Explosão da fábrica de pólvora: maior tragédia de Jaraguá do Sul completa 70 anos

Fábrica destruída | Foto: Arquivo histórico de Jaraguá do Sul

Por: Elisângela Pezzutti

06/11/2023 - 16:11 - Atualizada em: 06/11/2023 - 18:10

A explosão da fábrica de pólvora Pernambuco Powder Factory, na manhã de 6 de novembro de 1953, completa 70 anos nesta segunda-feira (6). O triste incidente, que matou dez dos 22 funcionários do estabelecimento, é até hoje a maior tragédia registrada na história de Jaraguá do Sul. Na época, os moradores da cidade, que tinha pouco mais de 30 mil habitantes, ficaram em choque.

A explosão, ouvida em um raio de 50 quilômetros, tirou a vida de Arlindo Cunha, Reinoldo Jung, Alfredo Franke, Ernani Francisco da Costa, Severino da Luz, Leopoldo e Raul Bruch (pai e filho), Leopoldo Tescher, Arnaldo Pereira e Hercílio Sabino. Outras oito pessoas ficaram feridas e as estruturas de mais de uma centena de prédios ficaram abaladas.

Situada na Rua Pedro Floriano, no Bairro Czerniewicz, na localidade conhecida hoje como Tifa da Pólvora, a fábrica era a terceira maior produtora de pólvora do Brasil e desapareceu com a explosão.

A edição de 8 de novembro de 1953 do jornal ‘O Correio do Povo’ registrou o acontecimento com a manchete “Jaraguá de luto. A explosão da fábrica de pólvora – 10 mortos e oito feridos”.

Movimentação no dia em que ocorreu a explosão | Foto: Arquivo Histórico de Jaraguá do Sul

Homenagens

Por iniciativa do industrial Werner Voigt, um dos fundadores da WEG, já falecido, uma cruz de sete metros de altura, instalada em 2013 no cemitério do Centro, onde quatro vítimas da explosão estão enterradas, homenageia os dez mortos na tragédia.

Monumento no cemitério do Centro homenageia as dez vítimas que perderam a vida na explosão | Foto: Divulgação

Além do monumento, um trabalho organizado pelo pesquisador Giuliano Berti e pelo historiador Ademir Pfiffer resultou na publicação do livro “A explosão da fábrica de pólvora”.

Também em homenagem aos mortos no incidente, o então servidor público e radialista Atayde Machado, que por décadas comandou o programa “O Rancho do Dadi”, na Rádio Jaraguá, compôs o poema “As dez cruzes emparelhadas”, transformada em música por ele e a dupla Elias e Elízio.

Fábrica foi instalada em 1912

A instalação da fábrica de pólvora em Jaraguá do Sul aconteceu por iniciativa dos imigrantes alemães Fritz e Henrique Rappe, em 1912, no local conhecido na época como Tifa Rappe. Durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), a fábrica foi ocupada pelo 13º Batalhão de Caçadores. Naquele período, ocorreu a primeira explosão, quando parte da estrutura foi destruída, mas ninguém se feriu. O incidente se repetiu em 8 de setembro de 1941, também sem deixar feridos.

Com o fim da guerra, em 1918, os primeiros proprietários mudaram-se para Curitiba e venderam o que restou da fábrica para Augusto Mielke, que transferiu o empreendimento para a Rua João Doubrawa. Em 1926, a empresa foi vendida para Reinoldo Rau, que em 1939 a vendeu para um grande fabricante de pólvora com sede em Pernambuco – a S/A Pernambuco Powder Factory, que produzia pólvora, explosivos de segurança e estopins da marca “Elephante”. A fábrica jaraguaense tornou-se, então, uma filial e produzia diariamente cerca de cem quilos de pólvora.

 

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Elisângela Pezzutti

Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua na área jornalística há mais de 25 anos, com experiência em reportagem, assessoria de imprensa e edição de textos.