Para onde vai o dinheiro da Zona Azul?

Por: Elissandro Sutil

09/03/2017 - 19:03 - Atualizada em: 10/03/2017 - 17:17

Já parou para pensar o que acontece com aquela moedinha, “engolida” pelo parquímetro, quando você vai estacionar em vagas da Zona Azul? Foi em  julho de 2011 que o serviço começou a funcionar nas ruas centrais de Jaraguá do Sul, com o objetivo de incentivar a rotatividade de vagas.

Ou seja, lembra aquele carro que ficava “anos” estacionado no mesmo lugar e você nunca conseguia encontrar vaga para estacionar onde você queria? Pois é, essa seria a solução para aumentar a circulação, garantindo maior número de vagas na cidade, beneficiando a todos.

Foto: Piero Ragazzi/Arquivo RBS

Foto: Piero Ragazzi/Arquivo RBS

Mas para onde vão, de fato, as moedinhas do parquímetro?

Para entender melhor, nós conversamos com o diretor de trânsito do município, Irio Riegel. Ele explicou que quem administra esse dinheiro é a Estapar, empresa vencedora da licitação de 2011 para aplicar o serviço na cidade.

E o que o município recebe com isso? Das nossas moedinhas nada… mas de acordo com o contrato de concessão, a concessionária faria um repasse da seguinte forma: R$ 100 mil pagos no 12º mês de operação; mais R$ 100 mil no 26º mês e, a partir do 60º mês, R$ 6,25 mil mensais. Segundo Riegel a Prefa recebe esse valor mensal atualmente.

Portanto, a gestão pública tem que receber R$ 552 mil até o fim do contrato, lá em 2021, quando fecham os dez anos previstos na licitação.

asdascvc

Diretor de Trânsito Irio Riegel explica como funciona o estacionamento rotativo. (Foto: Rafael Verch)

Aí, alguns de vocês podem se perguntar: pô, esse dinheiro não é pouco para a Prefeitura? Bom, pra não dizer que nós não recebemos nada disso tudo, o que fica no município são os valores as multas geradas nas áreas de Zona Azul.

Exemplo? O uso inadequado das vagas prioritárias. De todo o valor recebido desses pagamentos das multas, 30% vai para a Polícia Civil, outros 30% para a Polícia Militar e 40% para a Prefeitura, especificamente para a Diretoria de Trânsito. “O dinheiro que recebemos com essas multas aplicamos de volta no trânsito, para melhorias, obras e projetos necessários”, explica Riegel.

Segundo dados da Polícia Militar, em 2016, foram feitas 107.427 autuações de trânsito (multas), das quais 19,6 mil da PM e 87,8 mil da Prefeitura:

Polícia Militar:

  • Autos físicos (autuação do policial no local da infração): 16.261
  • Radar móvel: 3.351

Prefeitura:

  • Lombadas eletrônicas: 44.251
  • Semáforo: 32.740
  • Estacionamento rotativo: 10.823


As autuações feitas no estacionamento rotativo, pela Polícia Militar e Prefeitura, estão de acordo com o Artigo 181 do Código Brasileiro de Trânsito, que prevê infração grave com multa (R$ 195,23), três pontos na carteira e ainda a remoção do veículo.

Nós não conseguimos informações sobre valores de faturamento da empresa, mas fizemos uma continha baixa só para matar a curiosidade:

– Vagas na cidade: aproximadamente 900;
– Valores: R$ 1 (30 minutos), R$ 1,50 (uma hora) e R$ 2,50 (duas horas). O tempo limite para um carro ficar na mesma vaga é de 2 horas;
– Horários de cobrança: das 9h às 18h (segunda a sexta) e das 9h às 13h (sábados).

Supondo que 50% das vagas – neste caso 450 – forem preenchidas durante um dia de cobrança – 9 horas – e optarem pelo tempo médio de permanência de uma hora (R$ 1,50), a arrecadação será de pouco mais de R$ 6 mil por dia. 🙂

Ou seja: 450 vagas x R$ 1,50 x 9 horas = R$ 6.075 por dia.

Dado importante pra finalizar: existem, ao todo, 74.511 carros e caminhonetes em Jaraguá do Sul (últimos dados do Detran de 2016).

Foto de capa: Arquivo/OCP Online