Entra ano, sai ano, e o futebol brasileiro fica cada vez mais multinacional. Mas os clubes não vem se limitando apenas ao mercado sul-americano, a fim de reforçar seus elencos de base e profissional. Que diga o Sport Club Jaraguá.
Desde sua fundação em 2008, o Leão da Barra já trouxe atletas de países como Gana, Haiti, Coréia do Sul e Japão. E dando sequência a esse planejamento de intercâmbio, a aposta da vez vem de Camarões. Na verdade, apostas.
Indicados por um empresário, amigo do presidente Valdemir da Silva, três jovens camaroneses cruzaram o oceano atrás do sonho de ser jogador profissional, em Jaraguá do Sul. E num primeiro momento, a aventura deu certo.
Aprovados em testes, os zagueiros Mbarga, de 19 anos, Mpasso, 16, e o meio-campista Tangana, 19, treinam no estádio do Botafogo desde janeiro e vestirão a camisa do Jaraguá na Série C do Campeonato Catarinense Sub-20 e profissional, que acontecem no segundo semestre.
Mas assim como a realidade de muitos estrangeiros, o início no país foi complicado. Além da saudade das famílias e amigos que deixaram para trás, a língua foi uma grande barreira, já que o trio conseguia se comunicar apenas em francês ou inglês.
Porém, a vontade de brilhar nos gramados prevaleceu e as dificuldades se diminuíram com o passar do tempo.
Mpasso, carinhosamente apelidado de ‘Bebezão’, aprendeu a linguagem rapidamente e já serve de tradutor aos compatriotas, que ainda sofrem na comunicação. As condições oferecidas pelo clube também facilitaram na adaptação.
Bem como outros operários da bola, que buscam o sucesso no Jaraguá, eles recebem alimentação, despesas básicas e hospedagem no alojamento do clube, que fica no estádio do Botafogo.
Completando o quarto mês na cidade, eles se consideram totalmente adaptados. A experiência no país do futebol é encarada não apenas como aprendizado, mas também para, quem sabe, conseguir atuar por um grande clube brasileiro no futuro.
“Queremos mostrar a nossa qualidade por aqui. Vamos treinar forte e buscar oportunidades ainda melhores no futuro. Somos muito focados e estamos aqui por algo melhor na carreira”, destacou ‘Bebezão’, que conciliava os estudos com treinos em uma equipe da 2ª divisão camaronesa.
Passagens por outros países
Jogador mais jovem, Mpasso encara sua primeira experiência fora de Camarões e espera conciliar o futebol mais físico praticado em sua terra natal, com o técnico, mundialmente conhecido do Brasil que leva alcunha de ‘país do futebol’, para evoluir como atleta.
O objetivo é o mesmo para seus compatriotas, que mesmo com a pouca idade, já tiveram passagens por outras culturas.
Apelidado no Leão de ‘Pobga’, devido a certa semelhança com o craque do Manchester United-ING e da seleção francesa, Mbarga já atuou no futebol camaronês e marroquino, e não vê a hora de se apresentar no Brasil.
“Só tenho que agradecer o presidente (Da Silva) por tudo que ele está fazendo por nós. Estou esperando os campeonatos para poder mostrar meu futebol e depois receber novas oportunidades”, declarou.
Já Tangana, o ‘Balotelli’ do Jaraguá, começou em Camarões e depois passou por China e Egito. Em poucas palavras, ele falou sobre a união no clube jaraguaense.
“Fizemos uma família nesse pouco tempo de clube e estou aqui para ter um futuro melhor. Espero fazer bons campeonatos e ajudar o clube”, disse.
Oportunidade de vitrine
Se os camaronenses veem o Jaraguá como uma ponte para equipes de divisões superiores dentro e fora de Santa Catarina, o clube fechou acordo com o trio na esperança de lucrar com possíveis vendas no futuro.
“São jogadores jovens e apostamos que eles façam bons campeonatos para que cheguem bem na Série C e possamos emprestar posteriormente. Esse intercâmbio é importante tanto para nós como para eles”, afirmou o presidente Da Silva.
Além dos potenciais financeiros, o Leão acredita que os camaroneses possam dar frutos dentro de campo. Segundo o técnico Gabriel David, os estrangeiros são peças fundamentais do time Sub-20 que vem se preparando para o Estadual.
“Sem nenhuma dúvida, eles (camaroneses) são os pilares da nossa equipe. Eles tem uma força física fora do comum, muita qualidade no passe e domínio de bola. Quando se tem atletas tão dispostos a trabalhar e que amam o futebol, fica mais fácil. Então vão somar muito no nosso grupo e já são nomes certos para Série C”, finalizou.
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