Livro de Carlos Henrique Schroeder vai virar filme no ano que vem

Obra de Carlos Henrique Schroeder (esq.) ganhou Prêmio Catarinense de Cinema 2018 | Foto Natalia Trentini/OCP News

Por: Elissandro Sutil

27/09/2018 - 05:09

Um livro escrito e lançado em Jaraguá do Sul vai às telonas do cinema em breve. O roteiro de filme inspirado na obra “As fantasias eletivas”, de Carlos Henrique Schroeder, foi o grande vencedor do Prêmio Catarinense de Cinema 2018 e deve receber R$ 1,2 milhão do governo estadual e Fundo Setorial Audiovisual para a produção.

Schroeder nasceu em Trombudo Central, mas mora em Jaraguá há 18 anos. Por aqui, ele foi o idealizador da Feira do Livro e coordenou as primeiras nove edições do evento.

O trabalho de transformar a história da obra em roteiro de filme foi feito “a seis mãos”, como define o autor.

Além dele, o também escritor jaraguaense João Chiodini e o professor de roteiro Demétrio Panrotto se dedicaram por cerca de dois anos na adaptação.

“A linguagem literária é diferente da do cinema. O livro é bem fragmentado, mas precisávamos construir uma unidade. O roteiro ficou mais didático que o livro, que é mais aberto, cheio de janelas”, explica Chiodini.

Livro foi publicado em 2014 e ganhou reconhecimento | Foto Divulgação

Para o processo, Schroeder conta que dividiu o livro em várias partes e cada autor atuou de acordo com suas afinidades para fazer o roteiro. “Depois juntamos e passamos um verniz em tudo, mas ainda devemos mexer mais umas seis vezes no material”, aponta.

O resultado, segundo os escritores, será de encantar os olhos dos amantes de cinema. Com a adaptação, surgiram novos personagens e cenas na narrativa.

Ao lançar “As fantasias eletivas” em 2014, Schroeder já tinha a intenção de fazer um longa-metragem sobre a história. A produtora Cinerama BC será a responsável por tornar o projeto realidade, com a direção de André Felipe Gevaerd Neves.

A história

O livro trata sobre Renê, um recepcionista noturno de hotel que tenta reconstruir a vida e encontra na amizade de Copi, uma travesti obcecada por fotografias, uma alternativa a realidade nada animadora.

A história se passa em Balneário Camboriú, mas também tem passagem pelo interior catarinense, Argentina e Jaraguá do Sul.

“Uma cena chave do livro é aqui, no trilho de trem. Vamos conseguir reproduzir essa passagem fielmente”, observa o autor.

Os atores para interpretar os protagonistas já foram escolhidos. Copi ganhará vida por uma atriz transsexual da Argentina e Renê por um ator catarinense. Os nomes serão divulgados assim que os contratos forem fechados.

Chiodini comenta que o longa-metragem será filmado no ano que vem e deve ser lançado em 2020. “As gravações dependem muito do clima, da época do ano, tem cenas em praias, lugares abertos”, relata.

Custo da produção

Conforme Schroeder, a produção do filme custará o dobro do recurso disponibilizado pelo prêmio, mas a equipe já está fechando parceria com uma distribuidora para completar o valor.

Nessa transição do papel e o audiovisual, Chiodini e Schroeder falam sobre a preocupação em manter ou até mesmo superar as boas críticos do livro.

Chiodini e Schroeder esperam que a produção agrade o público e a crítica | Foto Natália Trentini/OCP News

Chiodini e Schroeder esperam que a produção agrade o público e a crítica | Foto Natália Trentini/OCP News

“A obra já tem uma importância, então esperamos que o filme continue tão bem falado e explorado quanto o livro. Queremos que ele represente bem a história”, destaca Chiodini.

Schroeder comenta sobre o desejo do longa-metragem chegar com força nos festivais de cinemas e revela o desejo de promover uma estreia aqui em Jaraguá do Sul para que o público valorize a produção audiovisual de Santa Catarina.

Carinho especial pela obra

“As fantasias eletivas”, publicado em 2014 pela editora Record já está na quinta edição e figurou nas listas de vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e Acafe. Ele também foi lançado em países de língua espanhola.

Agora, ao conquistar o edital mais importante de cinema do estado, Schroeder revela que o livro é o que mais gosta.

“Ele vendeu bem, foi para vestibulares, já está indo para sexta edição e conversa com diferentes público, desde o adolescente que ainda não teve contato com literatura até os mais críticos”, declara.

O escritor conta que ficou surpreso ao receber a notícia do prêmio já que geralmente, o primeiro lugar fica com produtores de cidades maiores, como Florianópolis.

Schroeder recebeu a Medalha Cruz e Sousa do governo estadual em 2016 pelos inúmeros serviços prestados ao livro e a leitura no estado.

Ele é autor de “Ensaio do vazio”, adaptado para os quadrinhos, da coletânea de contos “As certezas e as palavras” (Editora da Casa), vencedora do Prêmio Clarice Lispector da Fundação Biblioteca Nacional.

Também publicou  “História da chuva” (Record, 2015), obra contemplada pela bolsa Petrobras Cultural. Schroeder está trabalhando atualmente na produção de mais um romance.

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