Completar um século de vida. E fazer isso com alegria. Essa é a façanha do seu Manuel Candido de Farias. Ele chega aos 100 anos de idade neste sábado (23), em Jaraguá do Sul, afirmando que está em sua melhor fase.
“O momento mais marcante da minha vida está sendo agora, posso pensar, passear, descansar e ficar mais tempo com os familiares… jogar dominó. Uma vida muito mais tranquila que na juventude”, arremata.
Chegar ao centenário com essa visão é para poucos. E motivo de ainda mais alegria é ter a companheira Donzila de Oliveira Farias, 93 anos, ao seu lado.

Donzila e Manuel na festa de 75 anos de casados. Foto: Arquivo Pessoal
Os dois estão casados a 76 anos e formaram uma árvore genealógica daquelas robustas: 13 filhos, 39 netos, 48 bisnetos e 7 tataranetos – até o momento. É quase um descendente para cada ano de vida de seu Manuel.
A grandiosa festa de aniversário que estava sendo planejada para comemorar esse marco de vida precisou ser adiada por conta da pandemia, mas a família toda está em festa.
Um vida de trabalho
Seu Manoel adotou Jaraguá do Sul a pouco tempo. Chegou aqui em 2011 para morar com a filha Lindaura e o genro Vandelin para que pudessem receber os cuidados necessários, já que dona Donzila foi diagnosticada com Alzheimer.
“Gosto muito da cidade, me adaptei bem com clima, é gostoso, tem bastante mata, verde. Sabendo viver não existe lugar ruim”, garante, ressaltando que o Parque Malwee foi um dos locais que mais frequentou.

Família de seu Manuel reunida no Parque Malwee. Foto: Arquivo Pessoal
Todos os dias, ele acompanha a missa pela televisão com devoção e mantém o hábito de fumar um cigarro de palha. Seu passatempo preferido, como ele mesmo disse, é jogar um dominó.
“Passei por muitos tempos difíceis, mas minha fé sempre foi maior que tudo. A família, eu mantive com o suor no cabo da enxada, sempre rezei o Anjo da Guarda, com muita fé passei por todos os momentos difíceis”, relata.
Manuel é nascido na localidade de Varginha, no município de Santo Amaro da Imperatriz, da região da Grande Florianópolis, mas andou muito por Santa Catarina.
Começou a vida trabalhando como colono em Alfredo Vagner, após conhecer sua fiel companheira Donzila casou em Ituporanga e na sequência foi balseiro em Aurora.
A maior parte da sua vida passou em Rio do Oeste, onde começou a família. Trabalhava no campo, ajudava o sogro no alambique e no engenho de farinha, A mandioca era plantada para o engenho e o resto do cultivo para a manter a família.
Aos 60 anos ele vendeu as terras e se mudou para Indaial, onde trabalhou mais alguns anos como servente de pedreiro e jardineiro.
Nas memórias da família, está fama de bom domador de cavalos e laçador. Seu transporte era o cavalo de montaria. Manuel também não teve estudo formal, mas sempre se virou. Aprendeu sozinho a fazer contas – e as faz como ninguém.
“Saber viver neste mundo é um dote que Deus te dá, sou analfabeto, mas ao longo da vida aprendi muito, quando mais jovem, eu era chamado para fazer cálculos de terrenos… sem nunca ter estudado”, conta o centenário. “Saber lidar com as pessoas não é fácil, mas não posso me queixar pois nunca faltou o pão na mesa da minha família”.
Sem medo de mudanças, aos 72 anos de idade ele vendeu a casa Indaial e foi morar em Joinville. Chegando aos 90, foi hora de fazer as malas para Jaraguá do Sul.
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