Com as mudanças climáticas cada dia mais escancaradas, um novo fenômeno, que pode impactar de diversas formas, apareceu: a ecoansiedade, que atinge principalmente a população mais jovem.
De acordo com um estudo publicado na revista The Lancet Planetary Health, mais de 60% dos brasileiros entre 16 e 25 anos se sentem “extremamente preocupados” com os impactos das alterações climáticas. Esse sentimento, que também é chamado de ansiedade climática, está gerando um impacto direto em algumas das grandes decisões de vida, principalmente no caso das mulheres.
A ecoansiedade, termo descrito pela primeira vez em 2017 por Susan Clayton, professora de psicologia e estudos ambientais da Faculdade de Wooster, nos Estados Unidos, reflete um medo crônico das consequências das mudanças climáticas, levando a uma sensação de angústia sobre o futuro e o bem-estar das próximas gerações.
A pesquisa ainda mostrou que 48% dos jovens brasileiros hesitam em ter filhos devido a esse temor, um número que supera a média global de 39%. Essa dúvida já pode ser vista como um fator alarmante, principalmente porque, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil registra uma queda na taxa de natalidade pelo quarto ano consecutivo (dados de 2023).
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Além das preocupações sobre a maternidade, a ecoansiedade afeta diretamente a saúde mental. Cerca de 45% dos jovens entrevistados relataram que suas preocupações sobre mudanças climáticas têm um impacto negativo em suas atividades diárias, o que, por consequência, resulta em um aumento de pensamentos negativos.
Um relatório da ONU Mulheres, intitulado Justiça Climática Feminista: um Quadro para Ação, prevê que, até 2050, mais de 158 milhões de mulheres e meninas poderão ser empurradas para a pobreza em decorrência do aumento da temperatura global em 3ºC. Esses dados reforçam o dilema enfrentado por muitas mulheres que desejam ser mães, mas se veem incapazes de garantir um futuro seguro e saudável para seus filhos.
Os impactos da ecoansiedade vão além da saúde mental e das escolhas reprodutivas. Eles questionam as bases da sociedade, desafiando as gerações mais jovens a repensarem seus planos de vida em um contexto de incertezas climáticas.
Seja para diminuir a ansiedade ou ajudar a não baixar a natalidade, promover a conscientização sobre os efeitos das mudanças climáticas e suas implicações emocionais é de extrema importância para enfrentar a ecoansiedade e proporcionar um futuro mais esperançoso.