De acordo com os dados divulgados no 34º Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID), que aconteceu neste ano em Barcelona, o número de idosos diagnosticados com infecções sexualmente transmissíveis (IST) vem crescendo significativamente ao redor do mundo.
Segundo a pesquisa, houve um aumento preocupante principalmente nos diagnósticos de sífilis e gonorreia. No Brasil, os casos de HIV/Aids entre idosos também aumentaram de forma relevante. Para os especialistas, os números reforçam a importância dos cuidados com a saúde sexual independente da idade.
O levantamento mostrou que, nos Estados Unidos, os casos de infecções na faixa etária de 55 a 64 anos dobrou na última década. No Reino Unido, entre 2015 e 2019, os diagnósticos de sífilis e gonorreia em pessoas 45+ também duplicaram.
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No Brasil, a situação não é muito diferente, de acordo com o boletim epidemiológico HIV/Aids, divulgado em dezembro de 2022 pelo do Ministério da Saúde, 1.517 idosos foram diagnosticados com HIV em 2021. Esse número é quatro vezes maior do que há 10 anos, e o grupo de pessoas 60+ representa 3,7% dos testes positivos para o vírus no país.
Para a sexóloga Li Rocha, da Rilex Preservativo, os estereótipos sobre a sexualidade na terceira idade podem colaborar para o aumento desses casos. “A primeira coisa que precisamos entender é que é possível transmitir uma infecção sem apresentar sintomas visíveis e isso torna ainda mais crucial a conscientização e a prevenção, porém, os estereótipos sobre a sexualidade na terceira idade agravam essa situação. As pessoas não se tornam assexuadas com a idade, pelo contrário, a atividade sexual pode colaborar para uma expectativa de vida mais longa e um estilo de vida mais saudável”, pontua a sexóloga.
Segundo Li Rocha, o sexo na terceira idade pode oferecer diversos benefícios, porém, é preciso se atentar à prevenção. “Ter uma vida sexual ativa pode contribuir para o autocuidado, a autonomia, a criatividade e a autoestima, além de equilibrar o sistema neuroendócrino e melhorar a qualidade de vida de forma geral. Porém, o aumento de IST nesse público mostra a necessidade de intensificar as campanhas de saúde pública voltadas para saúde sexual dos idosos”, comenta a sexóloga, reforçando a importância de outros cuidados, já que muitos ainda resistem ao uso de preservativos.
“Apesar da importância do uso de preservativos, muitas pessoas na idade avançada relutam em utilizá-los, temendo a perda ou dificuldade de manter a ereção. Esse receio, no entanto, pode trazer riscos ainda maiores, como a exposição a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que têm consequências graves em todas as idades. A utilização correta e consistente do preservativo não apenas protege a saúde sexual, como também evita complicações futuras, sem comprometer o desempenho ou a satisfação durante o ato”, afirma a especialista.