Sou avesso a barejas – Nelson Luiz Pereira

Por: Nelson Luiz Pereira

18/03/2023 - 05:03 - Atualizada em: 19/03/2023 - 12:20

Não sou entomofóbico, mas, não suporto barejas. Há dois anos produzi uma crônica sobre barejas. Eu dizia que no reino dos insetos, existem a vareja, que é uma mosca, e a bareja, com “b”, que também é mosca, porém, metamorfoseada em ser humano. Me reportava às barejas bípedes que pousam, presencialmente, em você.

Hoje quero tratar das barejas virtualmente onipresentes. Por eu estar no mundo da comunicação cada vez mais online, acabo atraindo esses dípteros com muito mais facilidade, e quantidade. Eles invadem meus multicanais, para contestar e discordar de tudo que é postado. Eu disse, tudo. Discordam só por discordar.

O perfil dessas barejas é mais ou menos assim: se em determinada postagem você diz que precisamos acreditar no Brasil, a bareja dirá que o Brasil não tem mais jeito. Porém, se na postagem seguinte, você manifestar que o Brasil não tem mais jeito, lá está a bareja dizendo que você é um ‘despatriotado.’

Tente observar: a bareja virtual, quando posta algo, é sempre depreciativo. Ela diz, por exemplo: “eu sou contra o Carnaval, isso é coisa do diabo. Eu abomino o Halloween, isso é coisa de bruxas malvadas.” Então, você ensaia mentalmente aquela resposta do tipo: “e você é o que? Com esse pensamento, só pode ser um anjo decaído?

Que diferença faz se você é contra ou a favor, seu moscão?” Mas você não posta, porque engrossaria o enxame. Alguém acaba, telepaticamente, captando e postando por você. Aí você vibra.

A propósito, os maiores enxames desses ‘humaninsetos’, encontram-se mosqueando nos dois lados antagônicos e extremos das ideologias obscurantistas. Lá onde a ‘babaquização’ e a ‘sabotagem intelectual’, geram larvas.

Por conta dessa infestação, resolvi dedetizar meus canais virtuais, sobretudo, Facebook e Instagram. Agora, denoto que elas estão entrando e me importunando por outras frestas. Basta conferir o Whatsapp nas primeiras horas da manhã, e lá estão as azulonas ‘zolhudas’ pouzadas, como se fossem me dizer: Neeeeeelson.

Cheguei à conclusão de que a ‘densidade moscacional’ nas redes sociais é de 8 barejas para cada dez internautas.