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Traições deduradas

Foto: Freepik

Por: Raphael Rocha Lopes

22/07/2025 - 13:07 - Atualizada em: 22/07/2025 - 17:12

“♫ Ainda disse que não adianta/ Porque a onda dele era mesmo entregar/ Quando o caguete é bom caguete/ Ele cagueta em qualquer lugar/ Era caguete sim/ Era caguete sim” (Defunto caguete; Bezerra da Silva).

Bombou na última semana o vídeo de um casal pego no flagra em um show da banda Coldplay. Quando a kiss cam (um subterfúgio muito utilizado em shows e competições esportivas nos EUA que focaliza casais, os quais, normalmente, se beijam quando percebem sua imagem nos telões) pegou o tal casal, a reação foi inusitada: ele se jogou no chão e ela se virou de costas. E o cantor soltou: “Ou são muito tímidos ou estão aprontando”.

Adivinhem: estavam aprontando. Ele era o CEO de uma grande empresa de tecnologia. E casado. Ela era a diretora de RH dessa empresa. Ele já renunciou ao cargo. Óbvio que, pelo inusitado, a cena viralizou e se era para não serem reconhecidos, o tiro saiu (muito) pela culatra. Se fizessem o que todos fazem nessas horas, provavelmente eu não estaria falando deles agora. Fiz alguns breves comentários nos meus perfis do Instagram e do LinkedIn sobre as consequências da traição no meio corporativo. Se quiser ler, pode clicar aqui. Mas esse não é o tema desse texto.

Hoje vamos falar sobre como a tecnologia está atrapalhando os puladores de cercas mais afoitos. O caso do show é emblemático, pois, se não fosse a internet e os aplicativos de mensagens e redes sociais, a situação talvez nunca chegasse aos ouvidos ou olhos da esposa ou mesmo na empresa.

Novos dedos-duros

Outro caso, ocorrido em 2018, talvez cômico para quem não estava envolvido, foi o do rapaz que descobriu que sua mulher o tinha traído. O mensageiro do infortúnio? O Google Street View. Sim, aquela funcionalidade do Google Maps que permite que caminhemos virtualmente pelas ruas em ambiente de 360°.

O cidadão, um peruano, estava procurando uma rota específica no aplicativo quando, tchan tchan, se deparou com uma imagem familiar: a mulher em momento de carinho com outro homem, ele deitado, com a cabeça no colo dela em um banco de praça. As imagens dos rostos das pessoas são sempre desfocadas nesse aplicativo, mas ele a reconheceu pelo cabelo e roupas, segundo explicou. A foto era de cinco anos antes, mas culminou no divórcio do casal. Aqui, também no meu perfil do Instagram, a imagem e alguns comentários.

Outro alcaguete que tem aparecido com certa constância na vida dos infiéis é o aplicativo de exercícios físicos (ou app fitness, como preferem alguns). Um caso que ganhou repercussão mundial foi o da jornalista americana que descobriu a traição por causa do tal aplicativo, que apontou atividades físicas do namorado, digamos, incompatíveis com as quatro horas da manhã em que foram identificadas. Eles tinham sincronizado o aplicativo um com o outro.

E nem vou entrar na discussão dos aplicativos espiões que eventualmente alguém coloca no celular do companheiro ou companheira. Para chegar a esse ponto, o relacionamento já terminou e essa pessoa ainda não percebeu. Também tem aquela discussão sobre se determinados comportamentos online são ou não são traições. Mas esse é um tema para outro dia.

Agora que terminou de ler, você pode ir lá no Google Street View dar aquela olhadinha para confirmar se não deixou nenhum rastro identificável…

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Raphael Rocha Lopes

Advogado, autor, professor e palestrante focado na transformação digital da sociedade. Especializado em Direito Civil e atuante no Direito Digital e Empresarial, Raphael Rocha Lopes versa sobre as consequências da transformação digital no comportamento da sociedade e no direito digital. É professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Católica Santa Catarina e membro da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs.