A história de Guaramirim contada através da arte do Mosaico

Ao ser concluído, mural terá 120 metros de comprimento | Foto: Fábio Junkes

Por: Elisângela Pezzutti

17/03/2023 - 16:03 - Atualizada em: 17/03/2023 - 16:39

Existem muitas formas de se contar uma história e uma delas é por meio da arte. E é através da arte do Mosaico, especificamente, que a história de Guaramirim está sendo contada pelo artista plástico jaraguaense Paulo David, mais conhecido como Paulico.

O trabalho – um mural de 240 metros quadrados (120 metros de comprimento e dois metros de altura), formado por 12 grandes painéis – está sendo executado em um muro na Rua Athanásio Rosa, às margens da BR-280 e teve início em setembro de 2022. De acordo com Paulico, a previsão é concluí-lo até o final deste ano.

O Mosaico é uma técnica feita a partir da montagem de pequenos pedaços de azulejos, rochas, conchas ou vidros para criar imagens. É uma arte milenar que remete à época greco-romana (período que durou quase quatro séculos – de 332 a.C. até o ano 30).

Neste trabalho, Paulico está usando fragmentos de azulejos para criar símbolos da cultura, economia e turismo da cidade. “A Prefeitura e a Câmara de Vereadores de Guaramirim abraçaram a ideia e estão me dando toda a estrutura necessária. O secretário municipal de Cultura, Emerson Flores, tem me ajudado bastante com relação a dados e imagens da história do município. Eu também pesquisei muito, conforme ele foi me passando as imagens, sugerindo algumas coisas. Sou muito grato também ao prefeito, professor Luiz Antônio Chiodini, que é um grande apoiador deste projeto artístico”, destaca.

Paulico utiliza pedações de azulejos para montar os painéis | Foto: Fábio Junkes

Artista autodidata

Paulico é um artista autodidata que desenvolve trabalhos utilizando a técnica do Mosaico desde 1996. “Comecei há 27 anos e, hoje, com a internet, a gente consegue pesquisar muitas coisas e se inspirar. Basicamente, eu sou especializado na arte do Mosaico com azulejos, mas já fiz Mosaicos com pano, conchas e outros materiais. Também trabalho usando madeira e resina. Gosto muito de catar materiais no lixo – que na verdade são considerados lixo por alguns, mas não por mim. Trago para casa e invento alguma coisa com eles”, conta.

É de sua autoria a obra em Mosaico localizada no muro do Parque Malwee, em Jaraguá do Sul. O painel concluído em 2006 tem 600 metros quadrados e é considerado o maior da América Latina.

Sobre o artista

Paulico nasceu e se criou em Jaraguá do Sul, mas já morou em Blumenau, Florianópolis, Curitiba e até em Londres, na Inglaterra. “Sempre trabalhei na noite. Meu irmão tinha uma casa noturna em Jaraguá nos anos 1990 e descobri o Mosaico vendo uma pessoa fazer. Me interessei pelo trabalho e ela me deixou fazer um pouquinho, me deu alguns materiais. Depois, comprei uma ferramenta chamada torques, uma espécie de alicate, que é a única que se usa no Mosaico, aí comecei a fazer e não parei mais”, relembra.

Música é inspiração

Paulico revela que seu maior hobby é a música. “Eu tive uma banda, chamada ‘Patifaria’, que durou 12 anos e me deu muita satisfação. Inclusive os meus trabalhos têm muito a ver com música. Eu até já fiz um corpo de guitarra com madeira e resina e quero fazer mais ainda, me envolver mais com isso, porque a música realmente está dentro de mim. Eu gosto de compor, tenho algumas composições”, diz empolgado.

“Com a banda gravamos dois CDs, que estão nas plataformas como o YouTube, Spotify. Fora da banda também gravei algumas músicas que tocaram no rádio. A música é algo que está dentro de mim 24 horas por dia, todos os dias. Ela me inspira para fazer o meu trabalho. Este ano completo 60 anos de idade e continuo com a mesma vontade de tocar e de fazer arte. A mesma vontade que eu tinha 27 anos atrás, quando eu comecei. Eu acordo de manhã, levanto e agradeço por ter a vida que eu tenho, a minha família, os meus amigos, a minha arte. Tenho muita gratidão, porque Deus me deu muita coisa”, afirma.

A música também é uma fonte de inspiração para o artista | Foto: Instagram

O reconhecimento de sua arte

“É muito legal quando você recebe uma encomenda e vai entregar a peça para um cliente. Eu sempre digo que eu preciso do ‘cheque’, mas não tem nada que pague a sensação de ouvir um elogio. É a coisa mais gratificante do mundo quando alguém gosta e se apaixona por uma coisa onde você colocou amor, paixão e dedicação para fazer”, diz Paulico.

Para ele, a paixão é uma coisa que tem que mover a vida de todo mundo e a arte mais ainda. “Se não tiver paixão, não tem como fazer arte. Todo dia eu desço para o atelier movido pela paixão, porque se não fosse assim eu não estaria até hoje fazendo Mosaicos”, resume.

“O artista é um crítico muito contundente com a sua própria arte. É por isso que quando a pessoa ama o que você fez, eu digo que ‘é melhor que o cheque’. Eu estou sempre me cobrando para fazer melhor. Isso às vezes até atrapalha, mas com certeza faz você crescer. Então, aquilo que você traçou como meta fazer passa a ser comum e aí você vai além, quebrando barreiras”, finaliza.

 

 

Notícias no celular

Whatsapp

Elisângela Pezzutti

Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua na área jornalística há mais de 25 anos, com experiência em reportagem, assessoria de imprensa e edição de textos.