Fim de uma era! Casal Fructuozo anuncia aposentadoria da natação em Jaraguá do Sul

Iara (E) e Ronaldo Fructuozo (D) deixam legado de grandes conquistas e desenvolvimento de trabalhos sociais através da modalidade | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Lucas Pavin

23/11/2018 - 09:11 - Atualizada em: 23/11/2018 - 09:22

O esporte pode proporcionar os mais variados sentimentos para quem o vive de perto. É comum encontrar histórias que misturam alegria, tristeza, emoção, raiva e…amor! Este é o caso de Iara e Ronaldo Fructuozo, um casal de técnicos de Jaraguá do Sul, que com a ajuda do esporte, levaram a paixão para além das piscinas.

E hoje, após uma união e trajetória de sucesso que perdurou por mais de duas décadas na cidade, formando inúmeros campeões e principalmente cidadãos do bem, eles decidiram anunciar suas aposentadorias de forma conjunta.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Mesmo de cidades distintas – Ronaldo é jaraguaense de nascimento e Iara de Curitiba (PR), os dois se conheceram em um baile em Jaraguá do Sul, no ano de 1979, quando ele já estudava educação física em Florianópolis, e ela estava prestes a iniciar a faculdade em sua terra natal. Casal intensamente mergulhado na natação, eles mantiveram o relacionamento distante e formalizaram a união em 1985.

A partir daí, o matrimônio apenas reforçou outra paixão do casal: a natação. Após iniciarem um trabalho conjunto na capital paranaense, eles resolveram se mudar para Jaraguá do Sul em 1995. Uma decisão que viria a se tornar um marco para o esporte na cidade.

Muito mais do que conquistas e o desenvolvimento de atletas e equipes campeãs, a dupla deixa um legado fora das piscinas durante 23 anos.

Depois de uma época representada pelo Olimpia, eles criaram a Ajinc (Associação Jaraguaense dos Incentivadores da Natação Competitiva) em 1999, projeto inovador voltado para o rendimento, mas principalmente pelo viés educacional.

Para estar na equipe, não basta apenas ser bom atleta, mas também participar de ações sociais, palestras e ter média na escola.

“Essa filosofia é o nosso diferencial no estado. Nosso objetivo é formar o cidadão e fomos felizes, porque hoje vemos muitos ex-nadadores como excelentes profissionais. Lógico que as conquistas são importantes, mas ao mesmo tempo, são momentâneas. Esperamos que isso continue daqui para frente”, disse Kiko, como é mais conhecido.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Mantida até hoje, com atividades diárias no Acaraí, para nadadores de 8 a 16 anos, a equipe ocupa lugar de destaque no cenário estadual e já revelou inúmeros talentos para modalidade.

Fruto de um trabalho desenvolvido pelo casal Fructuozo, que deixam a função de treinador ao fim do ano, com o sentimento de missão cumprida.

“Sempre fica alguma coisa que você desejou a mais para fazer, mas hoje não tenho mais condições para continuar por problemas de saúde. Saio com uma sensação de paz por tudo que realizei e fiz o máximo que estava ao meu alcance dentro da minha capacidade”, declarou Kiko.

“Sempre disse que gostaria de ter a missão cumprida e que não iria fraquejar. Poderia ter aliviado, diminuído o ritmo, mas mantive o comprometimento até o final. Isso me deixa ainda mais feliz”, destacou Iara.

Momentos marcantes

Citar momentos que marcaram uma trajetória longa e repleta de capítulos especiais é difícil, é bem verdade. Mas o casal não titubeou na hora de comentar o período que mais guardam na memória nestes 23 anos servindo a natação jaraguaense.

Para Kiko, a mudança da equipe ao Acaraí foi fundamental para evolução do esporte na cidade. Antes, os treinos aconteciam na antiga academia Impulso, em apenas dois dias da semana, com horários limitados.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

O novo local foi aberto para Ajinc, em 1999, ano em que Jaraguá recebeu os Joguinhos Abertos. “Foi uma luta muito grande ter trazido a natação dos Joguinhos para Jaraguá. A chance de ir para outra cidade era muito grande e brigamos muito para que acontecesse aqui. Caso contrário, seria muito difícil ter a piscina que temos hoje”, lembra Kiko.

Já para Iara, a união da família durante a ‘era Fructuozo’ acabou sendo marcante. Ao lado do marido, ela passou a paixão de ambas as famílias pelo esporte aos filhos Marina e Henrique. Os dois, aliás, chegaram a nadar fora do país e até hoje faturam medalhas em competições másters.

“Fomos muito agraciados de que eles (filhos) passaram sua juventude com nós. Eles só ficavam longe quando iam para escola, mas treinavam e iam para competição com a gente. Então acho que estar com meus filhos juntos na natação foi o que mais me marcou”, afirmou Iara.

O que faltou

Se a entrada no Acaraí foi um grande passo para natação de Jaraguá do Sul, Ronaldo e Iara lamentam a ausência de um fator que poderia alavancar ainda mais o esporte na cidade: a criação do próprio centro de treinamento da equipe.

“Gostaríamos de ter um local especifico para natação. Foi uma luta desde que chegamos em Jaraguá e fizemos vários projetos, mas nenhum foi adiante. Faltou isso na nossa passagem”, relatou Kiko.

Futuro

Com a saída da dupla, a natação de Jaraguá do Sul segue com a professora Verônica Paciello Matile na equipe, a partir de 2019. Porém, a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer ainda abrirá mais duas vagas para modalidade no Bolsa Técnico.

“Acredito que seja bom uma renovação. A Ajinc tem uma diretoria nova, bem ágil e atuante. Então seria bom alguém do mesmo estilo para treinar as crianças, com uma nova mentalidade”, disse Kiko, que usará o tempo livre para cuidar da saúde. Já Iara é instrutora de yoga e pilates, e continuará dando aulas, juntamente com a filha.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Perfil dos treinadores

Iara Fructuozo nunca teve ligação com a natação até os 17 anos, quando entrou na faculdade e apareceu um estágio em uma escola do esporte em Curitiba. Como precisava trabalhar, acabou aceitando e, desde então, não largou mais. Em Jaraguá, sempre se dedicou a iniciação, com atletas de 8 a 10 anos.

Trabalhos de iniciação marcaram a carreira de Iara | Foto Lucas Pavin/Agência Avante!

Ronaldo ‘Kiko’ Fructuozo iniciou sua carreira como atleta em 1973 e foi o primeiro homem jaraguaense a fazer um tempo abaixo de um minuto, principal desafio dos nadadores na época.

Kiko fez um trabalho voltado ao rendimento | Foto Lucas Pavin/Agência Avante!

Depois de um período fora da cidade para cursar faculdade, voltou para Jaraguá em 1995 e decidiu aplicar seus conhecimentos como professor. Por aqui, o foco sempre foi no rendimento, com nadadores a partir de 12 anos.

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