Cada dia a gente sabe que é muito abençoado, é só você olhar para o lado, olhar para o outro e ver que alguém precisa e que você pode dar”. É de uma profunda gratidão pela vida e por Deus que Márcia Dalmarco, 67 anos, tira uma energia quase inesgotável para trabalhar pelo bem das outras pessoas.
Seja como voluntária da Associação de Amigos dos Autistas (AMA) há 15 anos, nos grupos da igreja católica, no Instituto Chiesetta Alpina ou no Círculo Italiano. Aonde quer que a vida a leve, ela cria espaço para oferecer um empenho constante. Como ela mesmo diz, esse ímpeto sempre esteve ali.
Quando chegou a Jaraguá do Sul com 20 anos, em 1970, trabalhou alguns anos na Aresc (Agência Reguladora de Serviços Públicos de Santa Catarina), três anos depois conquistou emprego na WEG, convocou de Rio do Sul o então noivo, José Dalmarco Filho, e muitos familiares.
Acreditando nas oportunidades da cidade, começou a abrir essas portas para quem era querido por ela – abrigando todos na própria casa. Na WEG, já trabalhava dobrado coordenando as modalidades esportivas femininas, na vontade de ver o movimento acontecer.
Depois, quando os filhos Allan, hoje com 41, e Jean, 39, chegaram, o casal pegava junto na APP (Associação de Pais e Professores) da escola e nos eventos, contribuindo como pudessem. A relação com a Ama começou depois de um dos tradicionais happy hours, em que foi chamada ao voluntariado.
Já no primeiro dia na sala usada para confecção dos cartões festivos totalmente produzidos pela entidade, desde a reciclagem do papel, o sentimento foi de estar no lugar certo. E o envolvimento foi só aumentando.
Hoje, Márcia é coordenadora do voluntariado e membro da diretoria, dessa forma, representa a entidade em pelo menos três conselhos municipais, além de ser ponte com apoiadores. Tem semanas que ela enfrenta incontáveis reuniões, às vezes três por dia.
“Então, a maior parte do meu tempo hoje não é aqui dentro da Ama, eu não sento mais para fazer cartão. Eu estou lá fora representando a Ama”, conta.
No dar, o receber
A rotina para dar conta de coordenar trabalhos da Ama, mas também das outras entidades, exige um ritmo acelerado. Mas Márcia não se cansa, quanto mais ajuda, mais força recebe para continuar.
“O servir, quando está dentro do seu coração, não tem barreira. Você como voluntário sabe o quando as entidades precisam dessa mão estendida”, ressalta.
Márcia explica que as voluntárias trabalham na produção dos cartões, que são comercializados em lojas e customizados para empresas, uma produção que atinge a marca dos 40 mil cartões por ano.
“Nós nem chegamos a ver os autistas. Nós não cuidamos, nós não temos contato, mas é por eles. É para ajudar a manter a entidade”, diz.
Para ela, a dedicação não é uma renúncia porque o retorno é imensurável. Muitas histórias reafirmam isso, relatos de depressão e até tentativas de suicídio são revelados na mesa de trabalho dos voluntários.
“Cada um que vem traz suas histórias de vida junto, mas aqui se dilui porque a troca é muito forte, a alegria é muito forte, estar servindo é muito forte. Então o benefício é muito maior para quem está à serviço do que para quem é servido”, pontua.
Além do bem os voluntários e aos usuários da Ama, a alegria de Márcia é ver os fi lhos, que por muitas vezes contestaram sua falta de tempo e os tantos compromissos, vestirem a camisa da entidade como apoiadores.
O azul contagiou a família. “A vida faz isso, ela entrega uma bandeja cheia de novidades todos os dias. Vai te servindo, pega, isso vai te renovando. Eu não quero fi car de roupão e chinelinho dentro de casa”, brinca.
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