Para quem nasceu e foi criado no sobe e desce das ruas do bairro Nova Brasília, foi fácil notar a diferença quando a paisagem começou a mudar e os telhados baixos das casas começaram a dar lugar aos altos edifícios.
Mas, o bairro que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tinha pouco mais de 3 mil habitantes em 2010, permanece, até certo ponto, com as mesmas características de anos e décadas atrás.
Majoritariamente residencial, o Nova Brasília se caracteriza por suas ruas, algumas estreitas, outras nem tanto, que costumam ser, de fato, um sobe e desce. É difícil ter uma visão geral do bairro, que tem nos pequenos comércios e na prestação de serviços, suas atividades principais.
Para uma cidade como Jaraguá do Sul, com tantos morros e pontos altos, não é impossível encontrar um desses para identificar o bairro. O Nova Brasília enche os olhos de quem sobe até a Arena Jaraguá e dá uma olhadinha por trás do Batalhão da Polícia Militar.
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De cima, fica ainda mais claro o quão residencial é o bairro que mistura as tradicionais residências, com os prédios novos e modernos, alguns deles de alto padrão.
O dia a dia no bairro
Se de cima é possível notar as construções que formam o bairro, de baixo, das ruas que cortam o Nova Brasília o que é bem visível, de acordo com o aposentado Renaldo Ricardo Reimer, 59 anos, é a alta velocidade dos carros que circulam pela comunidade.
Sem medo da chuva que caía no início da semana, o aposentado se esforçava para subir a rua José Emmendoerfer. Ele, há três décadas vivendo no bairro, conta que a rua, com asfalto intacto, é um convite aos apressadinhos.
“Por aqui está cheio de piloto de Fórmula 1. Não vou dizer que são todos, porque não são, mas essa rua aqui é uma verdadeira pista de corrida”, diz.
Para ele, é necessário instalar obstáculos e sistemas de redução de velocidade, pois sem isso, a via continuará sendo de alta velocidade, levando perigo especialmente a pedestres e ciclistas, afirma.
“Aqui é muito tranquilo, é um bairro muito tranquilo, só que tem isso da velocidade. Não sou só eu que vejo, muita gente aqui da vizinhança se queixa da alta velocidade”, completa.
E, pelo jeito, o pé pesado no acelerador não é exclusividade daqueles que trafegam pela rua José Emmendoerfer. Assim como Reimer, o comerciante Vilmar Raitz, 59 anos, também enxerga as ‘peripécias’ ao volante, mas dessa vez a via, como chama Reimer, “pista de fórmula 1” é outra, a rua João Planincheck.
O controle de velocidade
Comerciante no bairro há cerca de quatro anos, Raitz também cobra do poder público ações e intervenções que possam ser capazes de controlar a velocidade na rua. “Aqui tem bastante movimento e uma velocidade exagerada. Deveria ter alguma fiscalização, alguma ação para inibir isso”, avalia.
E a cobrança não parte apenas dos mais velhos. Aos 19 anos, Leandro Tarden Fussil também cobra um posicionamento das autoridades “antes que aconteça coisa pior”.
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Para ele, que mora no bairro há dois anos, as ruas do Nova Brasília são muito perigosas por conta do excesso de velocidade, da própria geografia das ruas que possuem subidas e descidas que dificultam a visão, especialmente em alta velocidade.
Ele também chama a atenção para a sinalização que, acredita, é deficiente.
“Aqui as vias são muito perigosas, e ainda mais para os pedestres e ciclistas. Não tem controle de velocidade, pouca sinalização, pra acontecer alguma coisa séria não custa muito”, ressalta.
Segundo a Prefeitura, a instalação de faixas elevadas ou qualquer outro sistema de controle de velocidade pode deixar o trânsito mais lento, especialmente nos horários de pico.
“Temos que ter este cuidado para não engessar a cidade com as faixas elevadas”, afirma o secretário de Planejamento e Urbanismo, Eduardo Bertoldi.
Ele se refere a um dos pontos mais conflitantes do bairro, segundo ele: o cruzamento das ruas Expedicionário Antônio Carlos Ferreira com a João Planincheck.
De acordo com o secretário, o município avalia a possibilidade de instalar temporizadores automáticos de semáforos, com câmeras que fazem a contagem dos veículos em cada sentido das vias e o gerenciamento eletrônico.
“Da mesma forma, estão em estudo os locais para instalação de mais 20 faixas elevadas, levando em consideração o fluxo de pedestres e de veículos. A Secretaria de Planejamento e Urbanismo, por meio da Diretoria de Trânsito e Transportes está fazendo a revitalização da sinalização de trânsito do bairro, com a pintura das faixas de pedestres, eixo, trevo alemão e demais sinalizações de solo”, afirma a pasta por meio de nota.
O secretário cita ainda outro exemplo de conflito no trânsito da região, que é o cruzamento das ruas José Emmendoerfer com Dona Antônia, onde, segundo Bertoldi, existe sinalização, mas não há a devida atenção dos motoristas. “Uma solução para este caso também está sendo estudada”, finaliza a secretaria.
A boa vizinhança do Nova Brasília
Um bairro daqueles em que, ao sair na rua para caminhar seja em direção a padaria, ao mercadinho, ou apenas para esticar as pernas, os “bom dia”, “como vai?”e “amanhã tem futebol, hein?!”, são comuns e carregados de uma certa intimidade.
Para o comerciante Vilmar Raitz, o Nova Brasília é exatamente assim. Ele conta que é comum ver as pessoas na calçada conversando animadamente, ou então, no portão das residências.
O morador conta, e com propriedade, já que é o responsável por abastecer a vizinhança com água mineral, que o bairro é daqueles em que os adultos nasceram, brincaram com os vizinhos, casaram, tiveram seus filhos e permaneceram.
“É um bairro muito tranquilo, daqueles que todo mundo se conhece e, se bobear, sabe até o nome dos parentes dos vizinhos. Geralmente as pessoas daqui já moram aqui há tempos, o que torna uma vizinhança muito boa”, diz.
Mesmo sem ter sido criado em meio às ruas do bairro, Josilene Gesser, de 38 anos, também percebe esse mesmo clima no Nova Brasília. Ela considera a comunidade muito receptiva e, além disso, exalta as qualidades do bairro. Para Josilene, é um “local bom porque tem tudo por perto”.
Embora admita que faltam opções de comércio genuinamente “nova brasiliense”, ela considera a localização importante para que a comunidade tenha ao seu dispor opções variadas.
“Eu acho que faltam padarias, mercados, farmácias no bairro mesmo, mas aqui do lado é a Vila Lenzi e o Centro já, então, é tudo muito perto”, afirma. E, realmente, o Nova Brasília tem como vizinhos bairros ricos em comércio e serviços. Cercado pelos bairros Centro, Vila Lenzi, Jaraguá Esquerdo, Czerniewicz, Chico de Paulo e Água Verde.
O drama das calçadas
Mas, nem tudo são flores. Quem chama a atenção para um problema recorrente no bairro é o jovem Leandro Tarden Fussil. Debaixo da fina garoa que caía na cidade no início da semana, mostrou o estado das calçadas que, para ele, “é um absurdo”.
“As calçadas são todas cheias de buraco. Quando não tem buraco, não tem padrão, uma é mais alta, outra mais baixa. Isso pra causar um acidente é rapidinho, por exemplo, imagina se uma pessoa cega estiver andando por aqui, não consegue, vai cair. É um perigo”, afirma.
A Prefeitura alega que os fiscais do Setor de Fiscalização de Posturas já notificaram todos os proprietários de imóveis sem calçadas ou em que estão em situação irregular.
Por meio de nota, a Prefeitura afirma que o município tem enfrentado resistência dos moradores em construir a calçada de maneira adequada, observando o padrão de nivelamento, por exemplo.
“No caso dos imóveis notificados, não obedecido o prazo para as adequações, o proprietário é penalizado com a cobrança em dobro da alíquota do IPTU, o que não é suficiente para surtir o efeito desejado, que é a regularização do passeio público. Além desta medida de cobrança, os fiscais buscam orientar os proprietários e conscientizar sobre a importância da regularização”, destaca.
O acúmulo de água
A chuva que caía na manhã da última segunda-feira (16) não era muito intensa, depois de um fim de semana em que os jaraguaenses não puderam estender as roupas no varal. Apesar de a chuva mais grossa ter dado lugar a uma garoa, era possível ver o evidente impacto do clima chuvoso nas ruas do bairro Nova Brasília.
As poças d’água não deixam mentir. Com as calçadas carentes de manutenção, o acúmulo de água ficou facilitado, mas, de acordo com o comerciante Vilmar Raitz, nem são os buracos os maiores problemas quando o assunto é a chuva.
Ele conta que os bueiros não estão dando conta do recado. “A tubulação da rua é boa, mesmo, mas as bocas de lobo são muito pequenas, pode olhar. Elas são pequenas e não comportam o volume de água e nem precisa ser uma chuvarada, aí enche, claro”, afirma.
Segundo Raitz, não é necessária uma grande chuva para que os moradores comecem a sentir os impactos. Ele conta que diversos vizinhos já abriram a casa e deram de cara com a água que enchia os quintais porque não conseguiam escoar pelos bueiros de abertura limitada. “Aqui mesmo já chegou a ter água bem perto da porta e olha que é elevado em relação a rua”, completa.
O problema também é visível para Leandro Tarden Fussil, que viu os vizinhos sofrendo para sair do quintal tomado pela água da chuva. Para ele, o problema é exatamente como descrito por Raitz. “Os bueiros são estreitinhos e enchem com facilidade porque acabam virando um funil”, avalia.
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Segundo a Prefeitura, a Secretaria de Obras e Serviços Públicos está realizando o conserto de erosões de tubulação e bocas de lobo todos os dias e em diversas regiões do município.
“A falta de manutenção e limpeza nas ruas levou sedimentos para a rede pluvial, causando o entupimento em muitos casos e limitando a passagem da água da chuva”, afirma.
A Prefeitura ressalta ainda a importância de os registrarem as ocorrências na Ouvidoria da Prefeitura (0800-642-0156), para que possa ser providenciado o conserto.
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