A história por trás dos dois lados do Cemitério Central de Jaraguá do Sul

Por: Maria Luiza Venturelli

25/02/2020 - 00:02 - Atualizada em: 28/05/2024 - 13:53

Quem percorre o centro de Jaraguá do Sul se depara com algo curioso: uma das principais ruas do município, a Coronel Procópio Gomes de Oliveira, corta o Cemitério Central ao meio. Mas, qual é a história por trás da divisão do local?

O cemitério foi fundado em 1909, em uma área que ainda era considerada área rural da cidade. Após mais de um século de crescimento, a estrutura se encontra rodeada de avenidas movimentadas e prédios, e foi exatamente por essa expansão urbana que o cemitério acabou tendo que ser dividido.

Nos primeiros anos eram cometidas irregularidades nos enterros, como o uso de covas rasas, que pode resultar em possíveis epidemias. Foi então que as igrejas Católica e Luterana se uniram para regulamentar a higiene do local e cuidar das normas sanitárias e regras para a construção de túmulos.

Em 1913, com a abertura da Rua Coronel Procópio Gomes de Oliveira, ficou definido que cada igreja ficaria com um lado do cemitério e seguiria as tradições de sepultamento da religião em seu respectivo lado. A decisão foi tomada sem nenhum tipo de conflito.

Atualmente o Cemitério Municipal do Centro é administrado pela Prefeitura. Desde que o poder público passou a ser responsável pela estrutura, não existe mais diferenciação na hora de sepultar alguém, sem distinções entre as religiões.

Foto: Arquivo OCP News

Apesar disso, algumas pessoas ainda lembram dessa diferenciação, principalmente por conta da arquitetura diferenciada em cada lado. Devido aos católicos utilizarem esculturas sacras, os jazigos são reconhecidos por elas. Já os luteranos têm a tradição da inscrição de epitáfios nos túmulos.

Cemitério do Centro tem homenagem às vítimas de tragédia

Foto: Arquivo OCP News

No dia 6 de novembro de 1953, dez trabalhadores morreram na explosão da Fábrica de Pólvora Pernambuco Powder Factory. A empresa, que na época era uma das maiores do Brasil, simplesmente desapareceu com a explosão. Os mortos foram enterrados em vários cemitérios da cidade, mas todas as ossadas foram reunidas em 2013, quando foi construído o monumento.

No Cemitério Central fica a cruz de sete metros de altura que relembra a tragédia. A homenagem representa uma mão abençoando as dez cruzes que simbolizam as vítimas, assim como quem estiver ali orando.

A Pernambuco Powder Factory fabricava pólvora, explosivos de segurança e estopins da marca “Elephante”.


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Maria Luiza Venturelli

Jornalista apaixonada por contar histórias inspiradoras, formada pela Faculdade Ielusc