas com um trabalho diário e a ajuda dos profissionais que estão no clube temos condições de desenvolver essas metas”, destaca.
Apesar da dolorida saída pelas raízes criadas na cidade, ele deixa o voleibol jaraguaense com a sensação de dever cumprido.
“Juntamente com o Benhur Sperotto (idealizador do projeto Evoluir), planejamos uma ação para colocar Jaraguá no cenário estadual e conseguimos fazer isso a nível nacional, tanto na competitividade como na formação de atletas. Então saio com a sensação de dever cumprido”, declara.
Atleta da geração de 1998, Diego de Souza Araújo Gasparino assume o cargo deixado por Kadylac e comandará as equipes masculinas Sub-17 e Sub-19.
“(O Diego) É um profissional que tem condições de tocar o trabalho, juntamente com outros profissionais para manter o voleibol de Jaraguá do Sul competitivo”, comenta.
História em Jaraguá do Sul
A relação de Kadylac com Jaraguá do Sul iniciou muito antes dele virar treinador efetivo da base em 2003. Foi precisamente em 1994, quando deixou Nilópolis (RJ), sua cidade natal, ainda atleta, para participar dos Jogos Escolares pelo Colégio Homago.
Com o bom desempenho na competição, logo foi captado para as equipes de rendimento, onde atuou até 1998, quando decidiu parar de jogar para começar a faculdade de Educação Física em Blumenau e conciliar estágio na extinta Fundação Municipal de Esportes de Jaraguá.
Cinco anos depois, retornou de forma definitiva ao município como treinador do vôlei masculino, cargo que exerceu nos últimos 17 anos, passando pelas categorias Pré-Mirim, Mirim, Infanto e Juvenil.
Agora, mesmo longe de Jaraguá, ele ainda carrega o sonho de ver a cidade formando uma equipe adulta.
“Isso depende muito de uma gestão pública privada do desporto. Hoje, a cidade ainda vive um momento muito centrado na base e criando uma cultura esportiva, que é muito importante. Acredito que na próxima década possa se tornar uma cidade com equipes adultas em várias modalidades, como o voleibol que seria um sonho”, afirma.
Conquistas marcantes
O propósito inicial sempre foi fomentar a base e revelar grandes talentos para o voleibol. Mas isso não significa que a passagem de Kadylac por Jaraguá do Sul tenha faltado títulos. Pelo contrário.
Durante 17 anos como técnico, ele levou a cidade a 34 conquistas. Citar momentos que marcaram uma trajetória longa e repleta de capítulos especiais é difícil, mas o treinador fez um esforço para citar três.
Começando em 2007, com a taça do Campeonato Brasileiro de Seleções que teve quatro jaraguaenses representando Santa Catarina.
Três anos depois, o primeiro Joguinhos Abertos que chegou para consolidar o projeto Evoluir, e a Taça Paraná de 2013, o principal campeonato de base do país.
Isso sem contar os 12 estaduais, divididos em todas as categorias, e o total de sete competições da Fesporte, com o pentacampeonato dos Joguinhos e bi da Olesc, que o transformam em um dos grandes responsáveis pela evolução do voleibol jaraguaense.
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