Devido aos riscos de introdução de pragas, cada país ou região adota medidas de controle sanitário para ingresso de produtos de origem vegetal. Na cultura da banana, a principal doença foliar é a Sigatoka negra, identificada pela primeira vez nas ilhas Fiji no ano de 1963.
Santa Catarina, que é uma grande produtora desta fruta, possui um programa sanitário voltado à bananicultura, que é posto em prática pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), órgão oficial de defesa agropecuária do estado. Com as ações desenvolvidas, foi possível manter a praga sob controle e produzir bananas com certificação fitossanitária.
É pelo controle desta e de outras pragas que a banana catarinense consegue ser comercializada para outros estados e até outros países. A atuação da defesa sanitária vegetal assegura as condições sanitárias para que o produtor possa dar continuidade ao plantio e obter renda.
A Sigatoka negra é provocada pelo fungo Pseudocercospora fijiensis, mais virulento e agressivo que outras doenças foliares da bananeira. O sintoma na folha começa como um pontinho negro de 1 mm, que evolui formando uma estria. Uma folha pode ter tantas lesões que chega necrosar a folha. Com menos folhas, a planta tem menos capacidade de realizar fotossíntese e não consegue formar frutos, pencas e cachos como deveria, levando a quebras na produção que podem chegar a 100% se não for tratado, o que compromete a viabilidade econômica do plantio.
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A detecção no Brasil ocorreu em 1998 e atualmente a praga está presente em 24 dos 27 estados. Em Santa Catarina, foi registrada pela primeira vez em 2004. Naquele ano os produtores de banana foram impedidos de comercializar banana para outros estados, devido ao risco de disseminação da praga para outros estados.
O gestor do Departamento Estadual de Defesa Vegetal, Alexandre Mees, recorda que a situação gerou um medo infundado em alguns consumidores. “A população do estado quase deixou de comer banana com medo de pegar Sigatoka negra. A doença atinge apenas a bananeira, sem nenhum risco para as pessoas! Resultado: o produtor não podia vender para outros estados e não conseguia vender no próprio estado. Foi uma grande crise”, conta o engenheiro-agrônomo.
A solução veio em 2005, com o Sistema de Mitigação de Risco de Sigatoka Negra, normatizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para permitir a comercialização das frutas com segurança fitossanitária (segurança para a saúde das plantas). Este sistema adota diversas práticas nos bananais para diminuir o risco de disseminação da sigatoka negra.
Foi neste ponto crucial que a Cidasc estreitou sua relação com a cadeia da banana no estado, construindo ao lado dos produtores e suas associações o caminho para a reabertura dos mercados. O processo de certificação fitossanitária se mantém há 20 anos, e graças a isso, a produção de banana catarinense viaja com a Permissão de Trânsito Vegetal (PTV) emitida pela Cidasc e alcança todos os cantos do Brasil, Argentina e Uruguai.
Santa Catarina é o quarto estado brasileiro em produção de bananas e o primeiro em exportações da fruta. A produção está concentrada principalmente nas regiões Norte e do Vale do Itajaí, com destaque para municípios como Corupá, Jaraguá do Sul, Massaranduba e Luiz Alves. A organização e controles exigidos para a certificação fitossanitária promoveram uma transformação na produção do estado, tornando mais próximos o alcance de outras conquistas. Exemplos disso são a Denominação de Origem da “Banana da Região de Corupá”, como a banana mais doce do país, e a indicação de procedência da “Banana de Luís Alves”.
Com a atuação da defesa agropecuária, o estado conseguiu erradicar foco de moko da bananeira, outra praga de interesse quarentenária, que pode causar sérios prejuízos se conseguisse se estabelecer no estado. No entanto, a maior ameaça para a bananicultura mundial na atualidade é a fusariose FocR4T (Fusarium oxysporum f. sp. cubense raça 4 Tropical), conhecida popularmente como Mal-do-Panamá Foc TR4. Esse fungo é mais agressivo que as demais raças de Fusarium sp.
“Para esta praga, as armas são a educação sanitária, para que todos os produtores a conheçam e notifiquem qualquer suspeita, e os levantamentos fitossanitários, com a busca ativa das equipes da Cidasc para identificar e conter qualquer eventual foco”, afirma Alexandre Mees.