Aldeia Guarani abre curso de arco e flecha e zarabatana, veja como se inscrever

Oficina acontece no fim de semana, dias 18 e 19 de agosto, na Aldeia Piraí, às margens da BR-280 em Araquari | Foto Divulgação

Por: Natália Trentini

10/08/2018 - 10:08 - Atualizada em: 15/08/2018 - 17:17

Entrar na mata, coletar e preparar a matéria-prima para construir, com as próprias mãos, seu arco e flecha e zarabatana. Tudo isso guiado por um cacique Guarani.

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Técnicas para confecção dos instrumentos serão repassadas pelo cacique cacique Karaí Tokumbo. Foto Divulgação

As técnicas serão repassadas pelo cacique Karaí Tokumbo, conhecido na cidade como Ronaldo Costa, nos dias 18 e 19 de agosto.

As oficinas passam um pouco da sabedoria mantida pelo povo Guarani, que luta para manter seu modo de vida em meio a cultura “não indígena”.

“Estas oficinas surgiram como uma alternativa para o povo da cidade, não indígenas, conhecer mais a realidade da nossa aldeia. Para mostrar um pouco do nosso costume, mostrar nosso coral. Pensei então em fazer essa oficina para convidar as pessoas. Também é uma forma de renda, que garante a manutenção da aldeia. Hoje em dia, é difícil viver do artesanato na cidade”, destaca o cacique.

Segundo um dos produtores da oficina João França, a programação começa no sábado com um café na aldeia com receitas tradicionais guaranis, para então ir a mata coletar o material necessário.

Coleta do material para o arco, flecha e zarabatana faz parte da vivência na Aldeia Piraí. Foto Divulgação

A tarde começa a confecção do arco e a programação se estende com os cantos e danças Mby’á Guarani – essa vivência acontece na Opy, a Casa de Reza. Domingo segue com a confecção da flecha de manhã e da zarabatana a tarde. Haverá espaço para acampamento na aldeia.

Mantendo o Nhandereko Guarani

O cacique revela que essa é a segunda edição da oficina. A primeira aconteceu no mês de junho. Segundo João, essa é uma forma de manter o modo de vida, o Nhandereko Guarani, em meio a um contexto tão desfavorável. É da terra, cada vez mais escassa, que o índio tira todo o seu sustento.

“Acabam com as matas, marginalizam essas populações que são obrigadas a estar nas ruas e calçadas para vender seus artesanatos como forma de manter suas famílias”, ressalta João.

Primeira oficina aconteceu em junho. Objetivo é compartilhar conhecimento, mantendo o estilo de vida Guarani | Foto Divulgação

Ele pontua que o pensamento que tenta forçar formatos pré-determinados ainda está presente na sociedade, o que barra políticas públicas para manter a cultura indígena.

“Quando nós, não indígenas, achamos que o indígena tem que se adaptar ao nosso modo de vida, estamos pensando de modo colonizador”, afirma. “Temos que entender que a lógica de pensamento colonialista ainda está vigente e se faz necessária abolir ela de nossas falas e atitudes”.

Dicionário Guarani, por Karaí Tokumbo

Mby’á: é a etnia, representa um povo.
Tekoa: significa aldeia. Por isso você pode ver Aldeia Piraí ou Tekoa Piraí.
Nhandereko: significa “modo de viver” ou cultura. “Para nós é tudo”, diz o cacique.

Serviço

  • O quê: Oficina “Confecção de Arco e Flecha e Zarabatana”;
  • Quando: dias 18 e 19 de agosto, das 9h às 18h;
  • Onde: Tekoa Piraí, no KM 38 da BR-280, em Araquari;
  • Quanto: R$ 75 para inscrições até o dia 11 e R$ 90 após a data;

O que levar: alimentos para partilha e doação (ver a lista na hora da inscrição); material para camping; utensílios pessoais (prato, copos, talheres e itens de higiene pessoal).

Para se inscrever, entre em contado pelo WhatsApp (47) 9 8916-5474, com João, ou (47) 9 9162-5762, com Letícia.

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