As crianças e adolescentes estão terminando o ano escolar, e com isso, mais uma temporada de aprendizados. De acordo com o Censo Escolar 2024, a quantidade de matrículas de alunos dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA) saltou de 636 mil para 918 mil em 2024, um aumento de 44% em relação ao ano anterior.
Porém, se durante o ano todo os jovens autistas possuem suas rotinas conectadas com a escola, o período de férias que se aproxima representa uma certa mudança no dia a dia dos estudantes, o que pode gerar algum estranhamento.
Mariana Alves Leite, neuropediatra da Afya Educação Médica Curitiba, aponta algumas medidas, por parte da família, que podem suavizar a transição entre a rotina escolar e o período de férias. Para ela, quanto mais bem planejado for este momento, melhor os jovens e os pais poderão curtir estes dias.
“Para que esse descanso seja leve e seguro, é necessário planejar a rotina desses dias com carinho. É essencial organizar uma rede de apoio, marcar encontros com coleguinhas da escola, propor brincadeiras e interações. São ações que ajudam a manter o emocional da criança regulado e a proporcionar momentos de diversão”, afirma a neuropediatra.
Um dos maiores trunfos que os pais podem utilizar, neste contexto, é a inserção de atividades físicas, pois ela tem a capacidade de fazer com que as crianças e adolescentes gastem mais energia, ocupando o tempo que, nas férias, está livre.
“Com as férias, surge a tentação de deixar os filhos mais ociosos, porém quanto mais tempo sem atividades, maior a chance de agitação e frustração, o que pode afetar o humor, o sono e o comportamento. Uma alternativa é inserir atividades físicas na rotina, como a natação, que gasta energia, acalma e traz serenidade. É importante equilibrar descanso e estímulo, respeitando o tempo da criança sem abrir da sua evolução”, pontua Mariana.
Diferentes níveis, diferentes necessidades
O TEA compreende três níveis de suporte, que geram diferentes evoluções na autonomia, na comunicação e na dependência de cada pessoa dentro do espectro autista. Para os jovens em férias escolares, estes níveis também exigem estratégias variadas para que eles e toda família consigam curtir este momento de descanso, como explica a especialista da Afya Curitiba.
“No nível de suporte 1, é fundamental aproveitar talentos, interesses e hiperfocos da criança ou do adolescente, pois isso estimula a criatividade. Já no nível 2, é essencial avaliar a comunicação verbal e a autonomia da criança, para adaptar as atividades à sua realidade. Porém, para quem está no nível 3, que são os não-verbais e com maior dependência, a rotina deve ser minimamente alterada, priorizando ambientes tranquilos, contato com a natureza e atividades que favoreçam o conforto sensorial”.