Município com grande área de Mata Atlântica preservada, Schroeder é conhecido por ser “Caminho da Natureza e Aventura”. Aos poucos, o município está se capacitando para receber visitantes interessados em turismo rural, observação de pássaros, agroturismo e esportes de aventura.
Uma de suas principais fontes econômicas é a agricultura, onde a bananicultura se sobressai, com aproximadamente 350 hectares cultivados. Também é possível destacar o plantio de arroz irrigado, que chega a 200 hectares; criação de gado, com mais de mil cabeças; forte crescimento de milho (para silagem e grão) e aipim; além do cultivo de frutíferas.
De acordo com a Secretaria Municipal de Agricultura, Indústria, Comércio e Turismo, é no bairro Braço do Sul que está concentrada a produção de peixes de Schroeder, que chega a mais de um milhão de quilos por ano.
E, bem próximo ao Morro do Agudo, no Vale Braço do Sul, surge um empreendimento inédito na região e que promete fomentar a piscicultura: um abatedouro de peixes.
Ainda em construção, a unidade deverá entrar em funcionamento a partir do mês de agosto, com capacidade para beneficiar 10 toneladas por dia.
É o que esperam os piscicultores Romeo Volles, Edson Grossklaks, Vilson Grossklaks, Hilário Grossklaks, Gilmar Ribeiro Fidencio e Emílio Strelow, que há mais de três anos se reuniram para planejar o negócio.
“Com o maquinário que temos hoje é possível abater 3 a 4 toneladas por dia, para iniciar”, afirma Volles. A tilápia será o carro-chefe do negócio, mas há possibilidade de outros peixes serem beneficiados.
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A cooperativa tem o apoio da Prefeitura Municipal, investimento de R$ 251 mil do programa SC Rural e recursos próprios que chegam a R$ 600 mil. Com taxas e outras demandas, o grupo estima que alcance o valor total de R$ 900 mil.
“Isso porque o chão é por contrato de comodato. Foi cedido por uma das partes do grupo. Senão, não haveria condições, porque o valor seria muito maior”, comenta Volles.
Apoio essencial
A Prefeitura entrou com a parte de terraplanagem, alguns materiais e os projetos. Para estes últimos detalhes, cedeu os profissionais capacitados que atuaram na elaboração. Também fez parceria com a Associação dos Municípios do Vale do Itapocu (Amvali) para auxiliar os produtores nos projetos arquitetônico, hidráulico e elétrico.
O diretor de Agricultura do município, Valério Onofre, explica que a ideia surgiu porque o grupo vinha abatendo seu produto em condições mais simples. Para formatar o empreendimento, contaram com o auxílio da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
Com o recurso do SC Rural, formaram o grupo e resolveram bancar a outra parte do investimento, que está muito próximo de ser concluído.
“Agora eles acabaram levantando esse recurso particular para a conclusão. Está muito próximo de começar a produzir e parte da aparelhagem já está na unidade. O projeto está alavancando a produção de peixe no município”, revela Onofre.
Segundo o diretor, a Secretaria de Agricultura já possui diversas solicitações de máquinas para a construção e ampliação de lagoas. Para ele, Schroeder será referência na produção de peixe na região.
“Futuramente, poderemos chamar esta área de Vale do Peixe, já que toda a produção do município acontece aqui e esta área é um vale”, destaca.
Divisor de águas
Os maiores produtores de peixe de Schroeder hoje vendem seu produto para outros municípios catarinenses e até mesmo para fora do Estado. Conforme informa Onofre, as pessoas até estão usando o peixe como uma forma alternativa de renda, construindo na sua propriedade uma lagoa ou mais para incrementar e diversificar.
E o abatedouro, diz ele, vai ser o grande divisor de águas para aumentar ainda mais essa capacidade.
“Esse abatedouro é o único da região nesse sistema de produção, dentro das exigências da Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina). Inclusive, já houve visitas de outros municípios para possivelmente vir a abater peixe aqui no futuro, firmar parcerias. Foi uma união de forças para chegar nesse ponto”, evidencia o diretor de Agricultura.
Para a conclusão, faltam algumas etapas estruturais, como colocação de forro, janelas, pintura e acabamentos, além das lagoas e abastecimento de água, que virá da “Cachoeira da Calha”.
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Na unidade, há câmara de congelamento para o peixe beneficiado e câmara fria para estocar o produto, além de áreas específicas para cada etapa do beneficiamento, como descamação e evisceração.
“Também temos uma área de cozinha. Aqui pode ser feito caldo, bolinho, hambúrguer e outros, com sala extra para cozimento. De início, vamos começar fazendo postas e filés, mas depois a gente vai aperfeiçoando”, explica Volles.
A cooperativa, segundo o produtor, tem 344 metros quadrados, mais uma unidade anexa com banheiros, salas, escritório, com aproximadamente 50 metros quadrados.
Quanto ao maquinário, ele explica que a unidade só não tem máquina para retirar o filé da carcaça porque ainda não existe. “Essa parte tem que ser na faca. Mas, máquina para tirar a pele, para tirar as escamas, para limpar a tilápia por dentro, isso tudo tem”, garante.
Vencendo a burocracia
Hoje, ao olhar para a estrutura quase concluída, os produtores se sentem aliviados, já que o processo levou três anos até estar praticamente finalizado. Conforme Volles, inicialmente o abatedouro seria municipal, já que a produção do grupo não era tão expressiva.
Mas, como os produtores forneciam o peixe para uma empresa que comercializava o produto na região, foram orientados a buscar apoio junto ao Estado.
“O nosso maior problema foi a burocracia. Foram três anos atrás de papelada e outras coisas. Cheguei a ir a Florianópolis. Claro, conseguimos R$ 251 mil em recursos que não têm devolução. Então, todo o maquinário e câmaras frias nós recebemos do Estado. A Prefeitura está apoiando muito, ainda vai fazer as lagoas lá embaixo e aterrar algumas áreas”, revela.
O apoio da Prefeitura, segundo Volles, chega a R$ 40 mil, se contabilizados os projetos e plantas do empreendimento.
O diretor de Agricultura, Valério Onofre, evidencia a qualidade do empreendimento, que é de grande importância para o município e região.
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“Tudo que está sendo colocado aqui é de primeira linha. O telhado, por exemplo, é daquela telha sanduíche, que isola o calor. Não é um material qualquer. O projeto foi muito bem desenvolvido”, afirma.
Volles complementa declarando que se o grupo não tivesse muita força de vontade e união, o projeto não teria saído, “porque os obstáculos foram muitos”.
Pesque-pague
Outra questão apontada por Onofre é que o abatedouro vai facilitar o beneficiamento do peixe para outros empreendedores. Segundo explicou, o produto servido nos pesque-pague não pode mais ser pescado e abatido no próprio local.
Portanto, o consumidor que comprar peixe nestes estabelecimentos, deve transportá-lo vivo para casa.
“Se você quer ir no pesque-pague comer peixe, você pode, mas esse produto deve ser abatido fora dali. Não existe mais isso de pescar, limpar ali e outro já ir fritando igual se faz na nossa casa. Teoricamente, não pode mais”, destaca.
Onofre salienta que o ramo da piscicultura está em ascensão, já que o peixe, além de ser saudável, é gostoso. Sem falar no fomento ao turismo rural, pois as pessoas costumam buscar locais de belas paisagens para degustar pratos à base de peixe ou simplesmente curtir uma boa pescaria.
“Em Schroeder, nós temos quatro lugares que servem peixe e, se você for no fim de semana, os quatro estabelecimentos têm bastante movimento”, afirma.
Piscicultura brasileira
- – A piscicultura brasileira produziu 691.700 toneladas em 2017, segundo levantamento da PeixeBR.
- – O Brasil já se encontra entre os quatro maiores produtores de tilápia do mundo, atrás apenas de China, Indonésia e Egito.
- – Apesar das adversidades climáticas, a região Sul voltou a liderar as estatísticas nacionais de produção, com 178,5 mil toneladas de peixes produzidas, impulsionada pelo Estado do Paraná, primeiro na história a ultrapassar a barreira das 100 mil toneladas/ano.
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