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Saiba quais os tipos de câncer que mais matam em Jaraguá do Sul

Por: Elissandro Sutil

04/02/2018 - 06:02 - Atualizada em: 05/02/2018 - 19:06

Problema de saúde mundial, o câncer é a segunda causa global de mortes de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O órgão estima que no ano de 2030 deva haver pelo menos 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes pela doença e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer. Cada vez mais ligada aos hábitos da população, a doença vem ganhando grande proporção, sendo as neoplasias de pulmão as que mais levam a óbito no mundo. Em Jaraguá do Sul, dados de 2016 indicam que este também foi o tipo de câncer que mais matou no município, seguido pelo de estômago. Neste domingo (4), dia mundial de combate à doença, informações sobre prevenção marcarão a data, com especialistas alertando para a importância do diagnóstico e tratamento precoces.

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Segundo o médico oncologista Hugo Nora, a palavra câncer designa mais de 200 tipos diferente de doenças, cada qual com um comportamento e prognóstico distintos. Portanto, fica difícil definir uma única causa ou um único tratamento. Estima-se que surjam 14 milhões de novos casos de câncer no mundo a cada ano, sem considerar os cânceres de pele e, conforme explica, não há como reduzir o risco associado às questões genéticas inatas de cada um. Mas, um terço de todos os casos do mundo deriva do tabagismo, ingestão de álcool, sedentarismo e obesidade. “Combater estes fatores de risco deveria ser uma prioridade, pois teríamos um ganho enorme em economia e produtividade. Isso requer decisões alinhadas com urbanistas, vigilância sanitária, ambientalistas, legisladores, profissionais de saúde e o poder Executivo”, aponta.

Dados fornecidos pelo responsável pela área de Planejamento da Secretaria Municipal de Saúde, Luís Fernando Medeiros, referentes a internações e mortes de pessoas residentes em Jaraguá do Sul, apontam que a neoplasia maligna da pele foi a principal causa de internações por câncer em 2017 (janeiro a novembro). No ranking, o câncer de próstata aparece em segundo lugar, seguido por tecido mesotelial (pleura, peritônio, pericárdio) e tecido mole, mama e colo do útero. A faixa etária mais atingida está acima de 60 anos (46,8%), enquanto a que apresenta menor índice de internações é a mais jovem (abaixo dos 30 anos).

Sobre o câncer de pele, o médico destaca que a pele branca é a mais suscetível à doença, pois a melanina funciona como um protetor solar. Ele enfatiza que o protetor solar é uma ferramenta extremamente importante na prevenção do câncer de pele, mas infelizmente pouco utilizada. “Não é incomum recebermos casos de paciente que já tiveram câncer de pele em algum momento da vida e que continuam tendo exposição solar fora dos horários recomendados e sem protetor solar”, argumenta. Nora orienta que é preciso comparar a pele de áreas descobertas da pele com áreas cobertas, se a diferença entre elas for muito grande (rugosidade, vermelhidão, bronzeamento excessivo, sardas, pintas), é necessária a redução da exposição solar e, se necessário, buscar avaliação médica.

O TABU DA PRÓSTATA

O especialista acredita que há menos preconceito hoje em dia e os homens estão buscando proteger-se contra o câncer de próstata, mas certamente ainda há muito a ser melhorado. Conforme Hugo Nora, as campanhas têm ajudado a popularizar o exame do toque e do PSA. “Acredito que este seja o caminho (disseminar a informação para conscientizar os homens)”, opina. Quanto às internações em Jaraguá do Sul, ele diz que estas se devem ao reconhecido do nível de qualidade do atendimento oncológico na cidade, o que acaba por atrair a vinda de pacientes oncológicos de outras regiões, principalmente os casos mais graves.

Do lado feminino, o médico aponta que há uma grande polêmica sobre qual o real benefício do autoexame ou mesmo sobre a idade mais apropriada para o início do exame mamográfico.  “O autoexame não substitui a mamografia, mas, de maneira geral, o recomendamos, pois a atenção com o próprio corpo é um princípio básico da boa saúde. A mamografia ainda é o exame recomendado pela OMS anualmente a partir dos 40 anos de idade”, orienta. O Ministério da Saúde segue a diretriz norte-americana e recomenda que a primeira mamografia seja feita a partir dos 45 anos de idade. Porém, cabe lembrar que em pacientes que tenham histórico familiar, o rastreamento pode ser iniciado mais cedo, conforme critério médico.

ÓBITOS EM JARAGUÁ DO SUL

Os números fornecidos pela Secretaria de Saúde mostram que, entre 2012 e 2016, a doença matou mais 831 pessoas residentes em Jaraguá do Sul, a maioria homens. 56% das mortes por neoplasias no período de cinco anos foram de pessoas do sexo masculino. A faixa etária que mais apresentou óbitos em 2016 foi a de 70 a 79 anos. Seguindo o quadro mundial, o câncer de pulmão foi o que mais matou no município em 2016 (20 mortes). Depois, estão estômago (15 óbitos), cólon, reto e ânus (14), mama (13) e fígado (8). Os dados relativos a 2017 não foram atualizados pelo Ministério da Saúde.

O oncologista ressalta que a principal causa de câncer de pulmão é o cigarro. Tanto é, que somente um em cada dez pacientes com câncer não é fumante. Nora ressalta que a queima de combustíveis fósseis e a liberação de poluentes industriais pode ser um fator de risco para câncer de pulmão e a Agência Europeia de Meio Ambiente já detectou que 90% dos moradores das áreas urbanas da União Europeia inalam níveis nocivos de poluentes. “Em algumas cidades da Índia, México e China o nível de poluição é tão alto que obriga seus moradores ao uso de máscaras. Agrotóxicos e asbesto (presente no amianto) são outros poluentes sabidamente causadores de cânceres, não só de pulmão”, revela.

COMO EVITAR A DOENÇA

“O câncer é uma doença relacionada ao envelhecimento e o aumento da expectativa de vida tem como efeito colateral o aumento cumulativo de surgimento de cânceres”, explica Hugo Nora. Da mesma forma que o envelhecimento saudável começa na infância, a prevenção do câncer do idoso também inicia na infância. Há estudos que comprovaram que obesidade infantil aumenta significativamente o câncer de cólon no idoso, por exemplo. “Assim como a exposição solar na infância causa câncer de pele no adulto, o tabagismo passivo infantil aumenta o risco de cânceres relacionados ao tabaco (bexiga, pulmão, esôfago, boca, pâncreas,  estômago, cólon…)”, exemplifica.

De maneira geral, ele diz que é preciso reduzir significativamente o consumo do tabaco, álcool, exposição solar e a obesidade. A atividade física é obrigatória para uma vida saudável e a mesma regra vale para reduzir o risco de cânceres em geral. Fazer a vacinação contra HPV e Hepatite B também ajuda, pois previnem contra o câncer de fígado e do colo do útero.

“Devemos exigir exames que atestem a pureza da água e também devemos controlar a poluição ambiental (exames de Raio X, agrotóxicos, poluentes alimentares e inalatórios). Acho que uma forma barata e de grande impacto seria disponibilizar protetores solares nas escolas para crianças usarem nos deslocamentos em horários de grande insolação. Sem dúvida, é necessário fazer ainda mais campanhas de conscientização e garantir que as pessoas tenham acesso aos meios diagnósticos e de tratamentos sem ter que esperar por meses”, enfatiza.

 

 

 

 

 

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP