Desde o último dia 14 de maio, o jaraguaense Marcos Paulo Cattoni, sargento da Polícia Militar, está no Rio Grande do Sul trabalhando como voluntário na ajuda às vítimas da enchente que assolou o estado. Junto com um grupo de amigos, também moradores de Jaraguá do Sul e municípios da região, ele vem ajudando os atingidos de diversas formas e agora criou uma página no Instagram com o intuito de encaminhar cães que estão nos abrigos para adoção. A quantidade de animais impressiona – são quase quatro mil cães resgatados somente na cidade de Canoas e que estão em três grandes abrigos da cidade.
Página no Instagram
Cattoni explica que os interessados em adotar um ou mais cães devem acessar a página @adoteumpetdors e enviar uma mensagem privada. Em seguida é feito um cadastro e a pessoa fica com o cão por um período médio de 30 dias, como um lar temporário, e depois disso ela se torna definitivamente dona do animal. “Após ser feito o cadastro, a pessoa interessada pode retirar o cão no abrigo ou a gente tenta alguma forma voluntária para levar o animal até a cidade em que a pessoa está”, informa. Segundo ele, há pessoas de todo o Brasil querendo adotar. “E parece que tem uma empresa aérea que se disponibilizou a ajudar também, então a gente está tentando organizar isso”, completa.
Sobre os cães disponíveis para adoção terem possíveis tutores, o jaraguaense observa que já faz quase um mês que eles estão abandonados. “A princípio, os donos fazem a procura, mas como não está tendo essa procura, existe a possibilidade de serem animais de rua ou até mesmo de terem sido abandonados pelos donos agora na atual circunstância, já que infelizmente nem todos dão importância quando um cachorro desaparece”, diz.
Resgates com embarcação
Marcos Cattoni conta que trabalhou junto com amigos por duas semanas fazendo o resgate de pessoas com uma embarcação. “Uma semana a gente ficou em Porto Alegre, aí a água baixou um pouco em Porto Alegre e nós fomos para Canoas, onde ficamos trabalhando com a embarcação por uma semana. Com a baixa da água em Canoas, embora não tenha baixado totalmente – há locais em que o nível de água é de um metro – ficou perigosa a navegação com o barco, porque o motor pode bater no fundo”, explica.
De acordo com ele, a cidade de Canoas ainda está bastante inundada e com locais onde o acesso com embarcação se tornou quase impossível, por isso o trabalho está sendo feito com caminhões e outros veículos. Agora, Cattoni e as equipes que o acompanham estão ajudando na limpeza das casas. “Durante as duas semanas em que a gente ficou com a embarcação, conseguimos retirar pessoas e animais de casas que foram inundadas. Tinha animais que estavam há 21 dias sem comida e sem água limpa, em cima de telhados, presos dentro de casa, bem magros”, relata.
Além disso, Cattoni e o grupo atuaram levando medicamentos para pessoas que ficaram ilhadas em locais que só podiam ser acessados com embarcação e também fizeram a retirada delas das casas. Agora, o foco é auxiliar pessoas e animais que estão nos abrigos, fazendo limpeza e manutenção. “Estamos com uma caixa d’água inflável, lava-jato, um gerador e todos os equipamentos necessários para isso. Vamos até as casas, às vezes por indicação ou aleatoriamente, e oferecemos ajuda na limpeza”, detalha. De acordo com ele, o trabalho é feito com equipes de cinco pessoas que se revezam sob sua coordenação.
A importância das doações
Cattoni deve permanecer no Rio Grande do Sul até o dia 10 do mês que vem, quando encerra a licença que ele pediu ao Batalhão da Polícia Militar . “Estamos fazendo tudo que está ao nosso alcance por esse povo”, diz, observando que praticamente todas as ações, incluindo os gastos com deslocamento, alimentação e compra de materiais, acontece com a ajuda de voluntários.
Ele reforça que é muito importante que as pessoas continuem fazendo doações de alimentos, água, produtos de higiene e limpeza, fraldas infantis e geriátricas, roupas, cobertores, medicamentos e ração para os animais.
“Apesar das trágicas circunstâncias e de todo o sofrimento das pessoas por terem perdido tudo, é preciso pensar que existe a ‘vida’. Então, é claro que ninguém quer perder os seus bens materiais, mas há pessoas que perderam familiares e que, com certeza, se pudessem escolher prefeririam perder tudo de dentro de casa, mas não um filho ou a mãe, o pai ou o irmão”, diz Cattoni, afirmando que além da ajuda prática, os voluntários também levam a esperança do recomeço para essas pessoas. “Os gaúchos não estão sozinhos! Podem contar com a gente, porque estaremos sempre apoiando e ajudando no que eles precisarem”, finaliza.
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