“Capitalizar o ceticismo que o povo nutre por política, não é uma boa política”

Por: Nelson Luiz Pereira

14/02/2020 - 19:02 - Atualizada em: 14/02/2020 - 19:46

No mundo da política há, basicamente, dois perfis de candidatos: os “coletores de votos” e os “conquistadores de votos”. Os coletores, sabem que a estratégia do discurso populista e do marketing apelativo, conjugada com promessas insustentáveis, encontra eco em sociedades desalentadas e sub politizadas. Eles ainda subestimam a percepção que o eleitor passou a ter da realidade, bem como, o limite de sua indignação e paciência.

Diga-se de passagem, uma prática muito comum, própria da velha política, é aquela em que o postulante do poder legislativo coleta seu voto prometendo obras de alçada do poder executivo e, posteriormente, ao ser cobrado do eleitor, isenta-se, ‘transferindo o abacaxi’ para o chefe do executivo. Essa atitude demonstra que os coletores estão apenas “envolvidos” no processo, como se isso fosse o bastante.

Eles ainda não se deram conta do tsunami que vem transformando a relação entre o político e o cidadão eleitor. Esse fenômeno toma corpo a partir de 2014, por conta de fatores como: corrupção, Operação Lava Jato, impeachment, crise econômica, acirramento das Fake News e, no presente momento, pela peleja entre os que torcem para o Brasil dar certo e os que torcem para dar errado.

Já, os conquistadores de votos, são aqueles que estão “comprometidos” com o processo. Eles se orientam na meritocracia e transparência, ou seja, prometem o que pertence à sua alçada e o que realmente podem entregar. Os conquistadores de votos fazem primeiro e pedem depois. Suas campanhas se fundamentam em propostas realistas e contribuições palpáveis. Eles honram o voto confiado.

Oportuno, então, se faz o alerta de que adentramos um ano de eleições. Recomenda-se aos candidatos mais desavisados, não ignorarem os gladiadores da rede web. A única mutação sofrida por esses ‘mãos pesadas’, ao longo do tempo, foram seus instrumentos de combate. O instinto demolidor permaneceu intocável. Se o clássico se utilizava do tridente e da rede para desferir golpes, o contemporâneo, não menos brutal, se utiliza de um mobile e também inflama uma legião de ‘torcedores’. O resultado poderá ser aquele “sinal sem clemência” do polegar romano, o que já não se concebe.