“Golpe da pedofilia”

Foto pixabay.com

Por: Raphael Rocha Lopes

28/01/2020 - 10:01 - Atualizada em: 28/01/2020 - 10:05

♫ “Sinto, amigo, lhe dizer, mas ela é “de menor”/
Isso é crime// O homem de cassetete disse, quando me algemou/
Que ela só tinha dezessete, que o pai dela era doutor”
(Me lambe, Raimundos).

Golpes provavelmente existem desde que o homem passou a se expressar. A internet, por sua vez, facilitou a vida dos criminosos. Seja pela sensação de invisibilidade, seja pela real dificuldade de descobrir as origens em alguns casos, a grande rede tem sido utilizada como instrumento dos mais diversos delitos.

A pedofilia.

A pedofilia é um assunto complexo e polêmico.

De plano, cabe esclarecer que pedofilia não é crime; é um transtorno, em arriscado resumo, caracterizado pela atração sexual por crianças. Nem todo pedófilo comete crime (fica só no campo da fantasia), e nem todo criminoso que ataca criança é pedófilo. Psicólogos e psiquiatras podem falar melhor do tema.

Por outro lado, violência sexual contra menores, independentemente de serem praticados por pedófilos, sim, é crime. Nesta seara entram a produção, venda, oferecimento, publicação ou divulgação de cenas pornográficas com crianças ou adolescentes, entre muitos outros.

As armadilhas da internet.

As mulheres já sabem: o homem, quando valorizado em seu brio de macho, pode virar um bobo. Os bandidos também sabem disso.

Visualizem: o incauto indivíduo aceita o convite de amizade na sua rede social de uma bela moça que puxa um papo bacana que descamba para conversas picantes. Iludido, o homem troca fotos íntimas. A garota some. Alguns dias depois recebe o contato de um advogado que diz que foi procurado pelos pais da menina: “ela é menor de idade e precisamos resolver”. Se o cidadão silencia (apavorado), recebe o contato de uma autoridade com ameaças.

A proposta, sempre, é de uma compensação financeira. Existem algumas variáveis, mas o enredo é este. Muitos cedem no primeiro ou no segundo contato com medo da cadeia, da família ou da exposição pública.

O fato é que na maioria massiva das vezes, o advogado e a autoridade não são quem dizem que são. São apenas pilantras extorquindo os desavisados que escorregaram no seu comportamento na internet. É bem provável, também, que aquela linda garota não seja menor ou, mais provável ainda, que aquela foto não seja dela. Talvez, até, tenha-se trocado nudes com outros homens em algum canto do país ou algum presídio longínquo.

Lições.

Todo o cuidado é pouco com o uso da rede social. Quem acompanha a coluna já está cansado de ler isso. Receber convite de amizade de alguém que não tem vínculo com ninguém ou quase ninguém dos seus círculos de redes sociais já é o primeiro alerta.

Trocar fotos íntimas com quem não se conhece é quase a mesma coisa que tirar uma selfie na pontinha de um penhasco com limo. Pode ser que seja bem legal, mas a chance de um tombo catastrófico é grande.

E, caso tenha tirado a foto no penhasco e alguém ligar fazendo proposta financeira, a probabilidade de que seja golpe é ainda maior.

#Ficaadica: cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.