Por que a Quarta-feira de Cinzas tem esse nome?

Por: Elissandro Sutil

01/03/2017 - 13:03 - Atualizada em: 01/03/2017 - 14:53

Lembrada hoje, dia 1º de março de 2017, a Quarta-feira de Cinzas é o primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. A tradição das cinzas, quando o padre faz uma cruz na testa dos seguidores religiosos, simboliza a disposição de cada um em realizar a própria mudança de vida, e de conversão. Ela lembra também a expressão conhecida pelos fiéis “do pó vieste e ao pó retornará”.

Esse simbolismo relembra a antiga tradição do Médio Oriente de jogar cinzas sobre a cabeça como símbolo de arrependimento perante Deus (como relatado na Bíblia). As cinzas são feitas dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior.

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E a Quaresma? É o período de 40 dias que antecede a celebração da ressurreição de Jesus Cristo, que acontece na Páscoa. Esse tempo é marcado pela reflexão e conversão espiritual dos devotos e, para isso, a Igreja convida os fiéis à penitência e a intensas práticas espirituais.

Geralmente durante este período, a cor roxa é a que predomina nas missas. Ela simboliza a penitência, pois antes da festa da páscoa existe um caminho de reflexão e de mudança de vida.

Práticas de reflexão

Catolicismo
A religião católica é a que mais se identifica com a Quaresma, período em que os fiéis se preparam para a Páscoa e refletem sobre seus atos em relação ao próximo. Como forma de sacrifício, fazem jejum, especialmente de carne, e relembram a ressurreição de Cristo, para expiação dos pecados de todos os católicos.

Judeus
Na mesma época da Páscoa cristã, a religião judaica comemora o Pessach e lembra a libertação dos judeus escravizados no Egito, cerca de 1.400 anos a.C. Os judeus substituem os alimentos com fermento pelo matsá, pão feito apenas de farinha e água. O livro Hagadá é lido durante todo o período e, no jantar do Pessach, recordam os tempos de escravidão e a união do povo judeu.

Islâmicos
Os muçulmanos não comemoram a Páscoa, mas também reservam um mês para relembrar fatos históricos da religião. Entre julho e agosto deste ano, os muçulmanos realizarão o Ramadã para se lembrarem da revelação do livro sagrado “Alcorão” ao profeta Maomé. Durante esse mês especial, os muçulmanos praticam o jejum do nascer ao pôr do sol.

Budistas
Para o Budismo, a preparação da alma deve ser algo cotidiano, sem se limitar a datas específicas. A reflexão dos budistas é realizada por meio da meditação, geralmente num estado de concentração mental profunda. Os budistas acreditam que o ato de meditar garante bons pensamentos, que, consequentemente, geram mais bondade aos praticantes.

Evangélicos
Os evangélicos lembram que não só Jesus jejuou e se penitenciou por 40 dias. Eles citam Moisés, que subiu o Monte Sinai para receber as tábuas dos Dez Mandamentos e jejuou por igual período. Na religião evangélica, o jejum deve ser feito para o fortalecimento espiritual e não por força de uma data como a Quaresma.

Batistas
A Igreja Batista lembra o significado do número 40, presente em várias históricas bíblicas: o dilúvio vencido pela Arca de Noé durou 40 dias; Jesus permaneceu no deserto durante 40 dias e 40 noites; Davi reinou por 40 anos; e quatro décadas também foi o tempo da caminhada dos israelitas pelo deserto até a terra prometida.

Luteranos
Embora considere a Quaresma dentro de seu calendário litúrgico, a Igreja Evangélica Luterana não reserva à data qualquer ritual específico. Acontece, porém, de algumas congregações luteranas repetirem a Igreja Católica e colocarem cinzas sobre a cabeça do fiel, para que ele se lembre de se arrepender diariamente dos pecados.

Espíritas
O espiritismo não condiciona as atividades de seus fiéis a qualquer tipo de ritual litúrgico. Os espíritas buscam a prática da caridade como meio de modificação e melhoria espiritual. Para a religião espírita, a mudança do ser humano deve ser buscada constantemente e não apenas no período que antecede a Páscoa.

Religiões afro-brasileiras (candomblé e umbanda)
Os fiéis do candomblé e da umbanda praticam o jejum em dias de trabalhos espirituais e não limitam a prática somente ao período da Quaresma.

Fotos: divulgação
Fonte: Correio de Uberlândia