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“Doenças da internet”

Foto pixabay.com

Por: Raphael Rocha Lopes

28/08/2019 - 16:08

“♫ Eu sempre me achei um rapaz normal/
Que esse papo de analista fosse coisa pra boçal/
Agora me chamam de esquisito e sujeito atrapalhado/
Só por causa desse meu jeito todo torcido assim pro lado/
É que eu fiquei com/
Tic tic nervoso Tic tic nervoso Tic tic nervoso”
(Tic tic nervoso, Kid Vinil).

Já foi falado aqui do excesso de informação e pouca depuração. A não se que se esteja em uma ilha deserta, é impossível passar incólume à avalanche de números, palavras, cores e imagens a que se é submetido todos os dias.

As doenças da nova era.

Não discuto que viver hoje é muito mais fácil e melhor do que teria sido há 500 ou mil anos, quando pessoas morriam jovens em função das condições de higiene ou falta de recursos médicos.

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Ao longo da história, porém, doenças desaparecem e surgem. Vários fatores compactuam para isso. No caso das erradicações ou descobertas de tratamento, o avanço da tecnologia é o fator preponderante.

A tecnologia, porém, também trouxe outro viés. Já há estudos focando nas doenças causadas pelo uso excessivo de celulares e tablets. Vão desde insônia, perda auditiva e de visão, e dores crônicas até depressão e ansiedade.

Das “novas doenças” duas chamam a atenção pela curiosidade, mas que merecem tanta atenção quanto as demais.

Nomofobia.

Embora o nome seja diferente e incomum, já é utilizado desde 2008 e vem da junção da expressão inglesa “no-mobile” (algo como “sem celular”).

Este distúrbio é caracterizado principalmente pela ansiedade decorrente da falta do aparelho celular nas mãos ou por perto. Ou, ainda, pelo medo de perder o telefone. O diagnóstico aponta problemas de relacionamentos e de interação social.

Síndrome do toque fantasma.

A literatura médica há séculos relata a síndrome do membro fantasma, também conhecida como dor do membro fantasma. Refere-se, basicamente, às dores que pessoas têm em membros amputados. Há fatores técnicos cirúrgicos e psicológicos que explicam tal síndrome, que não cabem neste espaço.

Agora, porém, psicólogos estão identificando – e cada vez com mais frequência – pessoas que sofrem da síndrome do toque fantasma. Usuários, normalmente adictos da tecnologia, passam a ouvir o celular tocar ou a senti-lo vibrar sem que de fato isto aconteça.

Conclusões.

É fato que homens e máquinas estão cada vez mais conectados, seja pelos benefícios que esta conexão traz, seja pela necessidade das pessoas se sentirem incluídas.

Ora fala-se em inteligência artificial, com a preocupação de possível domínio dos robôs sobre os homens, ora fala-se em acoplar tecnologia nos cérebros das pessoas para a criação de super-humanos (aumentando obviamente a diferença social).

Se a humanidade vai sucumbir aos novos transtornos ou doenças, ou se vai perder para as máquinas inteligentes, por enquanto é uma incógnita. Única coisa que se tem certeza é que tem muita gente tic tic nervosa procurando seu celular neste exato momento.

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Raphael Rocha Lopes

Advogado, autor, professor e palestrante focado na transformação digital da sociedade. Especializado em Direito Civil e atuante no Direito Digital e Empresarial, Raphael Rocha Lopes versa sobre as consequências da transformação digital no comportamento da sociedade e no direito digital. É professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Católica Santa Catarina e membro da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs.