“Romancear” o passado: vale?

Foto: freepik

Por: Emílio Da Silva Neto

03/08/2023 - 16:08 - Atualizada em: 04/08/2023 - 09:30

 

 

Quando se olha para trás para “os bons velhos tempos”, deve-se perguntar a si mesmo: será que o passado foi realmente tão bom quanto o que é lembrado?!?

 

Ah, os bons dias do passado!!! Mas, por que “idealizamos” (“romanceamos”) o passado?!?. E … espera aí: será que foram tão bons assim?!?

Quando o presente não parece nada bom, é comum valorizar-se o que não está mais ao alcance, principalmente, devido à tendência cognitiva da seletividade em relação ao passado, como sendo melhor do que na realidade foi.

Verdade seja dita, quando se olha para trás para “os bons velhos tempos”, deve-se perguntar a si mesmo: será que o passado foi realmente tão bom quanto o que é lembrado?!? E o que se pode aprender de todas estas andanças da memória?!?

Sim, lembranças próprias nem sempre são verdadeiras, devido ao conceito equivocado de que lembranças são registros precisos do passado, preservados perfeitamente em um arquivo mental.

Na prática, “a memória não funciona desta maneira”, segundo Anne Wilson, professora de psicologia da Wilfrid Laurier University. “Nós reconstruímos o que aconteceu no passado baseados em fragmentos e pedacinhos de memória, agindo como arqueólogos, isto é, recolhendo as peças e as montando novamente”. E, Daniel Schacter, professor de psicologia de Harvard, acrescenta: “isto não significa que distorcemos conscientemente ou enfeitamos as nossas lembranças, mas que a reconstruímos sob várias novas perspectivas”.

Ainda, eles destacam que memórias associadas a emoções negativas desaparecem mais rapidamente do que as associadas a emoções positivas.

Feito este longo introito, vale lembrar que, face os absurdos atuais dos três poderes constituídos, o agravamento da situação econômica e a glamourização de todo tipo de postura e comportamento extra padrões, muitos brasileiros acham que “o mundo está acabando”, ou seja, que o apocalipse bíblico nunca esteve tão próximo.

Será?!? Vamos lá voltar ao passado, só com dois exemplos!!!

Para combater a inflação (que já foi de 2.781% em 1993 e “somente” 1.994% ao final do primeiro ano do Plano Real, em 1994), o Brasil já passou por seis trocas de moeda.

O Brasil está em seu 38o presidente, desde a Proclamação da República, em novembro de 1889. Ao longo desse período, o país viveu uma triste experiência parlamentarista, na década de 1960, dois governos de junta(da)s provisórias durante a Revolução de 1930 e na ditadura militar e nove dos presidentes foram alijados do poder. Um deles, que proibiu o uso de biquínis (dizendo, “fi-lo porque qui-lo”), até exclamou que foi por “forças ocultas”. Uma outra, a “única presidenta” da história, tão trapalhona que queria até estocar vento, disse que iria recorrer intensamente contra a derrubada do “poste do nine”.

Assim, a pergunta que não quer calar: afinal, o presente está pior? Mesmo com um “Rei da Babilônia” no Judiciário (que se acha o “supremo”), um “Robin Hood” no Executivo (que quer tirar dos ricos para dar aos pobres, sem que estes precisem se esforçar) e um “Animador de Circo” no Legislativo (que faz rir só os dos bastidores), será que este é o pior momento brasileiro da história?

Vale lembrar, por isso, o que disse, ainda, a Dra. Anne Wilson, sobre umas tais “lentes atuais”, espécie de filtro que determina quais são os detalhes que se procura e o que se fará com eles.

Ou seja, será que por causa dessa duradoura pandemia (i)moral e diante de tantas dúvidas atrozes em relação ao futuro, precisa-se apoiar, como tábua de salvação, num grau de nostalgia coletiva positivista?!?

Não, não !!! não se pode usar “lentes” que levem a enxergar que as coisas eram melhores no passado. Tem-se que buscar, sim, as lembranças reais, nuas e cruas, que contrariam, pois a memória não existe só para lembrar onde se estacionou o carro. Ela também desempenha outros papéis, e um deles é ajudar a se sentir melhor.

Por isso, com novos tempos pela frente e com eles, novos e maiores desafios, se estará, certamente, muito mais preparado pelos enfrentamentos do passado, se eles forem lembrados sem “floreamento” algum, isto é, com lentes de refração zero!!!

Afinal, quem não tem cicatrizes para lembrar que, no passado, se foi mais forte que aquilo que feriu?

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Consultor especializado em profissionalização, governança e sucessão empresarial familiar. Com vasta experiência, Emílio da Silva Neto é PhD/Dr.Ing, Pós-Doc, Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor e Sócio da 3S Consultoria Empresarial Familiar. Redes sociais: emiliodsneto | www.consultoria3s.com