Um dos principais talentos do basquete de Jaraguá do Sul no século, Julia Schmauch encerrou precocemente a carreira. Aos 24 anos, a agora ex-atleta, com passagens por grandes clubes do Brasil, anunciou recentemente que está aposentada da modalidade na categoria profissional.
Em entrevista ao OCP, a ala afirmou que a decisão foi tomada pela estagnação do esporte no país, principalmente pela falta de apoio.
“O basquete sempre foi minha grande paixão, mas, infelizmente, o esporte no Brasil, especialmente o feminino, está estagnado. A falta de incentivo, apoio e patrocínio tem consequências além das quadras. Ultimamente, passei a enxergar o esporte sob outra perspectiva e sinto que posso contribuir mais ocupando outra função dentro dele”, disse.
E essa função já está definida. Julia é estudante de Educação Física e pretende começar a trabalhar como técnica nesta temporada, em São Paulo, onde jogou pela última vez com a camisa do Corinthians.
“É apenas uma mudança de ares dentro do esporte. Meu objetivo é ser uma técnica formadora e uma professora capaz de transformar vidas através do esporte. Ainda tenho muito a aprender e estudar, já que ter sido atleta por si só não faz grandes técnicos, mas agora levo a dedicação e paixão que tive em quadra pra fora dela”, afirmou.
Descoberta no polo de basquete desenvolvido na escola Anna Towe Nagel, Julia Schmauch jogou até os 14 anos na base de sua cidade natal, onde conquistou inúmeros títulos estaduais, troféus de cestinha e convocações para seleções catarinense e brasileira.
Depois, defendeu a ADC Bradesco por cinco anos e se transferiu para o Sesi Araraquara em 2020 para fazer sua estreia na categoria adulta e na LBF (Liga de Basquete Feminino). No ano seguinte, vestiu as camisas da LSB e novamente da ADC Bradesco.
Em 2022, jogou pelo Ituano, depois por Campinas e Pró-Esporte, em 2023, antes de fazer a última temporada da carreira pelo Corinthians no ano passado.
“Conversando com pessoas que não foram atletas eu consigo enxergar o quanto minha vida foi diferente e única por conta do esporte. Abrir mão de uma juventude tradicional nunca foi um peso pra mim, pois o respeito e amor pelo jogo sempre tornaram fáceis essas escolhas. Hoje eu consigo ver que o basquete me deu muito mais do que tirou. Através do esporte conheci pessoas e lugares incríveis. Realizei o sonho de trabalhar com ídolos e profissionais admiráveis. E além disso tudo o esporte me proporcionou outra forma de encarar o mundo e interpretar a realidade”, finalizou.