“Política, o reino da mentira?”

“A política se resume a uma impregnação tal das consciências pela mentira, que não se consegue discernir a mentira da verdade…” Rui Barbosa de Oliveira

Segundo alguns historiadores, Simón Bolívar (1783-1830), nascido em Caracas (na combalida Venezuela), é considerado o principal personagem na luta pela libertação do continente latino-americano contra o domínio espanhol, que durou até 1824. Nos últimos anos de sua vida, desolado com o fracasso do projeto unificador dos países, em razão da mesquinharia política e da prevalência de interesses pessoais dos líderes caudilhos regionais, ele desabafou, amargurado: “A América Latina é ingovernável e a única coisa que se pode fazer aqui é emigrar”. Destarte, o grande líder viu o declínio de seu poder e viveu seus últimos tempos em solidão, sem povo e sem aliados.

Esse desenrolar histórico ajuda a compreender porque a parte latina do continente americano não conseguiu ter o mesmo desenvolvimento dos Estados Unidos e Canadá, mesmo tendo abundantes recursos naturais.

Esse descortino sociológico, por exigir perspicácia aguda a historiadores, economistas e estudiosos, foi outro importante legado deixado pelo grande Rui Barbosa (de Oliveira), na sua explicação para a permanência no atraso pandêmico.

Segundo o “Águia de Haia”, a política se resume a uma impregnação tal das consciências pela mentira, que não se consegue discernir a mentira da verdade, os contaminados acabam por mentir a si mesmos e os pseudo inatingidos, passivos, não se interessam em saber se é possível encontrar “uma mísera agulha de honestidade no meio de tanta palha de más intenções”.

Enfim, na política sul-americana, a mentira sempre monopolizou, iludindo contemporâneos e logrando gerações seguintes, via populismo e apropriação de recursos públicos, por parte de grupos de interesse, corporações e classes, resultando baixo desempenho econômico e elevado grau de pobreza aos países, independente da ‘embalagem’ ideológica predominante: de direita, centro ou esquerda.

Este ambiente de falsidade e dificuldades de contenção já existe, há muito tempo, também, em outros continentes.

Por exemplo, Ludwig von Mises, principal conselheiro econômico do governo austríaco na Câmara de Comércio de Viena, entre 1909 e 1934, e que se dedicou à luta intransigente em defesa das liberdades individuais e coletivas, de modo a desafiar todas as experiências governamentais, afirmava que sua função era “dizer o que os políticos não poderiam fazer”. Isto lhe rendeu uma série de inimigos, a rotulação de “arqui-inimigo dos governos” e emigração forçada para os EUA. Na terra da liberdade, tornou-se um dos expoentes da economia mundial.

Corroborante, a filosofia de Confúcio (552-489 a.C.), pensador e filósofo chinês, sublinha a moralidade pessoal, a justiça e a sinceridade como procedimentos corretos para o homem público, indispensavelmente atento ao “bem comum” (atenção, de “todos”, não só de “alguns”), em sua missão para o bem-estar e felicidade do povo, entidade coletiva da qual é porta-voz e no qual deveria confiar.

Enfim, preservando bons princípios no uso do poder e adotando as práticas da governança empresarial, calcada nos pilares da “verdade verdadeira” (transparência, prestação de contas, equidade e responsabilidade), um político pode derrubar a citação de um dos maiores presidentes dos EUA, de todos os tempos, Ronald Reagan: “a política se parece muito com a profissão mais antiga do mundo”.

Lembrando que Reagan, assim como Zelensky, da Ucrânia, foi ator (profissional que, paradoxalmente, migra do seu eu real para a necessária ficção), cite-se a escritora canadense Margaret Atwood: “há uma grande diferença entre ficção e mentira; a ficção busca dizer a verdade sobre os seres humanos, ao contrário da mentira”.

Enfim, provando que a política é um covil da mentira, nem importantes pensadores se entendem: “o melhor governo é aquele em que há o menor número de inúteis”, Voltaire; “o melhor governo é o que nos ensina a governar-nos ”, Goethe.

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Emílio Da Silva Neto

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