OCP nos bairros: Rodovia é ponto de atenção no Água Verde

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Elissandro Sutil

16/08/2018 - 05:08 - Atualizada em: 29/05/2024 - 11:05

Enquanto em Salvador a temperatura nesta época do ano permite “pegar uma praia”, em Jaraguá do Sul as temperaturas ficam na casa dos 17° e a diferença foi sentida por Ana Regina da Silva Pessatti, que trocou a Bahia por Jaraguá do Sul.

São seis anos morando no Água Verde e ela garante que, apesar de sofrer no inverno, não troca o bairro por nada. “Lá a essa hora dá praia”, brinca.

Cortado pela rodovia BR-280, o Água Verde é privilegiado quando o assunto é localização e Ana sabe bem disso, tanto que sair do bairro não é sequer uma opção para a família.

Ana não tem vontade de sair do bairro tão cedo | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Ana não tem vontade de sair do bairro tão cedo | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Apesar disso, a mesma rodovia que permite o acesso rápido e facilitado aos bairros próximos, ao Centro e até mesmo a outras cidades, também é motivo de preocupação para a doméstica de 47 anos.

Há alguns anos, a vizinha dela morreu atropelada ao tentar atravessar a rodovia e hoje, as duas filhas fazem o mesmo trajeto, atravessando para chegar ao trabalho.

Essa é a realidade de boa parte dos moradores que se dividem entre os dois lados da BR-280 e precisam cruzá-la constantemente, seja para ir à escola, à igreja ou ao comércio.

Para Ana, essa é a principal reivindicação dos moradores que não querem ter que ir novamente ao enterro de algum vizinho atingido na rodovia.

“Falta uma passarela ou algo nesse sentido, que dê segurança para essa travessia. Muita gente atravessa durante o dia todo. Acho que é só isso que falta mesmo aqui no bairro”, ressalta.

Prova que a reivindicação é antiga são as manifestações que já ocorreram no local. À época do falecimento da vizinha de Ana, a comunidade fechou a rodovia em protesto. Há cinco anos já pediam por uma estrutura segura de travessia.

População protestou por melhorias na região | Foto Arquivo OCP News

População protestou por melhorias na região | Foto Arquivo OCP News

 

Hoje, embora uma lombada eletrônica tenha sido instalada na região, a insegurança continua, como aponta o estudante Felipe Jarostzevski, de 19 anos, que caminha todos os dias pela rodovia.

“Precisamos de atenção à infraestrutura da BR, com a construção de uma passarela para os moradores atravessarem”, avalia.

Não é incomum ver, nos horários de entrada e saída da escola, crianças buscando espaço entre os veículos para atravessar a rodovia.

A reportagem do OCP News entrou em contato com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), responsável pela manutenção da rodovia, mas não obteve resposta até o fechamento da edição.

Segurança, localização e opções comerciais

O bairro Água Verde é, segundo os moradores, privilegiado graças a sua localização que facilita e muito a vida de quem mora por lá. Para o auxiliar administrativo Henrique Voltolini, que mora no Água Verde desde que nasceu, há 41 anos, a infraestrutura do bairro cresceu ao longo dos anos, o que permite, hoje, que a vizinhança faça tudo na própria comunidade.

Embora ele aponte o crescimento, há coisas que não mudam, afirma Voltolini, como a segurança e tranquilidade. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o bairro no último censo – realizado em 2010 – pouco mais de 2,5 mil habitantes.

Bairro é apontado pelos moradores como seguro e cheio de opções de comércio | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Bairro é apontado pelos moradores como seguro e cheio de opções de comércio | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Assim como ele, o motorista aposentado José Padilha, 59 anos, ressalta que a tranquilidade é, inclusive, um dos motivos pelos quais o bairro tem crescido e atraído mais moradores que, assim como ele, chegam a Jaraguá do Sul para trabalhar.

Padilha mora no Água Verde há 13 anos, desde que chegou para ser motorista em uma grande empresa. Ele só deixou de rodar por aí quando um grave acidente, em 2013, na BR-280 em Guaramirim, o deixou por seis meses em uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).

Agora, não é raro vê-lo pelas ruas acenando, parando, conversando e multiplicando as amizades que, segundo ele, são muito fáceis de se conseguir por ali.

“É um bairro muito tranquilo, acho que ninguém tem nada para se queixar nesse quesito. Além disso, a vizinhança é muito boa, a minha esposa que diz que eu pareço vereador andando na rua porque cada um que passa, buzina, ou para pra conversar. As amizades aqui valem ouro”, destaca.

A boa vizinhança é destacada também pelo estudante Felipe Jarostzevski, que vê o bom convívio com os vizinhos ser passado dos pais para ele. Mas, ao contrário do que afirma Voltolini, para o jovem estudante de Direito, o bairro não expandiu tanto assim.

Embora discorde do crescimento, ele também avalia positivamente a segurança do Água Verde. “Pela minha percepção, continua com um nível relativamente bom de segurança, ainda pode ser considerado um bairro seguro, mas aparentemente não mudou muita coisa no que diz respeito a crescimento”, afirma.

Fato é que os milhares de habitantes têm, segundo Voltolini, uma boa estrutura. “É muito bom aqui, tem tudo perto, ele é bem rodeado comercialmente”, destaca. E o que não tem por ali, é fácil de encontrar nas proximidades, afinal, o bairro tem como vizinhos outros tantos, como o Chico de Paulo, Amizade, Rau e Estrada Nova.

Infraestrutura em constante evolução

Que a educação é orgulho em Jaraguá do Sul, não é novidade e também não é de hoje. E o Água Verde tem motivos de sobra pra comemorar, pois é casa da Escola Anna Töwe Nagel, que há alguns anos teve um desempenho considerado excelente no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

Segundo Henrique Voltolini, que inclusive mora próximo à escola, o resultado não foi surpresa e nem exceção. Ele destaca ressalta que os serviços básicos como saúde e educação, são exemplos no bairro. A opinião é compartilhada pelo motorista aposentado José Padilha e pela doméstica Ana Regina da Silva Pessatti.

Cobertura de água e esgoto é motivo de orgulho para moradores do bairro | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Cobertura de água e esgoto é motivo de orgulho para moradores do bairro | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Voltolini ressalta ainda que a preocupação com o bairro pode ser vista nas obras que, segundo ele, são constantes. Neste momento, por exemplo, serviços de recapeamento estão em andamento, o que, ele afirma, até foi motivo de reclamação, mas os benefícios já superaram os transtornos causados pelas obras.

Outra característica que é motivo de orgulho para quem mora no bairro, segundo Voltolini, é a cobertura de água e esgoto. A sede do Samae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e ETA (Estação de Tratamento de Água) Central, inclusive, estão instaladas na região.

“O Água Verde é o primeiro bairro da cidade a ter o tratamento e, com certeza, isso contribui para a qualidade de vida”, enfatiza.

Limpeza de ruas e áreas de lazer ainda deixam a desejar

Aos 19 anos, o estudante Felipe Jarostzevski reclama que não possui muitas opções de lazer no Água Verde. A única opção para ele, é pegar a estrada em direção a outros bairros. Além dele, Henrique Voltolini e Ana Regina da Silva Pessatti apontam a mesma deficiência.

“O que falta por aqui hoje, é uma área de lazer. Não tem alternativa para quem mora por aqui”, diz Voltolini. Para Ana, o poder público poderia, ao menos, construir uma pracinha para as crianças. “Uma pracinha, um parquinho para as crianças seria bom”, avalia.

Segundo o estudante, hoje as opções de lazer do bairro até existem, mas são muito limitadas. “Que eu me recorde só no entorno da igreja [São Judas Tadeu] e tem um parque ali na região do Rau, mas tem que atravessar a rodovia, o que para as crianças é inviável e caímos no problema da segurança da travessia”, destaca Jarostzevski.

Além da falta de opção para o lazer, o motorista aposentado José Padilha chama a atenção para outra ausência: a de limpeza das ruas. Segundo ele, é muito raro ver funcionários trabalhando na manutenção e limpeza das vias, que seguem bem cuidadas graças ao trabalho dos próprios moradores.

“Antigamente a gente tinha os garis, que deixavam tudo limpinho, hoje demoram muito, quando aparecem”, reclama.

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