Por Priscila Horvat
El Niño, La Niña, estiagem e enchente. Se tem uma coisa que o tempo mostra, é que o ser humano está à mercê da vontade da natureza. Ao longo dos últimos dias, o Brasil tem se comovido com os eventos no Rio Grande do Sul, que geraram uma onda de solidariedade ao redor do país.
As maiores catástrofes climáticas podem ter influência direta da ação do homem ou não. Elas podem acontecer por uma reação em cadeia após diversos episódios diferentes, seja pela quantidade absurda de água ou de calor. Nenhum extremo é bom.
De acordo com os dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM), dos 5.570 município brasileiros, 5.199 foram atingidos por desastres naturais (e isso apenas entre o período de 2013 a 2022) – ou seja, 93% de casos emergenciais em todo o território nacional em decorrência das chuvas, alagamentos, enxurradas, inundações, tempestades e deslizamentos de terra.
Fato é que o mundo inteiro está sujeito à Mãe Natureza, e Jaraguá do Sul não é diferente. A cidade, afinal, já foi atingida por desastres ambientais de graves consequências, como os seguintes:
- 29/março/1972: forte temporal destruiu 16 pontes e foi responsável por 160 deslizamentos que formaram barreiras em vias e estradas;
- 2/outubro/1953: a década de 1950 ficou marcada por esse dia, no qual uma chuva muito forte fez com que as águas de rios e córregos subissem de forma expressiva, até alcançar a marca de pouco mais de seis metros. Após as águas baixarem, o cenário de destruição mostrava casas, animais e construções arrastados e destruídos pela correnteza;
- 2/novembro/2008: após quase dois meses de chuva por todo o Estado, a cidade sofreu com enchente e desmoronamentos. Além dos prejuízos financeiros, a tragédia ainda vitimou 14 pessoas, sendo 13 mortos por soterramento e um por afogamento.
Medidas de contenção
Os exageros climáticos se tornaram pauta e a Defesa Civil tem atuado diretamente para tentar mitigar possíveis enchentes e prejuízos de todos os tipos. Desde 2008, a Prefeitura de Jaraguá do Sul e a Secretaria de Obras do município têm realizado melhorias e obras por toda a cidade.
De 2008 até 2024, foram feitas mais de 115 intervenções preventivas entre entroncamentos, ampliação de vazão, contenção de margem de rios, desassoreamento, substituições de tubos por galerias, limpezas de pontes e valas em praticamente todas as regiões da cidade, com investimentos que ultrapassaram R$ 15 milhões para a prevenção de alagamentos e enchentes.
Nesse valor estão inclusas as obras do Parque Linear Via Verde, desenvolvido com dois objetivos: ser um espaço público de descanso e atividades e, em caso de chuvas torrenciais, ele está apto para ser inundado – assim, o terreno e seus arredores ficam alagados para evitar que a cheia do rio atinja os bairros. Quando a água escoa, é muito mais fácil (e barato!) recuperar a área.
Mas os trabalhos não podem parar. Em janeiro deste ano, mais um caos climático trouxe consequências. Apenas 20 minutos de chuva foram suficientes para desencadear uma enxurrada que devastou uma parte da cidade, causando prejuízos de quase R$ 20 milhões. Pensando nessa e em outras possíveis situações, as obras continuam a todo o vapor.
A Prefeitura de Jaraguá do Sul divulgou nesta semana que o Governo Federal aprovou um projeto para a contenção de encostas no bairro Rau no valor de R$ 1,7 milhão. Além desta, outras três propostas relacionadas à prevenção de desastres naturais seguem em análise e esperam aprovação em Brasília.
No total, essas quatro obras têm um investimento previsto de R$ 15 milhões. Todos os projetos foram criados com o respaldo de um laudo da Defesa Civil Estadual e recebem atuação direta do deputado Carlos Chiodini para a liberação das aprovações junto ao Ministério das Cidades.
Com as chuvas quase ininterruptas que têm acometido nosso vizinho Rio Grande do Sul, o que Jaraguá do Sul (e todo o País) precisa é se precaver das consequências do efeito estufa, das mudanças climáticas bruscas e até dos caprichos da natureza.