“O porquê da morte precoce: há resposta?”

Fonte da Imagem: Chico de Minas Xavier

Por: Emílio Da Silva Neto

26/11/2021 - 03:11

Grandes e famosos profissionais nos deixaram tão cedo, entre os quais, os grandes pilotos José Carlos Pace e Ayrton Senna, o promissor jogador de futebol Dener e a cantora fenômeno Marília Mendonça.

As perguntas, sempre envoltas em uma espécie de incompreensão, quase revolta, são, por exemplo: a) por que ele (a) e não outro (a), entre tantos malfeitores que existem em todas a esferas? b) por que ele (a), já assim, ainda em começo de sua caminhada pessoal e profissional? c) por que não outro (a), com futuro que não se afigurava tão brilhante? d) qual o significado/razão/motivo, por parte da sociedade – beneficiada pela existência dele (a), significado e obra – enfrentar esta partida precoce? e) por que, por que, por que?

Ou seja, todas as vezes quando acontecem tragédias que ceifam, precocemente, vidas, para-se para pensar no quanto a vida é passageira. Bem disse Elton John: “velas ao vento, um simples sopro e tudo se apaga de repente”. E o mais trágico nesses casos não é só a falta que farão em seu métier. A lástima maior é o fim do convívio familiar.

Recorrendo a entrevistas com pessoas de alta transcendentalidade e sabedoria (abaixo citadas), este articulista resume, em seguida, o que conseguiu, dentro de suas limitações, captar sobre este assunto (morte precoce), a partir de quatro óticas: católica, luterana, espírita e agnóstica.

A igreja católica vê a morte como algo natural, o fim da vida terrestre, medida pelo tempo aqui passado. Este lembrança da mortalidade serve para recordar que se tem um tempo limitado para realizar a vida. Na realidade, são contingências que levam à antecipação da morte, incluindo o sentido de “missão cumprida”: a pessoa teve sua oportunidade, pôde fazer suas escolhas e sua missão foi interrompida, mas para ela se cumpriu, apesar do sofrimento dos que ficaram, e que querem continuar a “sonhar um sonho que acabou”.

Os que continuam vivos ficam imaginando o que os ‘atropelados’ pela morte precoce ainda alcançariam em sua caminhada terrestre, mas esse é pensamento dos que continuam vivos, não mais da pessoa que partiu…ela morreu!

Por outro lado, não se pode esquecer quantos, saídos do anonimato e chegados, rapidamente, à plena glória profissional e material, decaíram ao longo do tempo subsequente e, depois, desceram à situação de penúria e pena. Nestes casos, com a morte, foram preservados destes momentos de decepção. Quanto a isso, Ele disse, através de Jesus: “o que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois”.

Sob a perspectiva luterana, queremos de Deus respostas às nossas perguntas. A realidade Dele, contudo, é muito maior do que a nossa, ou seja, é impossível uma realidade menor compreender uma realidade maior. Nós, pequenas criaturas, só podemos compreender do Criador aquilo que Ele mesmo revela a nós. Isto pode ser exemplificado da seguinte maneira: um computador que é criado pelo ser humano não pode compreender aquele que o criou.

Ou seja, a nossa pequena realidade não pode abarcar a grande realidade de Deus que, mesmo descortinando caminhos insondáveis e inescrutáveis, tem um propósito para tudo que acontece. Quanto a isso, Paulo – um dos mais influentes teólogos e pregadores do cristianismo – disse: “sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e seguem seus propósitos. “Todas”, sejam alegrias ou tristezas, nascimento ou morte terrena”.

Enfim, como a santidade é reservada a Deus, não aos pecadores, Ele não se mostra totalmente ao ser humano.

A perspectiva do espiritismo tem na reencarnação o seu princípio fundamental. Vidas breves podem significar duas coisas: uma provação para os que ficam (por perderem seres queridos em tenra idade) ou a complementação de uma vida anterior terminada abruptamente (geralmente por suicídio).

No primeiro caso, o espírito que volta e vive pouco, concorda com a missão, pois entende que ajudará os que ficam a refletirem sobre os valores eternos, até gerando, às vezes, ações que beneficiam a muitos (por exemplo, na cura de doenças raras).

No segundo caso, os “guias do retornante” (os anjos de guarda) o trazem de volta para completar o período de vida anteriormente estabelecido.

Ressalte-se, ainda que o espírito de uma criança ou jovem pode ser tão adiantado quanto o de um idoso. Algumas vezes, até o é muito mais, porquanto pode dar-se que muito mais já tenha vivido e somado maior experiência. Outrossim, a curta duração de uma vida pode representar, para o Espírito que a animava, o complemento de existência precedente, interrompida antes do momento em que deveria terminar, e sua morte, também não raro, constitui provação ou expiação para os pais.

Na visão agnóstica, a morte prematura é inexplicável, o é por si só. Dói para quem fica, justamente por conta desta falta de explicação e, qualquer racionalização sobre ela, remete a dogmatismos ou tentativas de justificar o que não se sabe explicar.

Se há algo que a morte prematura pode ensinar para um ateu – e, talvez para os não-ateus, também – é que a vida é um sopro, às vezes mais forte, às vezes menos. E, por mais intensa que seja a dor para quem fica, a morte prematura deveria nos ensinar a educar nossos próximos, em especial nossos próximos pequenos, a viverem uma vida de equilíbrio, de fraternidade e de alegria.

Enfim, a morte precoce deve nos levar a refletir que o mais importante na vida não é compreender tudo, mas dar o melhor de si em prol do outro, ou seja, gastar a vida em prol do próximo, tal como uma vela: enquanto está acessa, dá luz e calor. Ao dar luz e calor ela se consome, se doa…

Agradecimentos especiais:

Padre Beto (Carlos Alberto Rodrigues), Católico
Pastor Rolf Roeder MSc, Luterano
Eng. Francisco Afonso Evangelista Vieira PhD, Espírita
Adv. Raphael Rocha Lopes MbA, Agnóstico

 

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Emílio Da Silva Neto

Dr. Eng., Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor (*) Sócio da ‘3S Consultoria Empresarial Familiar’ (especializada em Processo Decisório Colegiado, Governança, Sucessão, Compartilhamento do Conhecimento e Constituição de Conselhos Consultivos e de Família). Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Curriculum Vitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3
Tese de Doutorado: http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2016/08/Em%C3%ADlio-da-Silva.pdf
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