“Os moonshots”

Por: Raphael Rocha Lopes

23/11/2021 - 11:11

“♫ Eu vivo sempre no mundo da lua/ Porque sou um cientista/ O meu papo é futurista/ É lunático/ Eu vivo sempre no mundo da lua/ Tenho alma de artista/ Sou um gênio sonhador/ E romântico” (Lindo balão azul, Guilherme Arantes).

Moonshot: você já ouviu essa expressão? Sabe o que significa? Se não sabe ou não ouviu, prepare-se porque provavelmente logo fará parte do seu vocabulário, assim como de diversas outras pessoas.

Pode-se traduzir moonshot como voo à lua. Na sua concepção nos meios da inovação, utiliza-se esse termo para designar projetos de tecnologia que visam resolver grandes problemas com soluções radicais e disruptivas.

Reza a lenda que a expressão moonshot surgiu com o projeto da Apolo XI, o bólido que levou o homem à lua pela primeira vez, em especial em decorrência do pronunciamento do presidente dos EUA à época, John Kennedy, quando disse: “Nós não sabemos ainda exatamente como faremos, mas faremos” (em tradução livre).

Mais de 40 anos depois, em 2010, a Google adotou esse conceito em seu laboratório Google X, de projetos (quase) secretos e em 2016 foi a vez da Alphabet.

As possibilidades

O objetivo final dos moonshots é, com as tecnologias radicais, multiplicar e acelerar grandes mudanças sociais. E essas mudanças podem acontecer em quaisquer segmentos econômicos.

Há muitos vislumbres tecnológicos pela frente e se já há enormes expectativas com a chegada do 5G, imaginem quando o 6G alcançar a realidade, o que está previsto para o final dessa década (projeções apontam para 1 TB por segundo de download, por exemplo).

A IA (inteligência artificial) também está nesta pauta, aprimorada tanto para interpretar emoções humanas quanto para a criação de interfaces para conectar computadores ao cérebro humano, cujos estudos já caminham a passos largos. Ficam as perguntas: serão os robôs, algum dia, sencientes? Ou ficarão os homens (ricos) com suas mentes robotizadas e super potencializadas?

Outras perspectivas

Com os moonshots, inúmeras perspectivas e expectativas se abrem. Homens biônicos, como aquele da série dos anos 70 (O homem de seis bilhões de dólares), surgirão com certa frequência e a custos bem menores (sem contar os valores dos estudos e desenvolvimento, óbvio).

Por outro lado, se saúde e felicidade fazem parte do tripé dos anseios desde os primórdios da humanidade, a terceira base, a imortalidade, pode também estar se aproximando, com tecnologias que tratam de biologia sintética, organismos geneticamente modificados, remédios ultrapersonalizados. E há muito mais neste universo dos moonshots!

No final das contas, viver no mundo da lua pode não significar, em breve, coisa de gente lunática…

Notícias no celular

Whatsapp

Raphael Rocha Lopes

Advogado, autor, professor e palestrante focado na transformação digital da sociedade. Especializado em Direito Civil e atuante no Direito Digital e Empresarial, Raphael Rocha Lopes versa sobre as consequências da transformação digital no comportamento da sociedade e no direito digital. É professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Católica Santa Catarina e membro da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs.