Essa é a história de três irmãos, remanescentes de uma família de dez filhos, descendentes de imigrantes e nascidos no interior do Rio Grande do Sul. O avô deles veio da Itália e recebeu um lote de terra. Plantou uva, milho, legumes, verduras, grãos… Criou gado, aves, abelhas, negociou. Os filhos e os descendentes trabalhavam duro na lavoura.
À medida que cresciam, os filhos e netos do italiano desbravador iam seguindo o próprio rumo. Uns ficaram na colônia, outros decidiram seguir com os estudos e se mudaram para a cidade grande.
José chegou na capital gaúcha aos 20 anos e foi parar no comércio. Mais tarde, na indústria. Dedicado, metódico e perfeccionista, logo chamou a atenção da empresa e passou a ser chefe de almoxarifado.
Oristânio, nove anos mais novo que José, optou por ser dentista. Estudou muito. Cursou uma universidade federal, se formou, montou consultório e prosperou em Porto Alegre. O Nielson, nascido 11 anos depois de José, trabalhou por um bom tempo na roça. Mas chegou o dia em que ficou difícil viver da terra. Foi aí que Nielson se mandou e foi trabalhar em uma fábrica de calçados em Sapiranga, onde fincou raízes.
E o tempo foi passando… Em circunstâncias diferentes, os três casaram, também tiveram filhos, netos… Caminhos distintos, que nem sempre se cruzaram, ao longo das décadas que se seguiram.
O distanciamento se intensificou, à medida que a idade deles foi avançando. Oristânio permaneceu em Porto Alegre, enquanto que José, depois de enviuvar, foi morar em Santa Catarina.
No último dia 14, José completou 89 anos. Uma grande mobilização em família possibilitou que os três irmãos se encontrassem em Sapiranga, em torno de Nielson, para comemorarem o aniversário do mais velho.
Almoçaram, contaram causos, recordaram a infância e riram muito, muito mesmo. Um encontro realizado após serem movidos céus e terras…
Hoje, José está retornando para casa. Leva na bagagem doces recordações do dia em que os três irmãos voltaram a ser guris da colônia… Seus olhos sorriem de contentamento.