Já no final do verão e início do outono, diversas regiões do Brasil registram altas temperaturas, com período de chuvas irregulares. A mudança climática é a nova realidade no Brasil e milhares de vidas são impactadas pelo aquecimento global.
A Fundação Pró-Rim vem no Dia Mundial da Água, neste 22 de março, ressaltar a importância da hidratação e chamar a atenção para alguns dados que podem impactar diretamente na saúde dos brasileiros.
Estudos mostram que a temperatura média global dos últimos 10 anos chegou a 1,15 °C acima da linha da base pré-industrial (1850-1900). Este é o período de referência para tais dados. Já a área terrestre mundial afetada pela seca extrema aumentou de 18% na década de 1950 para 47% entre 2013 e 2022.
As informações estão no relatório anual do clima, baseado nos dados dos satélites e modelos da Copernicus Climate Change Service (C3S), que tem por base o Programa Mundial de Pesquisa Climática (WCRP), e do Lancet Countdown.
Já percebemos reflexos dessa realidade, com tantas adversidades climáticas, como grandes tempestades e longos períodos de seca. E essa realidade pode resultar em várias outras consequências, como escassez de água e doenças hídricas ou outras associadas.
A necessidade de hidratação diária de todo ser humano já é um fato, mas com o calor excessivo que se tem enfrentado nos últimos meses, o consumo de água é ainda mais essencial. Pesquisas têm mostrado que uma boa hidratação no dia a dia pode diminuir o risco de diversos problemas de saúde, incluindo os renais.
Na prática, se manter bem hidratado significa tomar água suficiente durante o dia, e, consequentemente, esvaziar a bexiga sempre que necessário.
Diante disso, o acesso à água potável é essencial para o bem-estar e saúde da população, tanto para prevenir e garantir o bom funcionamento dos rins; como, também, no tratamento da doença renal, uma vez que a água purificada é essencial no processo de hemodiálise.
Doença Renal
A hipertensão arterial, diabetes e obesidade são consideradas as principais causas de disfunções renais, agudas ou crônicas. Mas, os impactos do aumento da temperatura e das mudanças climáticas também estão sendo considerados nas pesquisas médicas.
Em um congresso sobre doença renal na Europa, em 2017, médicos especialistas já apontavam o aquecimento global e a escassez de água como causadores do crescimento de casos de falência dos rins.
“A água é importante para o funcionamento de todas as células e sistemas de nossos organismos, impactando o funcionamento do rim, assim como de outros órgãos. E independentemente da temperatura, frio ou calor, precisamos fazer a ingestão correta de água. Mas, nos dias mais quentes, devemos evitar ficar horas expostos ao calor; e, estando ao ar livre, fazendo atividade física ou trabalhando, é preciso fazer a reidratação adequada”, ressalta o médico nefrologista dr. Antônio Amadeu Giannasi, responsável técnico da unidade da Pró-Rim em Palmas (TO).
Hidratação correta
Um adulto deve consumir pelo menos dois litros de água por dia. A Organização Mundial da Saúde recomenda 35 ml de água por quilo de peso, ou seja, uma pessoa com 60 kg precisará consumir 2,1 litros.
“Agora, a hidratação correta exige que esse consumo seja feito ao longo do dia, fracionando em várias porções, porque consumir uma quantidade muito grande de água em único momento causará uma sobrecarga aos rins. Outro ponto importante, a água não pode ser substituída por sucos, chás, café, refrigerantes ou outros líquidos”, exemplifica o nefrologista Amadeu.
Em resumo, é preciso ficar atento aos sinais do corpo. “O nosso organismo, regulado pelo sistema renal, irá dizer quando devemos tomar água, quando sentimos sede. O que não pode é ignorar essa vontade ou ingerir outros líquidos que não seja água. Outra forma, observar a cor da urina, que não deve ser muito escura e nem clara demais, deve ter cor de suco de laranja lima – amarelo cítrico”, detalha Amadeu. Ele finaliza com outra dica, acordar muitas vezes durante à noite para fazer xixi é sinal que a ingestão de água ao longo do dia foi em excesso.
Hemodiálise
Elemento essencial na terapia de hemodiálise, a água, após ser purificada, será misturada ao sangue do paciente, juntamente com outros componentes, para ser filtrado na máquina fazendo o papel dos rins. Essa água, que precisa ser potável, ainda terá um tratamento específico na clínica, onde passará por filtração e processos químicos, para garantir sua pureza.