Na última década, os esportes eletrônicos tornaram-se um fenômeno mundial. No Brasil, a popularidade cada vez mais nítida da modalidade faz com que atletas brasileiros se destaquem no setor. E isso é justamente a marca na carreira de uma jaraguaense.
Quando Claudia Rosa Santini iniciou nos e-sports como um simples hobby na pré-adolescência, ela não imaginava que a brincadeira viraria profissão. Mais do que isso.
A paixão e evolução no game absorvida ao logo do tempo, a tornaram hoje, com 31 anos, uma das mais importantes e proeminentes atletas do cenário feminino de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) brasileiro.
Uma carreira consolidada por quase duas décadas, levando o nome de Jaraguá do Sul aos campeonatos mais importantes do mundo de CS, um jogo de tiro que está entre os mais populares do planeta desde o início do século.
‘Santininha’, como é conhecido no meio, já participou de quatro mundiais em três países – França, Suécia e Canadá -, além de diversos torneios presenciais ao redor do mundo. Porém, nenhum momento se compara ao vivido no último fim de semana.
Capitã da equipe INTZ, composta ainda por outras quatro meninas, a jaraguaense sagrou-se campeã do GirlGamer Festival São Paulo de Counter-Strike, um evento voltado como incentivo para mulheres, que fechou sua terceira edição, a primeira no Brasil.
O título sobre a Isurus Gaming, da Argentina, rendeu a Santininha e suas companheiras uma vaga no Mundial de Dubai, que reunirá os melhores times dos continentes, nos dias 12 a 14 de dezembro, nos Emirados Árabes.
Será mais uma chance para atleta de Jaraguá do Sul realizar sua grande ambição na carreira.
“Meu principal sonho é ganhar um Mundial. Temos muita capacidade de fazer bonito e trazer esse troféu para casa. Depois, vou achar um novo sonho para correr atrás”, destaca.
História no Counter-Strike
Aluna do Colégio Marista São Luís e Divina Providência quando mais nova, Claudia Santini chegou a se aventurar em outras atividades como a dança e o basquete, praticando até os 16 anos de idade. Mas a principal paixão foi mesmo pelos jogos eletrônicos.
Com 12 anos, o irmão Eduardo aproveitou a febre das lanhouses para incentiva-la a jogar Counter-Strike. As amigas até seguiram o mesmo caminho, mas logo foram desistindo.
Competitiva por natureza, Santininha deixou a brincadeira de lado para começar a jogar torneios regionais e nacionais, com apenas 15 anos.
O sonho de seguir nos e-sports foi interrompido aos 18, quando se mudou para Balneário Camboriú para cursar a faculdade de Direito.
Porém, um convite em 2008 para participar de um campeonato feminino, em São Paulo, marcou a retomada de uma trajetória de sucesso da jaraguaense no CS.
Saudades da família e preconceito no esporte
Os e-sports são um fenômeno cultural que atingiu um alcance global de relevância cultural, mercadológica e entretenimento.
Entretanto, ainda há um olhar bastante retrógrado sobre o tema por parte daqueles que não estão acostumados com o assunto ou que não fazem ideia da indústria em ascensão que existe por trás dessas competições.
Claudia Santini sofreu na pele com esse preconceito, mas atualmente vê um apoio muito maior aos jogadores de esportes eletrônicos.
“Muita gente não entende e diz que jogos de computador não fazem diferença, mas quem já está neste jogo há muitos anos sabe que tem diferença sim. As mulheres estão tendo bastante espaço e isso vem crescendo todos os anos”, afirma.
Essa busca por espaço também serve para Santininha superar a saudade da família. Com moradia fixada há 10 anos na capital paulista, ela fala do sentimento de estar longe de familiares e sua terra natal.
Porém, os sonhos dentro do esporte dão força para ela continuar se destacando no CS.
“Eu sinto muita falta de Jaraguá, porque minha família inteira mora aí. É péssimo ficar longe da família em qualquer circunstância, mas eles entendem bem que eu precisei seguir meu sonho e não me arrependo de absolutamente nada”, finaliza.
Receba as notícias do OCP no seu aplicativo de mensagens favorito:
Telegram
Facebook Messenger