“Sextorsão, outras extorsões e dados vazados”

Por: Raphael Rocha Lopes

18/11/2020 - 08:11 - Atualizada em: 18/11/2020 - 15:51

“♫ Tire suas mãos de mim/ Eu não pertenço a você/ Não é me dominando assim/ Que você vai me entender/ Eu posso estar sozinho/ Mas eu sei muito bem aonde estou/ Você pode até duvidar/ Acho que isso não é amor” (Será, Legião Urbana).

Já é sabido que navegar pelos mares da internet pode ser uma experiência muito bacana, assim como pode trazer muitos ou transtornos para os internautas mais desavisados.

Há muitas pessoas de bem, com bons propósitos, boas ideias e trabalhando em prol de uma sociedade mais justa, mais transparente, mais equilibrada. As pessoas de bem sempre esperam mais.

Por outro lado, há aqueles que acreditam que a internet é terra de ninguém, onde se pode falar qualquer besteira e xingar qualquer um sob o manto da suposta invisibilidade ou mesmo sobre o pedestal da arrogância; há pessoas querem levar todo tipo de vantagem; e há os que só visam prejudicar os outros.

Quando as pessoas de bem ingênuas cruzam o caminho dos mal intencionados os problemas nascem.

Sextorsão.

Digo sempre: o que as pessoas fazem entre quatro paredes (ou, agora, tela a tela) é problema exclusivo delas (enquanto não for ilegal, não colocar em risco suas vidas ou não prejudicar terceiros). Entretanto, volta e meia se vê histeria com graves traços de preconceito hipócrita.

Tem sido normal tais manifestações se darem contra vítimas – geralmente mulheres – de vazamento de vídeos ou imagens íntimas. É a versão digital do argumento de que mulher com vestido curto pede para ser assediada.

E justamente por conta deste preconceito machista arraigado, muitas mulheres se rendem ao que se chama de sextorsão, ou extorsão sexual: o criminoso exige que a vítima mande fotos ou vídeos íntimos em troca de não divulgar as imagens que já possui. O vilão pode ser um ex-namorado ou um cracker, o hacker do mal. Às vezes é mais objetivo: pede dinheiro mesmo.

Outras extorsões.

Mas nem só de sexo sobrevivem os bandidos da internet. Mês passado veio à tona a tentativa de extorsão cujas vítimas eram milhares de pacientes psiquiátricos na Finlândia. Para não divulgarem as conversas com seus médicos, os cibercriminosos exigiam 200 euros.

Também tem se tornado cada vez mais comum o pedido de resgate para liberar computadores ou sistemas, para descriptografar arquivos ou para não vazar dados importantes das empresas.

Vazamento de dados.

O que se aprende com estas notícias? Primeiro, que é bom ter cuidado com quem se compartilha fotos e informações em geral, especialmente se forem muito pessoais ou íntimas.

Segundo, que, mesmo grande empresas, estão fadadas a terem seus sistemas invadidos e dados importantes vazados, inclusive de seus clientes. Já há regramento específicos para isso. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais é só um exemplo. As responsabilidades das empresas aumentaram.

E terceiro, que é necessário que as pessoas sejam mais ponderadas e menos raivosas nas suas conclusões e manifestações. Mais cedo ou mais tarde alguém muito próximo pode ser a vítima.