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Voluntários de Jaraguá do Sul: Para Kelly, uma boa causa deixa a vida mais completa

Kelly dedica boa parte do seu tempo livre à causa animal | Fotos Arquivo Pessoal

Por: Elissandro Sutil

31/07/2018 - 10:07

Da dor ao amor é como a vida da terapeuta holística Kelly Puccini, 48 anos, foi se transformando ao longo dos últimos dez anos.

Foi depois de um período difícil, com uma sequência de perdas de familiares muito próximos, que Kelly acabou encontrando no voluntariado uma forma de curar a sua própria dor enquanto também cura e ajuda na dor do outro.

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Como professora, costumava envolver os alunos em campanhas e ações solidárias. Mas o sofrimento e a angústia da perda de familiares acabou desenvolvendo um vínculo hoje essencial na vida de Kelly.

“Eu acho que naquele momento do sofrimento o voluntariado teve um espaço ampliado na minha vida porque ele ocupou um espaço para aliviar a minha dor”, conta Kelly.

Em Jaraguá do Sul, a terapeuta decidiu se unir, então, ao Centro Assistencial Eurípedes Barsanulfo (CAEB), em 2009. Foi fazendo parte do grupo de voluntários que ela percebeu que poderia fazer ainda mais, também pela causa animal.

“Eu sempre fui uma pessoa que gostou de bicho, mas ajudava um ou outro”, conta Kelly. Aos poucos, ela foi conhecendo o poder das ações realizadas em conjunto e das estruturas do voluntariado organizado, quando surgiu a ideia de organizar um grupo de proteção animal.

“Que pudesse fazer o que o Caeb faz pelas pessoas, salvo suas proporções, pelos animais de Jaraguá do Sul”, diz. Nos anos seguintes, a terapeuta começou o trabalho de ajuda e de resgate de animais na cidade, agora em maior escala.

“O grupo foi se juntando, daí nós conseguimos depois um nome, colocamos Gang dos Patinhas, e hoje nós somos cinco administradoras e 43 voluntários”, ela conta.

Uma vida completa Hoje, a rotina de Kelly se divide entre o voluntariado e o seu trabalho como terapeuta. Nas segundas-feiras, todo o dia é dedicado ao voluntariado. Das 8h às 16h, o foco é a causa animal.

“É vacina, buscar para castração, levar para tosa, buscar da castração, levar no lar temporário, vai no lar temporário, faz limpeza, leva ração, recolhe, paga”, ela relata. A partir das 16h45, Kelly vai ao Caeb, de onde sai somente perto das 22h30.

De terça a sexta, a terapeuta intercala as atividades do voluntário com a rotina de atendimento a seus pacientes. Mas se engana quem pensa que Kelly não consegue arrumar um tempinho para atender a algum imprevisto. “Se eu não tenho paciente vou atender o voluntariado e fazer o que tem que ser feito”, declara.

A rotina parece puxada, mas poucos conseguem entender que o amor e a entrega de Kelly para o voluntariado deixa a rotina – e a vida – mais leve e mais completa. “A sensação que eu tenho é que o maior benefício é meu”, conta ela.

No voluntariado é onde Kelly encontra todos os dias o sentido maior para sua vida, ao estar conectada com o outro e sua dor.

“Quanto mais eu sou empática com o outro e acolho a dor do outro e compreendo, porque também já senti a minha, melhor eu me sinto, porque me sinto parte daquela vivência e posso doar para aquela pessoa algo real, meu, e isso me devolve mais do que na verdade eu entreguei”, declara Kelly.

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP