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Treinamento cerebral pode diminuir sintomas da bipolaridade

Foto: BrainEstar/Divulgação

Por: Priscila Horvat

14/01/2025 - 18:01 - Atualizada em: 14/01/2025 - 18:31

De acordo com uma pesquisa da Universidade de Michigan, pessoas com transtorno bipolar têm até seis vezes mais chances de morrer precocemente do que aquelas sem a condição. A neurocientista da BrainEstar e especialista em neurofeedback, Dra. Emily Pires, explica como o transtorno afeta o cérebro e aponta as melhores formas de tratamento.

De acordo com a especialista, é essencial diagnosticar precocemente a bipolaridade para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e evitar complicações graves, como o aumento do risco de morte prematura.

O transtorno bipolar é uma condição psiquiátrica que se caracteriza por variações extremas no humor e no comportamento. Segundo Dra. Emily Pires, ela é marcada por episódios alternados de mania, ou hipomania, e depressão, que afetam significativamente a vida diária do paciente.

“O transtorno bipolar tem dois tipos, o transtorno bipolar tipo I, em que os episódios de mania são completos e podem ser seguidos por quadros depressivos, o transtorno bipolar tipo II, em que o paciente vive períodos de hipomania, que são menos intensos que a mania, mas ainda assim afetam a estabilidade emocional e o transtorno ciclotímico, uma forma mais leve, mas persistente da doença”, explica.

Ainda segundo a profissional, o diagnóstico do transtorno bipolar é clínico, realizado por meio de avaliação psiquiátrica com base nos sintomas, histórico familiar e comportamentos do paciente.

“Não há exames laboratoriais específicos para a bipolaridade, mas exames complementares podem ser utilizados para descartar outras condições médicas. Avaliações psicológicas, questionários e entrevistas estruturadas também são ferramentas usadas no diagnóstico. Além disso, a observação longitudinal do comportamento ajuda a diferenciar o transtorno bipolar de outras condições com sintomas semelhantes, como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ou depressão”, destaca a especialista.

Os sintomas do transtorno bipolar variam conforme o tipo de episódio. “Durante a mania, a pessoa pode apresentar euforia extrema, agitação, fala acelerada, impulsividade e decisões precipitadas. Em contraste, nos episódios depressivos, a pessoa se sente desmotivada, com baixa energia, perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas, além de dificuldades cognitivas. Além dessa variabilidade no humor, o transtorno também pode afetar funções cognitivas, como a capacidade de tomar decisões e o controle de impulsos”, comenta, acrescentando que, sem o tratamento adequado, esses episódios podem se agravar, causando sérios impactos no bem-estar físico e psicológico dos pacientes.

“O tratamento do transtorno bipolar é multidisciplinar, incluindo medicação, como estabilizadores de humor e, em alguns casos, antipsicóticos e antidepressivos. Como uma solução não invasiva, também temos o treinamento cerebral com o neurofeedback. Essa técnica pode auxiliar no tratamento ao melhorar a autorregulação cerebral, ajudando a estabilizar o humor e a reduzir a intensidade dos episódios, além de promover uma melhora na resposta ao estresse e na regulação emocional, fatores importantes para o manejo do transtorno bipolar”.

Embora o transtorno bipolar não possa ser prevenido de forma absoluta, a médica comenta a importância do diagnóstico precoce.

“Identificar os primeiros sinais da doença, geralmente na adolescência ou no início da vida adulta, é fundamental para iniciar o tratamento quanto antes e evitar complicações futuras. Mudanças no estilo de vida, como o controle do estresse, práticas de autocuidado, e uma rotina regular de sono, podem prevenir a manifestação de episódios extremos. A conscientização e o tratamento contínuo são essenciais para evitar a progressão do transtorno e as consequências mais graves, como o aumento do risco de morte precoce”, declara a Dra. Emily.

Ela também destaca a importância de quebrar o estigma associado ao transtorno bipolar.

“Pessoas com bipolaridade frequentemente têm receio de compartilhar sua condição com os outros por medo de serem tachadas ou sofrerem preconceito. Esse estigma é muito presente e prejudicial. Além de lidarem com a montanha-russa de emoções, essas pessoas enfrentam o sofrimento adicional de ser julgadas pela sociedade. Esse preconceito impede que muitas delas busquem apoio ou se mostrem, o que dificulta ainda mais o processo de tratamento e recuperação”, finaliza.

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