Foto Sérgio Homrich/Divulgação
A sexta-feira (30) foi marcada como mais um dia de protestos contra o governo do atual presidente da República, Michel Temer (PMDB) e as reformas trabalhistas e da Previdência em curso no país. Em Santa Catarina, diversos movimentos e classes de trabalhadores aderiram ao movimento nacional, o que resultou em pelo menos sete rodovias bloqueadas no Estado. Na Capital e em Navegantes houve confusão e confronto entre PM e manifestantes. Até o fim da manhã, pelo menos dois trechos de estradas continuavam interditadas, mas no fim desta tarde a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informa que não há mais interdições ou bloqueios.
Um dos momentos mais tensos do dia foi registrado logo ao amanhecer, no trevo da BR-101 com a BR-470, entre Itajaí e Navegantes, no Litoral Norte. Os manifestantes, em torno de 300 pessoas, segundo a PRF e em torno de 800, segundo os organizadores, bloquearam a rodovia em direção ao acesso ao aeroporto de Navegantes. Duas pessoas, que seriam líderes do movimento, foram presas, e outras tiveram ferimentos. Os dois presos foram levados à delegacia de Navegantes, prestaram depoimento e foram liberados, devendo responder a um termo circunstanciado.
Segundo imagens divulgadas pelos manifestantes, que acusam a Polícia Militar de truculência, os policiais chegaram jogando bombas de efeito sonoro e balas de borracha contra os participantes do protesto. Pneus e um galão de gasolina teriam sido apreendidos.
O comandante da PM em Navegantes, tenente-coronel Eugênio Hug Junior, se defende da acusação de truculência dizendo que os policiais agiram para conter os manifestantes, que teriam atirado pedras contra veículos e que queriam impedir que motociclistas furassem o bloqueio.
Participantes do movimento descrevem ação da PM
A Polícia Militar chegou atirando com balas de borracha e jogando bombas de efeito moral. Policiais apareceram em seis viaturas, antes do sol nascer, e primeiro atiraram para depois negociar a permanência dos manifestantes por apenas 15 minutos. Vários companheiros ficaram feridos, atingidos com bala de borracha e cassetetes. Durante o tempo que permaneceram na rodovia, houve um congestionamento de cerca de 10 quilômetros em ambos os sentidos, informou a assessoria da Intersindical dos Trabalhadores de Jaraguá do Sul e Região e dirigentes sindicais da região Norte e Vale do Itajaí e Grande Florianópolis, que estiveram presentes na manifestação.
Representantes da Intersindical informam que depois de serem obrigados a sair da BR-470, os manifestantes foram em caminhada até a BR-101, onde novamente fecharam a pista e foram perseguidos e dispersados pela polícia que, mais uma vez, disparou contra eles.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul e Campo Alegre, Airton Anhaia, falava no caminhão de som quando a PM reprimiu os manifestantes pela primeira vez. “Ser pacífico e respeitoso não garante nada, porque a mesma polícia que defende bandidos (referindo-se aos ministros corruptos do governo e ao próprio presidente Michel Temer, processados na Operação Lava Jato) está aqui massacrando os trabalhadores”, protestou Airton.
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Jaraguá do Sul e Região (Sinsep), Luiz Cezar Schorner, lembra que todos os direitos que os trabalhadores têm foram conquistados com muita luta e em dias normais de trabalho: “Aquilo que o Brasil conquistou em final de semana foi um golpe para retirar os direitos dos trabalhadores”.
O coordenador da Regional Norte da CUT, professor Lourivaldo Schulter, comenta que “normalmente a polícia negocia, conversa com o movimento, e lamenta que desta vez os policiais tenham chegado batendo e lançando bombas de gás. Para ele, “é um desrespeito com o cidadão que está lutando pelos direitos da classe trabalhadora, contra as reformas trabalhista e da previdência e esse governo ilegítimo”.
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O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Joinville, Wanderlei Monteiro, também criticou que a violência está se tornando comum nos atos dos trabalhadores. “Tem que haver diálogo antes da repressão”. Outro dirigente atingido com balas de borracha foi o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Plásticos de Biguaçu, Sérgio Ribeiro: “Estamos desarmados, acho um absurdo. De algum lugar veio a ordem para que os policiais chegassem atirando”, lamentou.
Logo depois, os manifestantes se dirigiram para Joinville, onde no início da tarde houve ato público na praça da Bandeira reunindo representantes de diversos municípios dos Litoral Norte e Norte catarinense.
*Com informações da assessoria de imprensa