Por Cleiton Vaz, Reitor do Centro Universitário Católica de Santa Catarina
Há poucos dias, o Centro Universitário Católica de Santa Catarina inaugurou, em seu campus de Joinville, uma nova praça aberta à comunidade. Mais do que um espaço de convivência, trata-se de um gesto simbólico de preservação da memória coletiva, pois o local integra o conjunto histórico da antiga fábrica Wetzel, um dos marcos mais significativos da industrialização do Estado.
Ao longo da história, a Wetzel acompanhou o movimento que transformou Joinville em polo industrial, mas seu legado não pertence apenas à cidade. Trata-se de um patrimônio catarinense, que ajuda a contar como a economia do nosso Estado se consolidou, passando de produções artesanais a processos industriais sofisticados. Preservar este espaço é, portanto, um ato de valorização da identidade de toda a região.
A trajetória da Wetzel começou de forma singela, com a produção artesanal de velas na Casa Wetzel, na Rua Visconde de Taunay. Em pouco tempo, os irmãos que administravam o negócio expandiram suas atividades e fundaram uma fábrica de ferragens, que mais tarde se transformou em uma metalúrgica. Essa evolução acompanhou o ritmo da própria Joinville, que no início do século XX crescia impulsionada por fábricas e oficinas. Em 1932, já consolidada como empresa, a Wetzel passou a produzir componentes automotivos e eletrotécnicos, tornando-se referência nacional em fundição de alumínio.
Entre os elementos preservados do conjunto histórico, destaca-se a chaminé de 56 metros, construída na década de 1920, que hoje se impõe como um símbolo silencioso da força da indústria catarinense. A Casa Wetzel, outro bem tombado, também recebeu atenção especial. Juntos, esses elementos permitem compreender como a industrialização não apenas modificou a paisagem urbana, mas também moldou a vida social e econômica da região.
A praça foi concebida para dialogar com esse passado. Projetada de forma contemporânea, respeita e realça os edifícios originais, sem apagar sua história. O piso em EPDM, os bancos amplos e as áreas de circulação oferecem ao visitante diferentes perspectivas de observação. Painéis instalados no local apresentam a evolução do complexo, contextualizando sua importância para Joinville e para Santa Catarina. Mais do que uma área de descanso, é um espaço de aprendizado e contemplação.
O investimento, realizado integralmente pela Católica SC, reforça a convicção de que preservar a memória não é tarefa exclusiva do poder público. A sociedade civil, por meio de suas instituições, tem responsabilidade direta nesse processo. Quando a universidade destina recursos próprios para recuperar um patrimônio histórico, cumpre também sua missão educativa: formar cidadãos conscientes da importância da cultura e da identidade coletiva.
Esse gesto ganha ainda mais sentido porque conecta passado, presente e futuro. Em tempos de mudanças rápidas e desafios sociais, preservar um espaço de memória nos convida a refletir sobre as raízes que sustentam nosso desenvolvimento. Na Católica SC, acreditamos que educação e cultura caminham juntas.