Tenho recorrido aos campos da filosofia e metafísica para entender e, ao mesmo tempo me blindar, desse momento bizarro, regido por ‘ideologias enlatadas’ que tem suplantado a sanidade humana e suas relações.
Tenho por hábito, a cada ano que se inicia, reler, sinteticamente, tudo o que escrevi no ano anterior.
É um exercício de ‘balanço mental’ que me permite saber se continuo mantendo a lucidez.
Percebo que, gradativamente, o senso comum vem perdendo a conexão com a realidade fática e transformando o senso de humor numa espécie de “buraco negro” onde nem a alegria escapa.
A luz da hilaridade está sendo ofuscada pelo determinismo de uma razão dualista em ascensão.
Sou um inquieto que busca transcender essa esquizofrênica dualidade.
Percebo que a bizarrice de nossos tempos, tem gerado uma legião de atormentados, presos aos grilhões desse ‘reducionismo cavernal.’
Por isso, antevejo um futuro não distante, regido por um intenso e dual doutrinamento, robótico virtual, das massas. Faltarão psiquiatras.
Reitero o que já sustentei em minhas publicações: esse fenômeno, é próprio de tempos líquidos, caracterizados por muita informação e pouca formação; muita política e pouca ação; muito julgamento e pouca justiça; muita crítica e pouco reconhecimento; muito pregar e pouco mostrar; muito aparecer e pouco convencer; muito ludibriar e pouco conquistar, e tantos outros ‘muitos’ e ‘poucos.’
A razão, a virtude, a coerência, a sensatez e a tolerância, seguirão sendo embriagadas pela retórica utilitarista ao invés de uma visão humanista.
Então, sem o propósito de depreciar o carnaval, pois, sou um apreciador, concluo que as relações sociais estão sendo ‘carnavalizadas,’ ou seja, mascaradas por uma fantasia que altera a realidade fática, comprometendo a ordem ontológica, e, tendo como denominador, o ‘apequenamento’ da alma.